PASCOM – Qual a importância de uma assembléia regional como esta?
DOM JOSÉ GONZÁLES ALONSO – A assembléia deve fazer parte da caminhada de todo movimento, serviço ou pastoral da Igreja. Nós, da Pastoral Familiar, realizamos encontros periódicos para planejamento de nossas atividades. São duas assembléias anuais. Uma no início, geralmente em março, e outra no final do ano. O objetivo é traçar e executar caminhos, avaliá-los e preparar os passos para o ano seguinte. Na Assembléia que acabamos de celebrar em Patos, além da questão informativa e formativa, tivemos também a dimensão eletiva, pois escolhemos a nova coordenação da Pastoral Familiar no Regional Nordeste II.
PASCOM – O novo casal coordenador regional?
DOM JOSÉ GONZÁLES ALONSO – Isso mesmo. Foram escolhidos José Henrique Calado e Márcia de Macedo Calado, da Arquidiocese de Olinda e Recife, para a Coordenação Regional, que abrange vários Estados do Nordeste. Além disso, aproveitei a ocasião para repassar um pouco dos conteúdos que foram tratados no Congresso Nacional da Pastoral Familiar celebrado no Rio de Janeiro, em setembro deste ano, e também para focalizar um dos três “setores” da Pastoral Familiar, que é a preparação para o casamento.
PASCOM - Que é justamente o tema desta Assembléia...
DOM JOSÉ GONZÁLES ALONSO - Exato. A Assembléia buscou tratar dos desafios do Setor Pré-Matrimonial, que é, segundo penso, um ponto que precisa ser mais bem explorado. O Congresso celebrado no Rio discutiu justamente o que se está fazendo e o que se pode melhorar e oferecer às paróquias e dioceses, tanto em relação à preparação remota – aos jovens e aos noivos – como em relação à preparação próxima ao casamento. Falei um pouco sobre isso nesta assembléia.
PASCOM – A defesa da vida foi um tema bastante discutido pela Igreja neste ano de 2008. O assunto foi abordado na Assembléia da Pastoral Familiar?
DOM JOSÉ GONZÁLES ALONSO – Não diretamente. Mas acredito que o compromisso da família com a defesa e a promoção da vida é um ponto que tem alcance geral. Família responsável é família comprometida com a vida. Nesta assembléia, partilhei um pouco com o grupo alguns comunicados do Congresso que aconteceu semana passada, em Itaici, São Paulo, que teve como objeto de discussão a pessoa, a cultura da vida e a cultura da morte. Este Congresso tratou especificamente de tudo o que se refere à vida e em particular sobre a bioética e as biotecnologias que, de um modo ou de outro, afetam a vida. Não apenas a vida em sua dimensão natural (concepção, crescimento, desenvolvimento e morte), mas, sobretudo, a problemática do aborto e da eutanásia. Creio que os informes que apresentamos serviram para animar o debate entre os participantes da assembléia.
PASCOM - A família continua sendo um celeiro de vocações?
DOM JOSÉ GONZÁLES ALONSO - Sem dúvida. Esta foi uma das grandes intuições que João Paulo II teve em seu pontificado. A família será sempre berço e celeiro para os diferentes estados de vida e as diferentes profissões, incluindo a vocação sacerdotal e religiosa. As diversas vocações nascem ou são maturadas em sua maioria no seio familiar. Apesar dos desafios do mundo globalizado, acredito que não faltam vocações. Estas continuam sendo bem cultivadas, na medida do possível. Mesmo com o aumento no número de divórcios e o aparecimento de novas realidades, é grande o contingente de famílias que têm buscado na participação em comunidades de vida e aliança um novo alento espiritual. Isso é muito bom. Todos se beneficiam com isso. Não acho que se deva olhar para os aspectos negativos apenas, como muitos fazem, há muita coisa bonita acontecendo no seio da família.
PASCOM – A Pastoral Familiar na nossa paróquia tem desenvolvido um trabalho pioneiro no acolhimento e aconselhamento dos casais que vivem em segundas núpcias ou segunda união. O senhor tem acompanhado esse trabalho?
DOM JOSÉ GONZÁLES ALONSO – Excelente colocação. Mas cabe aqui um esclarecimento. Quando se fala em Pastoral Familiar, há um setor – como já dito, dos Casos Especiais - que trata dos casais em segunda união. Não somente a nível nacional, mas também a nível de Igreja, inclusive na Exortação Familiares Consortis, há normas bem claras a esse respeito. O que as pessoas precisam entender é que, mesmo em segunda união, a família continua sendo igreja. Os papas falam muito claramente sobre isso: se uma família procura viver os valores cristãos e evangélicos de modo honesto e maduro, o vínculo de comunhão espiritual com a Igreja de Cristo continua. Há uma situação especial, em que os esposos não podem receber o sacramento da Eucaristia, mas isso não significa exclusão. Por sua peculiar situação, esses casais sofrem algum tipo de limitação no modo como participam dos sacramentos da Igreja. Não é punição, que isto fique bem claro. Deriva do fato de que a comunhão sacramental tem suas exigências. Os casais continuam com o caminho aberto para a participação pastoral, sobretudo no campo da justiça e da promoção da caridade, que é o grande mandamento de Cristo. Respondendo a sua pergunta, sim, tenho acompanhado o que acontece em Patos nessa área. Nossa Diocese de Cajazeiras encaminhou dois casais de segunda união para participarem desta Assembléia e colherem informações que servirão para implantar esse belíssimo exemplo nas paróquias de lá.
PASCOM – Qual a mensagem do senhor para os nossos internautas neste final de ano?
DOM JOSÉ GONZÁLES ALONSO - Aproveitando o Natal que se aproxima, e, sobretudo, hoje, que é o Primeiro Domingo do Tempo do Advento, aconselho as pessoas a cultivarem a esperança. Uma esperança alegre, confiante e vigilante. E que Cristo nos ensine a fortalecer os laços de afeto e respeito nas famílias, de modo que o mundo possa encontrar nos esposos, nos filhos, na família enfim, o manancial de fé e segurança que a sociedade precisa. Um abraço fraternal a todos os irmãos queridos desta cidade e a vocês da Pastoral da Comunicação.