Almas Vagueiras II

[Escancarada] a vida segue a incomodar os partidários da morte.
Aos montes, insistem em negar as pulsões vitais que movem o mundo e denunciam a beleza mais concreta que, estranhamente, é a que mais assusta.
Velhos agouros de velhas almas que, insensíveis e inertes, insistem em gritar dos outros aquilo que só pra si serve.
Na pobreza de seus argumentos apelam pra Deus.
Põem Nele as causas mais impróprias e contraditórias, quiçá pra fazer jus a suas falsas crenças que se despedaçam com a mais leve brisa.
Peregrinos de uma frustração existencial que oprime o corpo e ofusca a alma.
Espantalhos envoltos em panos floridos e maquiados pelas frontes claras dos beatos e santos que enfeitam banquetas, de onde brotam as lamúrias de quem não vive, mas pena.
Os fedores inodoros conduzem ao cerne do que os move. Pobres seres!
Abutres os espreitam famintos.
Infernos, suas obras preferidas, os esperam.
Ouvem o gemido ofegante de almas em chamas. Pedem clemência.
Clemência não há. Não a criaram. Só culpas e penas – terríveis penas!