O desafio é grande.

         Fala-se muito na importância da estratégia para o sucesso de qualquer empreendimento. Até mesmo a Igreja Católica tem dado uma grande importância ao Marketing Católico - expressão que me causa repugnância. Propaganda feita com alta tecnologia para tentar apresentar Jesus e a sua Palavra como um produto de boa qualidade. Exemplo claro do sucesso do marketing católico é a venda da cruz da Terra Santa na qual se encontra (dizem os vendedores) terra de Jerusalém e água do Rio Jordão. A ênfase é dada no fato de a água da cruz ter sido a mesma que batizou Jesus - eu imagino o que diria Heráclito de Éfeso ao ouvir isso. Grupos e movimentos católicos têm faturado alto com pacotes turísticos aos mais belos cenários cristãos da Europa e de Israel, os guias são padres que ganham a viagem e a estada sob o pretexto de serem os diretores espirituais dos turistas.
       Pois é, pouco por vez a experiência cristã vai sendo transformada nesse engodo maquiado e bem vendido que mareja os olhos, arrepia os pêlos, e dá uma maravilhosa e falsa sensação de paz. Enquanto isso, encontramos nos bastidores, católicos estraçalhados e carregando um vazio existencial monstruoso. 
        Jesus é uma proposta concreta de Deus para a humanidade, é uma experiência real de valores e atitudes norteadoras da vida humana.  O nosso maior pecado é transformá-lo num conteúdo dogmático e doutrinal esvaziando assim o seu caráter dinâmico e existencial. Impõe-se Jesus como uma tradição, uma norma, uma lei.
        Uma visita aos Evangelhos nos ajuda a perceber que o cristianismo, como proposta, tem repetido os mesmos erros do judaísmo, erros que foram evidenciados e combatidos por Jesus. É por isso que, sem medo nenhum, eu afirmo que, por vezes, somos mais judeus que cristãos.