Um dos aspectos da santidade de Antônio, bem mais profundo e interessante que todos os folclóricos eventos associados à sua vida, foi o seu profundo desejo pelo martírio, pela doação total da vida a Nosso Senhor Jesus Cristo. Nascido Fernando em Lisboa, no final do século XII, após receber a Ordenação Sacerdotal entre os agostinianos, ficou profundamente fascinado ao testemunhar a chegada dos corpos dos cinco primeiros mártires franciscanos chegando do Marrocos (país quase totalmente mulçumano localizado no extremo noroeste da África).
Tornou-se franciscano e, desejando ardentemente o martírio, fez de tudo para ingressar nas missões entre os mulçumanos no continente africano. Um naufrágio o fez retornar e o levou à Itália onde se encontrou com São Francisco e passou o resto de sua vida pregando o Evangelho com profunda sabedoria e impressionantes dons. Não foi morto pelos pagãos como desejou, mas sim, aos trinta e seis anos, exausto, esgotado por seu esforço desmedido pela Pregação, pelos pobres, pelo Evangelho.
Dentro de sua Trezena, no dia 03 de junho, a Igreja celebra os primeiros mártires cristãos africanos: São Carlos Lwanga e seus companheiros. Estes foram mortos no final do século XIX, amputados e queimados vivos por ordem de um terrível rei de Uganda. Foram canonizados por Paulo VI durante uma das seções do Concílio Vaticano II em 1964, há exatos 50 anos.
Ainda dentro da Trezena de Santo Antônio, nosso padroeiro, “mártir por desejo”, celebraremos o martírio do Bispo São Bonifácio e do Apóstolo São Barnabé, ambos do século I.
O martírio, esta doação cruenta da própria vida pelo Evangelho, que foi tão importante no autêntico despertar da fé no coração de Santo Antônio, sempre foi considerado uma verdadeira “semente de novos cristãos”, sempre lamentável, contudo. Em outras palavras, os discípulos de Jesus, ao longo da História, quanto mais perseguidos, mais numerosos se tornaram.
Diferentemente do que muitos (que cantam e rezam nas celebrações e dançam nos festejos de junho) imaginam, ainda em nossos dias são inúmeros, mas inúmeros mesmo os mártires cristãos. No início de maio de 2014 alguns homens foram crucificados na Síria onde o cristianismo (10% da população) tem sido fortemente reprimido por grupos radicais islâmicos. O Papa Francisco confessou ter ido às lágrimas ao saber do fato.
Um cristão foi preso, amarrado num poste e ridicularizado pela polícia por não renunciar a fé na República do Laos (sudeste asiático). Dias antes, na mesma província, três alunas de 14 e 15 anos foram proibidas de fazer as provas de final do ano letivo por causa de sua fé cristã. Em 25 de maio, ainda na mesma região, a polícia invadiu um centro de oração, confiscando 53 bíblias sem nenhum motivo oficial.
No final do mesmo mês, homens armados invadiram a Igreja de N. Sra. de Fátima, na periferia de Bangui (capital e maior cidade da República Centro Africana) matando várias pessoas, entre elas um padre. Caso semelhante aconteceu na Nigéria quando nove pessoas foram mortas numa igreja por militantes do Boko Haram
“Pensai que em alguns países, apenas por levar o Evangelho, vais para a prisão. Tu não podes levar uma cruz: fazem-te pagar uma multa” (Francisco)
Mariam Yehya Ibrahim, mulher cristã acusada de apostasia e adultério, está presa e condenada à flagelação e morte no Sudão, um dos países que assinou a Carta Internacional dos Direitos Humanos que garante a liberdade de culto e consciência. Grávida de oito meses no momento da prisão, Mariam, sem assistência alguma, entrou em trabalho de parto e deu à luz uma menina dentro do cárcere.
Dois padres italianos, Gianantonio e Giampaolo, e uma freira canadense, Gilberte Bussier, que foram sequestrados em Camarões no começo do mês de abril, foram libertados no início de Junho. O retorno dos reféns à liberdade foi possível após uma semana de negociações realizadas na Nigéria. Os religiosos foram levados à capital de Camarões, em um voo militar. Um bispo emérito da região relatou que “eles estão com boa saúde, apesar de terem emagrecido bastante, e com bom estado de espírito".
Segundo pesquisas, o extremismo islâmico é o pior perseguidor das Igrejas Cristãs. Foram 2.213 mortes em 2013. A Coréia do Norte é o país mais perigoso.
Pe. Rodrigo Trindade
Com informações dos sites:
www.news.va;
www.osservatoreromano.va
www.radiovaticana.va;
www.zenit.org;
www.reuters.com/br;
www.g1.com.