Catequese-Liturgia: duas faces do mesmo Mistério

“Aquilo que não é celebrado não pode ser apreendido em sua profundidade e em seu significado para a vida. A catequese leva em conta essa expressão de fé pelo rito para desenvolver também uma verdadeira educação para a ritualidade e o simbolismo.” (DNC 116)

 
Catequese-Liturgia é uma das reflexões do quarto capítulo do Diretório Nacional de Catequese que trata da mensagem e conteúdo. Para facilitar e contribuir com a dinamização deste conteúdo tão profundo e rico para a formação dos/as catequistas, foi elaborado o terceiro caderno da coleção: “`Catequese à luz do Diretório Nacional de Catequese”, subsídio, que logo mais será publicado pelas edições CNBB.

A “liturgia é fonte inesgotável da catequese” e “lugar privilegiado da educação da fé”, porque reúne e integra à centralidade do mistério pascal a vida na sua amplitude, na qual a experiência pascal é vivida no cotidiano de uma forma humano-divina.

Há, portanto, uma sintonia entre a fé, a celebração e a vida. O mistério de Cristo anunciado na catequese, isto é, o saber catequético, é assimilado e saboreado, através da ritualidade, do simbolismo, do ritmo que a liturgia imprime pelo seu caráter mistagógico. Portanto, o Saber, é capaz de oferecer os elementos necessários para a compreensão daquilo que celebramos e dar-lhes sentido e significado. Infelizmente, ainda, o Saber prevalece. Há muita preocupação com a transmissão de conteúdo e não se enfatiza a dimensão celebrativo-litúrgica que corresponde ao Sabor.  A liturgia tem mais a ver com Sabor, quanto menos explicações e comentários, melhor,  pois o canal de comunicação é a linguagem simbólica, ritual, sonora, gestual. É a experiência do mergulho da inteireza do ser no mistério celebrado.

Ainda há muito que caminhar  em vista da unidade entre catequese, como educação da fé, e liturgia, como celebração da fé: duas faces de uma mesma realidade, ambas importantes e que expressam a identidade do ser cristão, porque possibilitam a experiência com a Pessoa de Jesus Cristo. Ambas, catequese e liturgia, integram os elementos essenciais da Iniciação Cristã: a experiência com a Palavra, com os sacramentos e com a comunidade, o que confere à catequese um caráter iniciático e mistagógico.

O Documento de Aparecida n° 12 diz que “não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande idéia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva”.  Isso vem confirmar a necessidade de uma catequese mistagógica,  que introduz para dentro do mistério e com isso a exigência de catequista-mistagogo, capaz de iniciar as pessoas num itinerário  de educação da fé marcado pela experiência,  pela conversão e adesão a Jesus Cristo. Itinerário que tem a sua culminância com a celebração dos sacramentos, porém como finalidade a configuração da  identidade cristã, a formação de discípulos missionários.

O subsídio, que será publicado, contribuirá para que haja uma maior compreensão da catequese-liturgia, e seja enfrentado o desafio de iniciar crianças, adolescentes, jovens e adultos neste itinerário que leva à experiência profunda, madura, consciente e responsável com Cristo: Para que a fé conhecida se torne vida e a vida se torne a plena expressão do mistério celebrado. Nesta busca somos todos discípulos. A catequese é caminho para o discipulado e o Mestre permanece conosco, de uma forma discreta, mas real. Isso nos enche de esperança e nos faz viver alegria de ser discípulo/a.

 
* Artigo escrito por Ir. Zélia Maria Batista, Assessora da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética