Conhece-te a ti mesmo para Curar-te a ti mesmo

Conhece-te a ti mesmo para Curar-te a ti mesmo.
                                         Por Francisco almeida

          O sujeito cindido, inevitavelmente, convive com constantes tensões que brotam do anseio/desejo por aquilo que ainda se faz inatingível. Angústia pra Jaques Lacan, desespero para Sören Kierkegaard. Desespero que se traduz em busca do âmago do eu, exercício conflituoso que gera na pessoa reações e comportamentos diversos.  Auscultar o interior é sempre uma tarefa árdua, porém, fundamental. Conhece-te a ti mesmo brada o grande filósofo Sócrates. Conflitos existenciais, presentes em todos nós, agravam-se cada vez mais pelo fato de vivermos fragmentados em diversas realidades. A primeira delas é a que estabelece quem realmente somos, esta é de conhecimento quase exclusivamente nosso; a realidade que nos esforçamos para mostrarmos aos outros, nela há sempre (mais ou menos) diversas características que são falseadas; uma outra é que busca adequar-se às situações particulares do cotidiano da vida. Em resumo, vivemos um conflito entre o que realmente somos; o que gostaríamos de ser; e o que as pessoas pensam que somos.
           Quanto mais descuidamos desse nosso interior mais a fenda que o divide aumenta levando-o a uma situação muitas vezes insuportável. Uma atitude imprudente, desequilibrada e absolutamente equivocada leva muitas pessoas a busca ver o interior dos outros, descuidando-se do seu. Isso se expressa no gosto que muitos têm por bisbilhotar, vigiar, interpretar e julgar a vida das demais pessoas, na maioria das vezes sobre a descabida desculpa de que estão querendo ajudar. Muitas pessoas escandalizam-se com os erros dos outros, quando  sabem que, no seu íntimo, existem pulsões muito mais descontroladas. Hipocrisia!