Uma mulher na presidência do Brasil

Ao contrário do que muitos imaginam, Dilma não será a primeira mulher a assumir os rumos políticos do Brasil. Essa honra coube, no passado, a Dona Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon (a Princesa Isabel, para se mais prático), que chegou a governar o Brasil Império por três vezes, na qualidade de herdeira de seu pai, o imperador Dom Pedro II.

Mas, se ela não foi a primeira mulher governante na história brasileira, pelo menos cabe à Dilma o status de primeira mulher eleita presidente (ou presidenta?) do Brasil – privilégio conquistado nas urnas, com o apoio direto de quase 56 milhões de brasileiros e brasileiras espalhados pelos quatro cantos do país (e não apenas do Nordeste, como insistem em afirmar as elites sulistas). Eis um fato histórico marcante, amigos leitores muralistas: as mulheres assumem o governo da oitva economia do mundo (e em breve estaremos na quinta colocação, segundo o Financial Times) pela decisão do próprio povo, e não pelo "direito de sangue" que, no século 19, levou ao poder a rechunchuda Princesa Isabel. Ter uma mulher eleita presidenta (ou presidente?), mais que uma conquista de um partido ou corrente política, é a vitória do gênero feminino. Cantemos loas às mulheres!!

As mulheres representam mais da metade da população brasileira. Aqui em casa, há um empate numérico; mas do ponto de vista “político”, digamos assim, não há dúvida sobre quem manda – elas, é claro! Elas são mais doces, emocionalmente mais fortes, perspicazes e persuasivas (reconheço: não há como resistir àquele olhar de espada da minha esposa – insistir pra quê? Mulheres, o mundo é vosso!!).

Com o aumento de casos de divórcios e separações, cresce a cada ano a experiência de lares comandados exclusivamente por mulheres. Em números absolutos, temos hoje mais de 18,5 milhões de lares brasileiros onde a mulher exerce a função “chefe” de família – elas cuidam sozinhas dos filhos e da casa, trabalham fora e ainda arranjam tempo para estudar. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, seis em cada grupo de dez pessoas que frequentam estabelecimentos de ensino superior no Brasil são mulheres. Mas, apesar do aumento de qualificação intelectual, metade da população feminina economicamente ativa ganha até um salário mínimo, enquanto que esse índice entre os homens é de apenas 32%. Elas ganham menos que eles, inclusive quando exercem funções idênticas.

Felizmente a idéia de que a mulher deve suportar pressões ou discriminações em nome do sucesso pessoal ou da estabilidade familiar já não é mais aceita como normal pela população em geral. As mulhares conquistam cada vez mais espaços no mercado de trabalho, principalmente na gerência de talentos, e tudo isso com folgada competência, vale acrescentar. Vem daí, talvez, o pavor masculino de perder espaços para as mulheres. “Às vezes passava fome ao meu lado e achava bonito não ter o que comer. Quando me via contrariado dizia: ‘Meu filho, o que se há de fazer!’ (...) Amélia não tinha a menor vaidade. Amélia é que era mulher de verdade”

Votei em Dilma Russef para presidente da República e acredito que sua vitória representa uma divisor de águas na História brasileira. Pela primeira vez uma mulher é eleita para o posto máximo da República. Que isso nos ajude a visualizar um horizonte diferente para a população feminina, com mais respeito e acesso real aos canais de decisão. Inclusive na Igreja.

Nicodemos

Fonte: Mural deste site)