
O tempo tem uma significação na vida das pessoas e das instituições, em razão de fatos e acontecimentos presentes em sua história, haja vista o lugar de seu registro na memória psicológica e documental. Com efeito, as pessoas, psicologicamente, guardam em sua memória palavras e fatos que, positiva ou negativamente, fazem parte do mundo de suas vivências. As instituições, por sua vez, de conformidade com a sua natureza, mantêm em seus arquivos a memória documental, como forma de preservação de sua identidade e de afirmação de seu lugar na história. É nessa linha de consideração que está sendo comemorado o Jubileu áureo da Diocese de Patos – PB, cuja vida foi e é escrita pelas pessoas que fazem parte de sua história.
Segundo o Concílio Vaticano II, na Constituição Dogmática Lumen Gentium, a Igreja, teologicamente, é o “Povo de Deus” e a Diocese, conforme o Decreto Christus Dominus, é “a porção do povo de Deus confiada a um Bispo para que a pastoreie em cooperação com o presbitério, de tal modo que, unida a seu Pastor e por ele congregada no Espírito Santo mediante o Evangelho e a Eucaristia, constitua uma Igreja particular, na qual verdadeiramente está e opera a Una Santa Católica e Apostólica Igreja de Cristo.” A eclesiologia conciliar, por conseguinte, deslocou o eixo da concepção jurídico-hierárquica tridentina para a dimensão unitário-comunitária do Povo de Deus. Ao tratar das Igrejas particulares, o Código de Direito Canônico assume a definição do Decreto Christus Dominus (cf. Cân. 369) Portanto, a Diocese, por seu conteúdo teológico e seus aspectos jurídicos, é vista, antes de tudo, como aquela parcela dos fiéis que vivem em seu território, a “porção” daquele universo maior que faz a catolicidade da Igreja. Animada pelo Espírito Santo, formada pela Palavra e alimentada pela Eucaristia, a Diocese tem o bispo como agente essencial de seu ser e o presbitério como parte indispensável da sua ação evangelizadora. O Concílio Vaticano afirma que a “Igreja, constituída e organizada neste mundo como uma sociedade, subsiste na Igreja Católica governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele”. (cf. LG, 21) Por sua vez, nas Igrejas particulares, as Dioceses, “existe a una e única Igreja católica”. (cf. Cân. 368)
A Diocese de Patos, criada pela Bula “Quandoquidem Deus”, do Papa João XXIII, em 17 de janeiro de 1959, é esta “porção do povo de Deus” que está no sertão paraibano. Desmembrada das Dioceses de Cajazeiras e Campina Grande, contando com 30 Paróquias e uma superfície de 10.874,8 km², tem uma população de 352.284 habitantes, segundo dados do IBGE, em 2007. Ao anunciarem o Evangelho, exercitando o munus de ensinar, santificar e governar, que faz parte de sua missão, os Bispos desta Diocese cinquentenária contribuíram para a firmeza da fé dos fiéis, para o desenvolvimento social e para a formação da cidadania. Os diocesanos de Patos - clero, religiosos e leigos -, têm bem presentes as ações de seus pastores, expressões vivas de sua personalidade e de sua prática episcopal, cujas marcas materiais e pastorais são visíveis aos olhos e estão guardadas no recôndito do coração agradecido. Dom Expedito Eduardo de Oliveira (1959-1983) deixa um testemunho edificante por sua austeridade de vida e pobreza evangélica. Dom Gerardo Andrade Ponte (1983-2001), uma “capacidade” no relacionamento pessoal e na comunicação da palavra, é reconhecido por seu profetismo. Dom Manuel Farias dos Reis, desde 2001, fala pela simplicidade e fraternidade, conduzindo seu rebanho, na condição de bom pastor.
Dentre muitas linguagens expressivas da Diocese de Patos, destacam-se, neste Jubileu, a constante preocupação com a formação do seu clero e o zeloso trabalho de evangelização, fortalecido com a rica experiência das Santas Missões Populares.
Dom Genival Saraiva
Palmares - PE
Fonte: CNBB - Regional Nordeste 2