“Quem é côxo parte cedo”, já diziam nossos bisavós. Sei bem que não é tempo de desejar-lhes um feliz Ano Novo; afinal, nem novembro terminou ainda. Mesmo assim, aceitem. Desejo-lhes, de coração, que todos tenham um novo ano bem feliz, repleto de prosperidades e paz.
2012 poderá ser um ano diferente. Depois dele as nossas vidas poderão ser diferentes. Tudo dependerá de nós mesmos. Será um ano de eleição e teremos a oportunidade de escolhermos que caminho deveremos seguir. O destino das Nações é o produto das ações e escolhas do seu povo. Os nossos desejos se refletem nas urnas uma vez que num Estado Democrático o povo é soberano para dizer o que pretende.
Aparecerão entre nós muitos lobos travestidos de ovelhas pacíficas. Estejamos atentos. Como os conhecereis? Pelos seus frutos, pelos seus atos, pelas suas ações e palavras. Muitos já estão aí pelas ruas, na Imprensa, ocupando os meios de comunicação os mais diversos, antecipando o tempo da campanha política permitido pela legislação. È bom analisá-los bem para não nos enganarmos.
Estejamos atentos para não elegermos os que querem surrupiar o dinheiro público desviando da merenda escolar para alimentar seus cachorros de raça. Estejamos atentos para não reconduzirmos ao poder, quem de nós mão merece a mínima confiança. Quem já fez um cesto fará um cento. Não elejamos os que teimam em fazer na vida pública o que fazem na privada, como nos aconselhou certa vez o senador gaúcho Pedro Simon.
Desculpem-me. Meu papel aqui não é falar em política. Estou fazendo assim porque estou triste e revoltado. È que eu estava há poucos minutos, com o meu netinho no colo contando uma história para ele adormecer e, de repente, me lembrei daquelas famílias expulsas dos seus miseráveis barracos e do depoimento de uma mãe no qual dizia que, não tendo mais um teto, dormiria hoje, com seus filhinhos sob as estrelas.
Que história estaria ela contando aos seus filhos, nesse momento, senão algo fantasioso para amenizar a violência que eles presenciaram, mas que não têm ainda capacidade de entender? Isso dói. Machuca as almas mais sensíveis. Revolta. Neste Natal não ouvirão quietinhas o Gingle Bells e nem o Noite Feliz. Não haverá o Papai Noel e nem teto. Haverá lagrimas e revolta.
No ano que vem aparecerão os enganadores ensinando-lhes músicas de campanha política, distribuindo favores tão falsos quanto as promessas que farão. Os carros de som estarão circulando com suas cantilenas chatas e aparecerão muitos candidatos prometendo-lhes o que jamais cumprirão.
Seria bom que todos aprendessem a letra da composição de Zeca Pagodinho intitulada Comunidade Carente e que fosse ela o grito de guerra dos oprimidos. Serviria muito bem para afastar para bem longe deles os enganadores do povo:
Eu moro numa comunidade carente
Lá ninguém liga prá gente
Nós vivemos muito mal
Mas esse ano nós estamos reunidos
Se algum candidato atrevido
For fazer promessas vai levar um pau
Vai levar um pau prá deixar de caô
E ser mais solidário
Nós somos carentes, não somos otários
Prá ouvir blá, blá, blá em cada eleição
Nós já preparamos vara de marmelo e arame farpado
cipó-camarão para dar no safado que for pedir voto na jurisdição
É que a galera já não tem mais saco prá aturar pilantra
Estamos com eles até a garganta
aguarde prá ver a nossa reação.
Souza Irmão
Fonte: Patosonline