Eleições 2012

SOBRE A PARTICIPAÇÃO POLÍTICA DOS CATÓLICOSNAS ELEIÇÕES Neste ano realizam-se eleições municipais em todos os municípios brasileiros. Trata-se de uma oportunidade de renovação da vida política administrativa e legislativa local.A importância destas eleições coloca um grande desafio para os cristãos, podendo ter a Igreja Católica grande influência na motivação de uma renovação política que possibilite as transformações necessárias no país. A Igreja Católica não tem partidos ou candidatos, em vista de sua nobre missão, de ser continuadora da missão de Jesus. É vontade dele que todos sejamos unânimes (“Pai, que todos sejam um” – Jo 17,1) na promoção do bem, que é agir de acordo com sua vontade. Daí a exortação de S. Paulo, na sua carta aos hebreus: Que “o grande Pastor das ovelhas, nosso Senhor Jesus, vos torne aptos a todo bem para fazer a sua vontade” (Heb 13,20-21).Justamente com o desejo de viver segundo a vontade do Senhor, adquirimos na Igreja do Brasil uma consciência relativamente forte não só da oportunidade, mas até mesmo da necessidade do engajamento político cristão, decorrente de sua fé.            A experiência nos tem mostrado que o exercício da Política, apesar dos reveses, é carregado de esperança. Pois continuamos a considerar a gestão pública uma “nobre” arte. Continuamos confiando em eleições sempre mais seletivas, e em pessoas sempre mais bem preparadas e bem intencionadas. Assim, o otimismo de Paulo VI frente à política, chega a ser uma expressão de confiança nos homens e mulheres de nosso tempo, quando afirma que A Política pode ser uma das melhores expressões da caridade fraterna.            O voto é uma forma especial de participar diretamente das escolhas políticas. Por meio dele, cada pessoa dá sua própria contribuição à construção do bem comum; portanto, de modo algum é lícito vendê-lo ou trocá-lo por favores pessoais. “Voto não tem preço, tem consequências”. Considere-se, portanto, a importância do voto para a construção de uma realidade justa.            Para assim agir, faz-se necessário observar as propostas que cada candidato e seu partido têm e se são coerentes com o bem comum. Todos têm acompanhado os escândalos de corrupção por alguns políticos, com os desvios de verbas que seriam para a saúde, educação, moradia. Portanto, use seu voto como exercício de sua cidadania, em prol da vida e da democracia.            E católicos atuantes na Igreja podem ser candidatos! É claro que podem, sim. O que não deve acontecer é misturar política partidária com religião. O que não pode é querer e achar que todos os membros de suas pastorais votem neste ou naquele candidato. O que não pode também é querer trazer seu partido para dentro da Igreja, na intenção de colher votos. O voto é livre!A Igreja não faz restrição a participação política do laicato. Reconhecendo a importância desse engajamento, ensinou João Paulo II (Christifedeles laici, 42): “... os fiéis leigos... têm o direito e o dever de participar na política, embora em diversidade e complementaridade de formas, níveis [...].”É louvável a também participação dos leigos engajados em ministérios especiais na comunidade. O católico pode entrar na política para defender os valores cristãos: para defender a vida desde sua concepção até o seu ocaso natural: e ainda, para defender a família, segundo o plano de Deus.Porém, aos candidatos que exercem algum tipo de ministério especial na Igreja, caso, por exemplo, de coordenadores de comunidade, ministros extraordinário da comunhão, pedimos entregar os cargos durante o pleito para evitar conflitos desnecessários. Aqui pensamos na Igreja como ponte de unidade.O católico leigo preparado pode e deve entrar na política não, primeiramente, como meio de ganhar bom salário e privilégios, mas, sobretudo, para fazer da política aquilo que ela é: “arte do bem comum.Encerrado o processo eleitoral, cada um deve fazer uma reflexão sobre o assunto e procurar acompanhar a trajetória dos vencedores com atenção, mas também com a oração. E aqui nos lembramos de S. Paulo quando exortou: “Peço que façam súplicas, orações, intercessões e ação de graças, por todas as pessoas, pelos reis e autoridades em geral, para que levem uma vida calma, tranquila, com toda piedade e dignidade” (1Tm 2,1-2). Petrolina, 19 de julho de 2012-07-20 D. Manoel dos Reis de Farias