Homilia de Padre Elias na abertura do Novenário de N. S. das Neves

Querido irmão sacerdote, Padre Jerônimo; queridos irmãos e irmãs, missionários e missionárias desta comunidade tão viva; queridos devotos e devotas da Mãe de Deus, aqui conhecida como Nossa Senhora das Neves; bendito e louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo.

Damos glória ao Senhor, por mais uma festa em honra de Nossa Senhora das Neves. Em 1992, quando começamos a trabalhar aqui, nesta comunidade, éramos mais ou menos meia dúzia de pessoas; na primeira festa que realizados nesta comunidade, sequer as paredes da capela haviam sido erguidas. Graças a Deus, a comunidade tem crescido. Isso é motivo de alegria, porque o número daqueles que podem celebrar com consciência o mistério da sua fé aumenta continuamente, nesta comunidade. Também devemos dar glória a Deus porque o número de pastorais é bem maior. Naquele tempo, nem o Apostolado da Oração havia sido criado aqui. Havia um grupo da Legião de Maria, coordenado por Dona Maria das Neves, e o grupo dos Macabeus, coordenado por Seu Tranquilino, com outros três colegas dele. Mas, graças a Deus, há muitas as pastorais hoje. Eu vi, no início, na procissão de entrada, pelo número de estandartes e bandeiras, que a comunidade tem crescido não só em número, é bom que se diga, mas também na qualidade dos seguidores e seguidoras de Jesus. Certamente, a exemplo da Virgem Maria, a Comunidade de N. S. das Neves cresce no seguimento de Jesus Cristo. A comunidade cresce na fraternidade, na comunhão, na união entre vocês mesmos. A comunidade de Nossa Senhora das Neves, no Bivar Olinto, cresce na qualidade da sua fé, da sua esperança e caridade. Por isso, irmãos e irmãs, iniciamos hoje a nossa celebração, dando glória a Deus porque Ele é bom. Ele é bom e misericordioso. Como é a bondade de Deus? Como poderemos conhecer a sua bondade? Deus é pura e infinita bondade. Criou tudo do nada, criou a humanidade para que pudéssemos estabelecer com Ele uma relação de amor; para podermos gloriar dele e Ele se gloriar conosco. Mas, entrando no mundo o pecado, a humanidade se afastou do seu Criador. Deus, porém, é bom e rico em misericórdia, e jamais desistiu de nós. Outrora ele enviou os profetas, para nos chamar de volta para o amor infinito. E nos últimos tempos, há dois mil anos, enviou o próprio Filho, Jesus, para derramar sobre nós o seu amor e também para que pudéssemos viver uma vida feliz na sua glória. Jesus passou por este mundo somente fazendo o bem, arrebanhando-nos para a casa do Pai todo aquele cujo coração estava entristecido, com a vida confusa, o futuro meio embaraçado. Ele disse: Vinde a mim, e eu vos dou a luz, porque Eu sou a luz. Vinda mim todos vós cuja esperança está ofuscada, e eu vos animarei, porque – diz Jesus – eu sou o Bom Pastor. E o Bom Pastor é aquele que indica o caminho, que vai à frente do rebanho, mostrando o horizonte a ser buscado no cotidiano de nossas vidas. Nesta noite, irmãos, Jesus é a Palavra semeada no meio de nós. Ele é a Palavra, o Verbo Divino, a ser por nós acolhido, acreditado, amado e testemunhado. É Jesus a semente do Reino a ser semeada no coração de todos os homens e mulheres, para que encontrem ou reencontrem a sua originalidade. E a originalidade nossa, minha e sua, é Deus. Dele viemos e para Ele voltamos. E o coração do ser humano estará sempre inquieto, enquanto não encontrar o Absoluto, que é Deus. Dizia Santo Agostinho – um jovem inquieto, que fez um bocado de bagunça para o seu tempo – dizia, quando se converteu: “Meu coração vivia inquieto, enquanto não encontrei Deus, enquanto não encontrei a verdade, o absoluto de Deus.” Irmãos e irmãs, a festa de Nossa Senhora das Neves é uma oportunidade para cada um de nós fazer esta experiência, ouvir a Palavra de Deus, colocá-la no coração, abrir a boca para cantar hinos de louvores a Deus, para alegrarmos nosso coração, para nos aproximarmos do altar do Senhor, para recebermos a Sagrada Comunhão, a fim também de alimentar o nosso coração e a nossa esperança. Irmãos e irmãs, não tem coisa mais bela na nossa vida do que nós sabermos, de termos a certeza para onde vamos. Também não tem coisa mais terrível na vida de uma pessoa que não saber para onde se vai. É o mesmo que viver sem esperança, sem motivo para nada. Quantas pessoas encontramos que estão desanimadas, desiludidas, pessimistas, sem ânimo e criatividade. São pessoas que vivem a vida somatizando tormentos, derrotas e inquietações. O Senhor não nos criou para isso. Deus nos criou para sermos felizes e fazermos felizes as outras pessoas. E nós podemos e devemos ser causa de felicidade para os outros. Ninguém é feliz verdadeiramente se não for capaz de ser causa de felicidade para os outros. O Senhor não nos criou para vivermos neste mundo arrastando os pés ou vivermos debaixo dos pés de alguém. Não. Deus nos criou para sermos filhos e filhas Dele e participarmos com Ele da sua glória. E essa glória, dizia Santo Irineu, está presente no ser humano vivo, feliz, no ser humano animado pelo Espírito Santo. Caminhamos todos para casa do Pai. Esse é o horizonte de nossa vida. É o que a Igreja prega para a humanidade, a esperança da vida eterna. O homem deve viver neste mundo como se não fosse deste mundo. Todos nós somos cidadãos do infinito, cidadãos do céu, cidadãos do lugar onde se encontra Jesus, sentado à direita do Pai. Isso nutre, irmãos e irmãs, o nosso viver. Isso dá uma qualidade de vida impressionante a cada um de nós, quando sabemos em quem acreditamos e porquê acreditamos, e o que estamos fazendo neste lugar. Então tudo na nossa vida ganha sentido. Quando sei que caminho para a casa do Pai, tudo aquilo que nesta vida me proporciona passar por essa caminhada, é benéfico. Celebramos isso esta noite. A vida na Igreja é indispensável para que possamos avançar na caminhada para o Pai. Contemplar o testemunho vigoroso e fiel da Virgem Maria, que nessa comunidade é chamada de Nossa Senhora das Neves, me ajuda e me apressa nessa ida em direção ao Pai. Engajar-me nas pastorais, para servir a Deus na minha comunidade, isso também apressa a caminhada para esse horizonte que é Deus. Não nos esqueçamos disso. Poder dispensar um tempo, um momento durante a semana, para o serviço pastoral e solidário, nos torna antes de tudo cidadãos do infinito, como Maria. Ela passou por esse mundo e a sua marca foi o amor. A mãe em cujo coração coube toda a humanidade. Por isso, também ela é digna de louvores, e devemos expressar nossa gratidão neste feliz novenário em sua honra, porque através da Virgem Maria Deus agiu e continua a agir, na minha, na sua vida, muito, muito mesmo. Bendito e louvado Nosso Senhor Jesus Cristo.

(assembléia) - Para sempre seja louvado!