“Moço: toda saudade é uma espécie de velhice”
(Guimarães Rosa)
O que dizer de quem sente saudade de algo que não viveu? Pois bem, há muitos assim. Quando eu era jovem (e foi ontem) eu sentia uma saudade danada dos tempos da Ditadura Militar no Brasil.
- Vôte! Endoidou!! Só pode dizer isso quem realmente não viveu os trágicos anos de chumbo.
- É verdade, não vivi! Mas sinto uma inveja enorme quando escuto os que estiveram nas fileiras da resistência. Eram jovens inebriados por não sei o quê. Viviam cada dia com a intensidade de um último. Mesmo diante da incerteza de um futuro, havia ao menos a evidência do inimigo a ser combatido. Ele estava alí, bem na frente, aos olhos de todos.
E agora, nos bons e exaltados tempos da democracia, o que vemos? Apatia! Em todos os cantos e campos. Caíram as utopias, golpeadas pelo argumento populista de serem necessariamente irreais. As ideologias deixaram de ser um conjunto de idéias que identifica um ser social, para tornar-se um amontoado de idéias alienantes e dementes.
Resistem bravamente alguns heróis de bandeira em punho e chavões ensaiados. Minha solidariedade inerte e desmotivada aos bravos protestantes. Protestam contra o que mesmo?
- Globalização, capitalismo, neoliberalismo, multinacionais, aquecimento global.
- Viva os pneus queimados nos protestos! É verdade, eles aquecem os ânimos e o globo. De quebra!
É preciso se dar conta de que o inimigo evoluiu, e muito, ele tornou-se invisível!
Como atacá-lo? Onde está?
Aí vai uma dica:
Ataquemos a nós mesmos!!!
Juro!
Sinézio Melhorança