Em tempos de forte concorrência no mercado da fé, vale tudo para se ter "unzinho" a mais. Ataques e contra-ataques têm feito parte da relação entre as diversas igrejas cristãs que foram se multiplicando, vertiginosamente, sobretudo, após o advento do pentecostalismo protestante, no início do século XX. Mais que a proposta de Cristo, o que vemos e ouvimos nos programas religiosos são discursos de condenação a outras igrejas e religiões e, ao mesmo tempo, a ostentação e defesa da própria legitimidade e superioridade cristã sobre as demais.
Um dos resultados imediatos dessa querela interminável é a relativização e o descrédito do cristianismo. Quem tem bom senso e instrução, muito provavelmente não vai perder o seu tempo dando ouvidos a essas agressões recíprocas. Das duas uma, ou vai procurar uma religião não cristã, ou torna-se ateu, agnóstico ou indiferente. As pesquisas apontam para um forte crescimento das últimas opções.
Onde ficam a mensagem e a proposta diferencial do cristianismo? A mensagem de Jesus terá perdido o seu encanto? Tais perguntas devem nos levar a uma profunda avaliação da prática e da pregação cristã. Não é possível que se perca tempo tentando explicar ao mundo que os sapatos do sumo pontífice não são produzidos pela grife italiana Prada; que ele não veste a moda, mas Cristo; que a sua eleição como um dos homens mais bem vestidos do mundo é uma futilidade midiática.
Em que tem sido transformado o cristianismo!? Em meio ao desafio de ser sal e luz para o mundo, parece encontrar-se obnubilado pelos mesmos males que afligem a sociedade do nosso tempo. Coragem para purificar a prática cristã e retomar o caminho de Jesus de Nazaré é o desafio que urge. A mesma coragem que levou tantos homens e mulheres ao centro das arenas romanas para com o próprio sangue fecundar o chão e fazer dele brotar a esperança de uma nova humanidade.