A sociedade contemporânea vive imersa em letras e imagem, as informações circulam em quantidade, velocidade e transitoriedade impressionante.
Diante desse cenário surge a leitura como instrumento imprescindível para uma formação geral e possibilitando o surgimento de cidadãos críticos, autônomos e atuantes. Neste sentido faz-se urgente a necessidade de formarmos alunos leitores e produtores de textos.
A pouca experiência com a leitura isola o homem do contexto social que ele está inserido, faz com que fique alienado das informações, e consequentemente se torne um ser socialmente passivo, pois somente um leitor verdadeiramente competente saberá o que é a verdadeira cidadania, conhecerá de forma transparente seus direitos e deveres, transcendendo assim as barreiras da exclusão social e traduzindo uma visão de mundo, onde ele irá questionar o porquê de tantas injustiças, além de participar ativamente da vida política, econômica e cultural da sociedade.
Diante dessa perspectiva poderia surgir a seguinte indagação: “Como formar leitores competentes?” Para formar leitores competentes e para que a leitura seja uma prática social em suas vidas é necessário que ele tenha um contato efetivo com livros diversos, desde a infância, de forma gradativa. Isso pode ser observado no relato de grandes escritores que afirmam terem ingressado no mundo literário influenciados por obras e autores que marcaram sua infância.
Nesta época de transformações cabe à escola transformar educandos em leitores competentes, pois para muitas crianças é somente no ambiente escolar que elas terão contato efetivo com livros e gêneros diferentes que circulam na sociedade. A escola mais do que nunca precisa ofertar aos estudantes subsídios necessários para que eles consigam buscar, analisar, selecionar, relacionar e organizar informações relevantes do mundo.
No que se refere ao sistema educacional e os objetivos com a leitura, muitos educadores persistem em manter um sentido distorcido do seu significado, acreditando que ler é somente decodificar os sinais gráficos, transfomando-os em sons. Desconhecem também que o ato de ler será um processo completo somente quando o leitor compreender, questionar e transportar para um contexto o que está sendo lido.
Um outro problema que surge no início do processo de ensino de leitura é que alguns professores acreditam de forma errônea que os educandos não trazem nenhuma bagagem de casa, é com se o pequeno ser fosse uma página em branco, para ser escrita. Não compreendem que o primeiro contato da criança com a leitura é justamente quando ela começa a perceber o mundo que a cerca, citando Paulo Freire: “A leitura do mundo precede sempre a leitura da palavra e a leitura desta implica a continuidade da leitura daquela”. Então faz-se necessário a contextualização de cada palavra, decodificada pela criança, e assim a interligação de texto e contexto.
Como já foi salientado anteriormente, as exigências da sociedade contemporânea são crescentes e estão relacionadas a vários aspectos da vida do homem.
O mundo está cada vez menor, vivemos a era da globalização, a troca instantânea de conteúdos e bens, nos mais diversos campos do conhecimento. Nesse sentido a construção do conhecimento se efetivará pelo hábito da leitura. Entretanto, deve-se considerar que o hábito de ler se adquire muito cedo e de forma gradativa. Além disso, a arte de ler deve ser considerada fonte de prazer, e nunca uma atividade obrigatória imposta pelo adulto.
Sob este prisma, a leitura deve ser apresentada à criança de forma lúdica e agradável, pois está inerente no âmago da criança. Ela está constantemente presente nas brincadeiras, nas rodas cantadas, na arte e nos filmes infantis.
A imaginação humana é imprescindível para a construção do conhecimento. E como já foi ressaltado em outras linhas, a infância é uma fase especial de evolução do ser. Deve-se iniciar a apreciação de livros nesse período.
Com essa concepção, a leitura não pode estar associada somente ao livro de literatura, e muito menos ao livro didático, que muitas vezes estão alheios à realidade do aluno, mas também a textos do cotidiano.
Durante esse período, muitas pessoas são envolvidas nessa construção de conhecimento, não apenas a criança em si, mas professores, colegas, pais e toda a estrutura escolar. É uma fase delicada, que requer grande atenção e dedicação de todos.
É importante nessa época de construção a proposta de situações que contribuam para o desenvolvimento do gosto pela leitura.
Desde cedo é preciso estimular a criança a apreciar um mundo fantástico e fascinante através de palavras e desenhos, pois o amor pelos livros não acontece de uma hora para outra. É preciso auxiliar a criança a aprimorar esse amor. Isso se tornará fácil quando ela ainda acredita que tudo é possível; nesse contexto a família passa a ser parte indispensável, pois antes de entrar na escola o futuro leitor só será apresentado a livros se a família o fizer.
Kátia da Silva Ferreira,
São João do Piauí, PI - por correio eletrônico.
Endereço eletrônico: katiaferreira2000@hotmail.com
Fonte: Mundo Jovem