Maio e Pentecostes - Dom Orani João Tempesta

 

    O final do mês de maio, com tantas celebrações tradicionais e marianas nos traz o encerramento da Semana de Orações pela Unidade dos Cristãos e a grande Solenidade de Pentecostes. Que aquela que soube dizer “sim” ao chamado de Deus e viu em sua vida a ação do Espírito Santo fazer nascer o Filho de Deus nos ajude com seu exemplo a buscarmos a Unidade.

Pentecostes comunica ao nosso coração o ânimo novo para a missão, trazendo à nossa memória a mesma alegria dos apóstolos ao saírem do Cenáculo plenos do Espírito Santo, com coragem e ardor para serem testemunhas do Cristo Ressuscitado. Traz também a certeza da ação desse mesmo Espírito na caminhada da Igreja, dando possibilidade de vivermos em unidade em meio a tantas diversidades. Pentecostes é o contrário de Babel, pois da confusão das línguas o anúncio do Evangelho tornou-se possível para que todos compreendessem a grande notícia. É pela ação do Espírito Santo que temos a certeza de que as transformações profundas podem ocorrer em nossas vidas e também na face da terra. E é esse mesmo Espírito que, dando vida para todos, nos faz felizes e animados mesmo diante das dificuldades e problemas de cada dia.

O cristão é a pessoa da esperança, porque está alicerçado na certeza da ressurreição de Jesus e é iluminado pela ação do Espírito Santo.
Acredito que a palavra do apóstolo deste domingo – “há diversidade de ministérios, atividades, dons, mas o Espírito é o mesmo, como o corpo é um, embora tenha muitos membros” – pode marcar a nossa existência e caminhada.

Um dos mais belos e comoventes sinais que a Igreja pode dar ao mundo é justamente esse: o da Unidade! E não é à toa que no Brasil esta semana que antecede a Solenidade de Pentecostes foi também escolhida como a Semana de Orações pela Unidade dos Cristãos.
Temos a busca e a necessidade de vivermos unidos enquanto cristãos! E isso é ainda mais sentido em nossa caminhada como Igreja, ou seja, no interior da Igreja somos chamados a viver na unidade em meio à diversidade.

São muitos os carismas, dons e serviços que hoje existem na Igreja, mas se não formos unidos acabamos perdendo a potência em sermos sinais do Cristo. As divisões e críticas entre nós demonstram a dificuldade dessa vivência de comunhão, de aceitação das pessoas entre si, do acolhimento da diversidade.

O grande desafio é o saber viver nessa comunhão com o coração desarmado e abrindo-nos à alegria de podermos conviver uns com os outros como irmãos que se amam e se aceitam no Senhor. Tenho visto belíssimos exemplos de pessoas felizes que assim vivem, trazendo em seus corações apenas a paz e a fraternidade. A construção de um mundo novo passa por pessoas que fazem essa experiência e a vivem com generosidade. Descobriram que é possível a convivência entre os diferentes e que, longe de ser problema, isso é um grande enriquecimento da vida e de nossas práticas.

Não é fácil e nem simples viver assim! As nossas tendências são justamente ao contrário de tudo isso: queremos nos vingar, retribuir o mal com o mal, aproveitar para levar vantagem em tudo. Eis os desafios de nosso problemático tempo – como levar adiante esse trabalho e ajudar para que no interior de nossas comunidades vivam todos na alegria e na paz.

Não somos ingênuos diante de um mundo competitivo que nos faz a cada instante disputar um lugar ao sol, mas sabemos que com corações novos poderemos ver brilhar a alegria de vidas novas compartilhando momentos difíceis sem nos acusarmos uns aos outros, e alegrias enormes sem egoísmo e compartilhando belos momentos.

Em Pentecostes, a ganância e o egoísmo humano, representados por Babel quando ninguém se entende, foram vencidos pela unidade e entendimento para que a humanidade unida e fraterna dê testemunho do Senhor! Que se renove Pentecostes nos corações, nas famílias, nas comunidades e em nosso mundo!