Bispo brasileiro defende a Amazônia

O vice-presidente da Comissao Episcopal para a Amazônia, dom Antônio Possamai, fez um veemente discurso em defesa da Amazônia na abertura do V Forum de Informação Católica para a Salvaguarda da Criação, no último dia 20 de junho (sexta-feira), em Pistoia (Itália), a convite da Associação Cultural Greenaccord, organizadora do evento. “Ao relembrar a história da Amazônia e ao tomarmos conhecimento de seus povos e de seus valores, fica claro que, nesta região, desde a ocupação portuguesa e espanhola, estã se travando um confronto de culturas, de modelos de vida e de projetos de desenvolvimento. E na base sempre esteve o tema da exploração em total desrespeito ao povo amazônida”, disse dom Possamai.

     Diante de uma platéia atenta, composta de jornalistas e comunicadores, dom Possamai descreveu as riquezas da Amazônia, ressaltando, especialmente, seus povos e culturas. “A sociedade da Amazônia é constituída por povos marcadamente plural, culturas e religiões diferentes que convivem, às vezes em conflito, nesta imensa região. São os povos indígenas, os afro-descendentes, os migrantes, os ribeirinhos, os posseiros, os colonos, a população urbana”, disse.

Ao falar das ameaças à Amazônia, dom Possamai condenou o desmatamento da região para a criação de bois. Segundo o bispo, entre 1990 e 2006, foram desmatados, na Amazônia, 30 milhões e 600 mil chetares dos quais mais de 25 milhões destinados a pasto. “A região cria mais cabeças de gado que todos os 25 paises da União Européia juntos”, denunciou.

Segundo dom Possamai, a soja , a cana de açúcar e o eucalipto também ameaçam a Amazônia com vistas ao biodisel. “As empresas desmatam para plantar eucalipto e transformá-lo em carvão vegetal destinado às siderúrgicas na região”, esclarece. “Colocam abaixo a floresta tropical mais rica em biodiversidade do mundo e implantam o monocultivo do eucalipto, sem nenhuma diversidade vegetal, e o transformam em carvão, que aumenta o aquecimento global”.

 Antes do Fórum, em Roma, dom Possamai concedeu entrevista à televisão italiana, RAI, ressaltando a importância da Amazônia para o planeta e alertando para o risco de sua destruição por causa do projeto de desenvolvimento que nela se quer implantar, sem ouvir os povos que nela vivem.

Fonte: CNBB