A música pode ser um excelente remédio para quem possui problemas de ordem física, mental ou emocional. Esse tipo de tratamento, segundo especialistas de diversas áreas de saúde, ajuda a dar um melhor enfrentamento às enfermidades. A musicoterapia é uma atividade que utiliza as canções e todos seus elementos (melodia, ritmo e harmonia) para influenciar de forma positiva a saúde dos participantes.
Experiência desenvolvida no Hospital de Brasília, da Universidade de Brasília (UnB), consegue bons resultados com portadores de Mal de Alzheimer e seus familiares. Uma vez por semana os integrantes do coral cantam canções alegres e que remetam ao passado. “As músicas são especialmente escolhidas. Elas precisam estimular a alegria. Os médicos estão constatando que os participantes conseguem viver bem e mais felizes, mesmo com essa doença, que é muito delicada, pois não tem solução”, afirma Sérgio Kolodziey, regente e criador do grupo.
Ele explica por que a atividade dá certo. “A música tem uma força que estimula a produção de endorfina e ainda transporta à pessoa para o tempo em que ela era mais jovem. Esses fatores associados às emoções do momento e às lembranças do passado ajudam até a controlar o avanço da doença. Temos alguns casos em que o Alzheimer parou de progredir”, afirma Kolodziey, acrescentando que o trabalho já ganhou repercussão fora do País. “Queremos que não apenas essa iniciativa seja reconhecida, mas que o Brasil seja uma referência no tratamento da doença”, comenta.
De acordo com o regente, responsável também pelo Coral dos Cinqüentões da UnB entre outros grupos de cantores da terceira idade, a terapia é indicada para todos nessa faixa etária. “Nessa fase da vida as pessoas estão com seus medos e emoções no limite. Essa é uma terapia que não tem contra-indicação. Não é preciso saber de música ou cantar. A pessoa só precisa levar alegria. Os participantes têm aula de música e em cerca de quatro meses estão afinados”, diz.
Sem limite de idade
A musicoterapia pode ser indicada para vários casos e também para diversas idades. A fonoaudióloga Érika Keuffer, especializada em desenvolvimento infantil e com extensão em musicoterapia, obtém bons resultados com seus pacientes. “Utilizo muito essa terapia com portadores de deficiência, mas já realizei-a com adultos. A intervenção da música nessa área permite trabalhar diretamente com os aspectos cognitivos, de fala e de linguagem, além de estimular aspectos como ritmo, psicomotricidade e entre outros. Ao comparar os resultados que obtinha antes e depois de inserir a musicoterapia na minha atividade terapêutica, percebo uma maior evolução dos pacientes”, explana.
Ela também defende que esse é um tratamento sem restrição e sem efeitos colaterais adversos. “Algumas vezes já utilizei técnicas de musicoterapia para induzir alguns pacientes ao relaxamento, à introspecção e à reflexão”, emenda. Com base em todas as experiências com seus pacientes, Keuffer faz um elogio ao procedimento. “Recomendo a musicoterapia para todas as pessoas de todas as idades. Os benefícios não são exclusivos aos portadores de alguma deficiência ou alteração vocal”, finaliza.