Cumprindo a programação elaborada para ser postada neste site, durante a Trezena de Santo Antônio, a Pascom traz mais uma entrevista, desta feita com o Pe. Fabrício Timoteo, pregador da celebração desta noite, 4º dia da Trezena de Santo Antônio.
Pascom – Qual a importância de celebrar a memória dos santos e santas?
Pe. Fabrício – Em 1º lugar, o santo é para nós um exemplo, um modelo de obediência, de docilidade ao Espirito, de entrega total ao projeto do Reino de Deus e de amor incondicional a Jesus Cristo. Não apenas, ele é modelo, mas também intercessor, por ter se configurado a Cristo, ter se identificado com Cristo e assimilado os valores e o imperativo ético cristão. Ele é alguém que, numa intimidade profunda, ora por nós, roga a Deus por nós, intercede a Deus por nós e pede a Deus por nós. E como Cristo jamais abandona seus servos, Cristo que é fiel por excelência, não abandona quem está na fidelidade, Cristo, indubitavelmente, sem dúvida alguma, Cristo atende o apelo, atende a intercessão, as preces dos Santos e desses que são servos fiéis, servos obedientes. Então, dois motivos grandes para, no certame da vida, celebrarmos a memória dos santos: o paradigma de vida que eles representam, o modelo de vida que eles representam e também a interseção, a comunhão, o intercâmbio de graças entre o céu e a terra, que acontece pela oração, pelas preces, pela petição destes santos amigos de Jesus.
Pascom – O que há em comum entre Santo Antônio e os santos São José de Anchieta, São João XXII e São João Paulo II, homenageados nesta Trezena?
Pe. Fabrício – Bem, o que há entre os três, primeiro, é o amor infinito, um amor verdadeiro e autêntico a Jesus e a sua Boa Nova. Também há um desejo de que o povo de Deus seja santificado, o povo de Deus seja agraciado pelas bênçãos do céu. Há, igualmente, uma entrega plena à Igreja, tanto João Paulo II, como João XXII, como o Padre José de Anchieta, como Santo Antônio no século XIII, eles demonstram uma entrega, uma doação, uma oblatividade intensa, imensa desse projeto de ser Igreja. De viver a identidade eclesial. Então, eu diria que o amor a Jesus, o amor a Igreja e, acima de tudo, o ideal de que, se eles também foram configurados a Cristo, é porque abandonaram-se a esse projeto e foram dóceis à unção do Espírito. Então, é um caminho também para nós. Se eles chegaram lá, nós também podemos chegar lá a esse mesmo processo de entrega e de abandono ao projeto de Deus.
Pascom - Qual a mensagem principal da sua pregação de hoje?
Pe. Fabrício – Bem, nós tentamos mostrar que Santo Antônio suplicava na Igreja e com a Igreja, com o sentir Igreja que nós precisamos falar a linguagem do Espirito, do Santo Espírito e essa linguagem do Espírito, não é uma linguagem teórica, abstrata apenas, mas é sobremaneira uma linguagem prática. A linguagem do Espirito, ela se concretiza nos frutos do mesmo Espírito. A fé, a esperança, a misericórdia, a solidariedade, a caridade, a caridade! Já dizia São Paulo, em Romanos, capítulo 13, que “a caridade é o pleno cumprimento da Lei de Deus”. Já dizia São João, em sua primeira epístola, capítulo 4, que “quem faz caridade, passa da morte para a vida”. E quando Santo Antônio disse: “falem a linguagem do Espírito”, em outras palavras, cessem as palavras e comecem as obras. Ele tá dizendo, que a linguagem do Espírito Santo, quem se deixa ser pneumatizado, ou seja, agir sob a força do Espírito Santo, inevitavelmente, vai ser mais solidário, mais generoso, mais fraterno, mais caridoso, mais amoroso e vai agir concretamente na vida das pessoas. Então, linguagem do Espírito que Santo Antônio falava é isso, agir concretamente para o beneplácito e para o benefício das pessoas, especialmente, as pessoas que mais precisam.
Pascom – Qual a mensagem que o senhor deixa para os devotos de Santo Antônio?
Pe. Fabrício – Eu acredito que a festa do padroeiro é um grande retiro espiritual. Eu vivo esse retiro na minha Paróquia Nossa Senhora da Conceição, em São Mamede, com muita intensidade. Nos dez dias de festa nós procuramos intensificar o retiro espiritual, a mística, a contemplação, a ruminação da Palavra de Deus, a ruminação dos imperativos que emanam da vida e do exemplo do santo ou da santa e a gente precisa viver isso com muita intensidade aqui na Paróquia Santo Antônio, haja vista, esse homem ser um arauto da paz, um arauto do Evangelho, um arauto do amor, um arauto da esperança, um arauto da Boa Nova, um arauto da Boa Notícia, pregou como ninguém pregou, o "martelo dos hereges", "meu bispo", como o chamava São Francisco de Assis, ele chamava Santo Antônio de meu bispo, esse arauto do Evangelho é um exímio exemplo para todos nós. Então, nós devemos viver com mais intensidade, com mais amor, com mais entrega e sermos mais apaixonados pela pessoa, pela obra, pelo exemplo e pela Palavra propagada por Santo Antônio.