Papa reitera a importância da ética nas relações econômicas

Na Audiência Geral realizada em 10.02.2010, no Vaticano, Bento XVI reiterou que "a economia tem necessidade da ética", ao mesmo tempo em que recordou as milhares de pessoas afetadas pela crise econômica e suas consequências.

O pontífice retomou, assim, a reflexão sobre sua última encíclica – a Caritas in Veritate, de 2009 – dedicada principalmente à crise econômica mundial.

Na Caritas in Veritate, além de afirmar que é necessária "uma ética amiga da pessoa" para o correto funcionamento da economia, Bento XVI também fala sobre o "grande desafio" da era da globalização, e sobre a necessidade de agir com transparência, honestidade, responsabilidade e ética.

O papa dedicou sua reflexão desta quarta-feira à figura de Santo Antônio de Lisboa – ou como também era conhecido - Santo Antônio de Pádua, um dos santos mais populares da Igreja Católica, nascido em Lisboa, em 1195, e falecido em Pádua, na Itália, em 1231.

"Ele conhece bem os defeitos da natureza humana - disse o papa - a nossa tendência a cair no pecado e, por isso, estimula continuamente a combater nossa inclinação à avidez, ao orgulho e è impunidade, e a praticar as virtudes da pobreza e da generosidade, da humildade e da obediência, da castidade e da pureza. Nos primórdios do século XIII, no contexto do renascimento das cidades e do incremento do comércio, aumentava o número de pessoas insensíveis às necessidades dos pobres."

Por esse motivo – explicou o pontífice – Antonio reiterava seu convite aos fieis, para que pensassem na verdadeira riqueza, na riqueza do coração. Aquela riqueza que, fazendo com que nos tornemos bons e misericordiosos, nos faz acumular tesouros no Céu.

"Ó, ricos – exortava Santo Antônio – façam amigos... acolham os pobres em suas casas, pois serão estes últimos que lhes darão acolhida, na morada eterna - enfatizou o Santo Padre - onde existe a beleza da paz, a confiança da segurança, e a opulenta tranquilidade da eterna saciedade".

Não é este, caros amigos – perguntou Bento XVI – um ensinamento muito importante mesmo nos dias de hoje, quando a crise financeira e os graves desequilíbrios econômicos empobrecem não poucas pessoas e criam condições de miséria?

"Antônio sempre colocava Cristo no centro de sua vida, de seu pensamento e de sua pregação", e "nos convida a contemplar os mistérios da humanidade do Senhor" – acrescentou o pontífice, ressaltando também, aos fieis e não-fieis, a imagem do Crucifixo, que pode dar à vida de todos e de cada um "um significado enriquecedor".

Dirigindo-se aos sacerdotes, no contexto do Ano Sacerdotal em andamento, Bento XVI exortou-os a "atualizarem" suas homilias aos fieis, esclarecendo que o sermão é "como uma relação de amor com o Senhor", que "precisa de uma atmosfera de silêncio, o que não significa apenas a ausência de ruídos, mas sim uma experiência interior que afasta as distrações do mundo".

* Fonte: Rádio Vaticano