Na organização social a política, como arte de governar bem em vista do bem comum, passa a ser um instrumento fundamental, pois ela compreende estratégias, meios, caminhos, para ser efetivamente uma arte e não uma artimanha beneficiando a alguns em detrimento da maioria. Neste contexto quero partilhar com vocês uma reflexão de um político, comunicador, escritor, professor, Gabriel Chalita. Na última eleição foi o vereador mais votado da capital Paulista. Em seu livro “Os dez mandamentos da ética”, em sua quinta edição, faz uma reflexão interessante, principalmente vinda de um homem engajado na política:
“A lei, ao garantir a eqüidade, faz com que o exercício do poder seja um serviço e não uma ostentação para perpetuar privilégios nefastos de quem não tem consciência da importância social dos cargos que exerce. O poder é efêmero. As pessoas que ocupam uma função pública não a ocuparão para sempre, e estarão apenas de passagem. Essa consciência é imprescindível. A coisa pública precisa ser respeitada para que a ética prevaleça. E esse é um exercício constante. Quando o administrador público transgride os valores e se distancia da ética, ele vai se acostumando com a situação e acaba incorrendo num perigo para si mesmo e para a comunidade que representa. A análise da história política no mundo nos faz vislumbrar exemplos de governantes que se distanciaram da ética por se sentirem acima das leis, do Estado.
Governantes que não entenderam o mister de servir ao povo, de servir ao sonho de construir uma sociedade cada vez mais harmoniosa. E o vício do mau exercício do múnus público faz com que a essência da pessoa que governa se desfigure. Já não se sente um homem, mas um semideus capaz de fazer o que quer, de tratar o outro com arrogância, de se sentir eternamente num patamar superior. Tola visão de medíocres governantes que perdem a grande oportunidade de vivenciar a felicidade na arte de fazer uma política que seja afetiva e libertadora. Perdem a oportunidade de entender que o serviço é uma oferenda à magia do encontro humano na busca pela verdadeira paz. Não aquela que se firma pela ausência de guerra, mas aquela que se firma por uma elevação da pessoa humana que começa a entender melhor esse fascinante exercício da vida.
Em campanhas políticas, em todos os cantos e recantos, percebe-se o olhar vibrante daqueles que almejam o cargo eletivo. Cumprimentam, sorriem, envolvem, prometem, emocionam. Captam o universo interno dos atentos eleitores que mais uma vez apostam na utopia. Tudo não passa de momentos que se destroem, logo depois da vitória alcançada. O sonho se desfaz mais uma vez. E por quê? Mentem esses políticos ou não encontram em si mesmos a defesa dos interesses públicos? De uma ou de outra forma, o auditório mais consciente e educado será menos enganado e poderá escolher, com mais critérios, aquele que poderá conduzir o pacto social. Evidentemente não se pode generalizar.
A história sempre presenciou políticos heróicos, abnegados, que empunharam sua vida a serviço da ética e que entenderam que, muito mais importante do que os aplausos momentâneos ou o dinheiro corrompido, é o tempo capaz de notabilizar quem soube perceber o que é a felicidade na política."
Fonte: CNBB