Novas Tecnologias, Novas Relações - Dom Pedro José Conti
24/05/2009 - 00:00
No domingo da Ascensão do Senhor celebramos, todos os anos, também o Dia Mundial das Comunicações Sociais. Ainda hoje olhamos para o céu como os apóstolos, contudo não o fazemos mais porque estamos parados aguardando Aquele que um dia voltará. Ao contrário, sabemos que devemos voltar para a cidade, porém somos quase obrigados a imaginar os espaços celestes porque as novas tecnologias da comunicação abriram para a humanidade possibilidades antes impensáveis. Os “confins da terra” aos quais Jesus enviou os seus discípulos hoje são alcançados com extrema facilidade pelos meios de comunicação. Entendemos que quem controla esses meios tem um poder imenso, mas também é possível usá-los para o bem e a paz.
A mensagem do papa Bento XVI para este dia tem como tema: “Novas tecnologias, novas relações. Promover uma cultura de respeito, de diálogo, de amizade”. De maneira especial o papa quer falar aos jovens porque, entre os católicos, são eles que navegam com mais familiaridade pelo cyber-espaço e por isso os exorta a aproveitar desses novos caminhos para comunicar a “boa nova” de Jesus aos amigos que encontram nas aventuras on-line.
O papa lembra que a necessidade de comunicar é própria da natureza humana. Todos sentimos o desejo profundo de encontrar amigos. O grande projeto de Deus é fazer da humanidade uma grande família, onde todos se respeitem, saibam dialogar e experimentem uma verdadeira amizade. Nesse sentido o papa nos alerta a cultivar essas virtudes. Em razão do respeito à dignidade e ao valor da pessoa, devem ser excluídas imagens e palavras degradantes para o ser humano. Elas alimentam o ódio e a intolerância, envilecem a beleza e a intimidade da sexualidade humana, exploram os débeis e os inermes.
O diálogo entre pessoas de diferentes países, culturas e religiões é atraente e positivo, porque permite conhecer valores e tradições alheias. A escuta, porém, deve ser atenciosa e respeitosa. O diálogo deve estar radicado numa busca sincera e recíproca da verdade para promover a compreensão e a tolerância. A busca da verdade, do bem e do belo deve conduzir à felicidade e à alegria. Caso contrário torna-se consumo indiscriminado de novidades, onde a experiência subjetiva sobrepõe-se à própria verdade.
Enfim a amizade. Essa é uma das melhores e maiores experiências enriquecedoras do ser humano. Os amigos devem sustentar-se e encorajar-se reciprocamente, desenvolvendo assim os seus dons e talentos para colocá-los a serviço da comunidade humana. Contudo uma amizade virtual entre internautas pode tornar-se obsessiva ao ponto de prejudicar a família, os vizinhos e as pessoas que encontramos todos os dias. Nesse caso isola a pessoa e interrompe as relações sociais reais.
As redes de comunicação podem facilitar formas de cooperação entre os povos, aumentando a consciência da solidariedade e da co-responsabilidade pelo bem de todos. Devem alcançar também os economicamente e socialmente marginalizados, oferecendo-lhes a possibilidade de uma verdadeira socialização humana.
As últimas palavras do papa, porém, são dirigidas aos jovens católicos, para que saibam aproveitar desses novos instrumentos tecnológicos para a evangelização do novo “continente digital”. Bento XVI exorta os jovens a assumir com entusiasmo o anúncio do Evangelho aos seus coetâneo, porque eles conhecem mais do que os adultos os medos e as esperanças, os entusiasmos e as desilusões dos seus colegas. Devem partilhar com entusiasmo a resposta que a fé pode dar às expectativas de cada coração humano. Os jovens devem ser arautos de “um mundo onde reine o amor, onde os dons sejam compartilhados, onde se construa a unidade, onde a liberdade encontre o seu significado na verdade e a identidade de cada um se realize numa respeitosa comunhão”.
Que bom que o papa fale aos jovens e os exorte a usar bem das novas tecnologias da comunicação. Eis uma nova missão da Igreja, e os jovens podem ser os desbravadores desse “novo mundo” digital.