Pregação do estagiário Fabrício no trezenário de Santo Antonio

Confira, na íntegra, a pregação do estagiário Fabrício Dias Timóteo, na 6ª noite do trezenário em honra do glorioso Santo Antonio.
 
"Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Nós estamos no capítulo 12 do evangelho de são Marcos. E neste capítulo há uma disputa cristológica sobre a identidade plena de Jesus Cristo. Era já esperado pelo povo de Israel que o Messias, o libertador esperado, fosse da descendência do Rei Davi. Isso já era tido como certo, era um dado bíblico da História da Salvação visto como certo – o Messias esperado, o Messias que virá, será da descendência do Rei Davi. E hoje, no evangelho, Jesus nos apresenta um problema exegético, um problema bíblico, de interpretação. Jesus diz: como é que o Messias é simplesmente o filho de Davi, se no Salmo 110, versículo 1, Davi chama o Messias de Senhor? Importante lembrar que todo o saltério é atribuído a Davi. Então como é que o Messias é filho de Davi, fruto de sua descendência, se Davi o chama de “Meu Senhor?” Diz o salmista: “Oráculo de Javé ao meu Senhor: ‘Sente-se à minha direita, e eu farei de seus inimigos o estrado de seus pés”. Essa questão é a problemática sobre de fato sobre quem é Jesus. É uma das duas perguntas que são Marcos nos seus dezesseis capítulos procura responder. Quem é, afinal de contas, Jesus Cristo. Qual é a identidade de Jesus? Quem, de fato, Jesus é? E quem de fato Jesus é para mim e para vocês? Quem é Jesus? Jesus é o Messias triunfalista, o Messias imperialista, o Messias autoritário que vem ludibriar, manobrar e enganar as pessoas? Jesus é o Messias nacionalista, que vai elevar sua raça (judaica) acima de todas as raças? Jesus é o subversivo? Jesus é o anarquista? Jesus é o grande líder popular? Jesus é o Messias político, aquele que veio mudar as estruturas sócio-político-econômicas? Jesus é simplesmente aquele que vem restaurar a dinastia davídica? Quem, afinal de contas, é Jesus? Na Bíblica nós encontramos vários títulos atribuídos a Jesus, títulos de fé, como nós chamamos, títulos cristológicos. Na Bíblia Jesus é chamado de Christós, que em grego quer dizer "Ungido". Na Bíblica Jesus é chamado simplesmente “Messias”, o Enviado. Jesus é chamado Kyrios, “Senhor”; Adonai; “Meu Deus”. Jesus é chamado de o Salvador, o Libertador, o redentor, Filho do Homem, Filho de Deus, Filho de Davi. Então, quem Jesus é de fato? Qual a identidade plena de Jesus? E aí agente precisa pensar: Jesus é todos esses títulos. Todos esses títulos cabem bem para Jesus. Mas nenhum título consegue dizer totalmente o que Jesus é.  E por que nenhum título consegue dizer plenamente o que Jesus é? Porque toda a linguagem humana é uma linguagem limitada, é uma linguagem condicionada pelo contexto histórico, pelo contexto cultural. Tudo aquilo que dizemos de Jesus está condicionado pelo contexto no qual estamos inseridos. E está condicionado também pela nossa mentalidade, pela nossa ideologia, pela nossa visão de mundo. Tudo aquilo que dizemos de Jesus fica aquem do que Jesus realmente é. Jesus é o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, ele abre e fecha, ele é o A e o Z. Jesus é o Verbo, o Verbo Eterno de Deus. O Verbo está em Deus. O Verbo está em contato com Deus.  O Verbo é Deus.  Segundo o João, capítulo 1, o Verbo se fez carne e habitou entre nós. Por isso, toda palavra fica sempre abaixo da verdadeira identidade de Jesus. Na carta aos Colossensses, no hino cristológico, são Paulo diz que tudo foi criado por Jesus, para Jesus e com Jesus, e sem Jesus nada foi criado. Sem Jesus nada encontra sua consistência. Em Jesus tudo subsiste. Se você tirar Jesus nada existe. Jesus não apenas existiu historicamente, mas antes que o mundo fosse criado, Jesus já existia enquanto Verbo de Deus, enquanto Segunda Pessoa da Trindade Santa, enquanto Aquele que é da mesma natureza do Pai e do Espírito Santo. Jesus pré-existe à História. Jesus é histórico, mas é meta-histórico. Jesus é imanente, mas é transcendente. Jesus é limitado, por ele próprio se fez limitado, mas ele também é ilimitado. Antes de o mundo todo existir, Jesus, enquanto Segunda Pessoa da Trindade, já existia. E você, eu, nós, fomos criado no coração de Jesus. Nós fomos criado por meio de Jesus, com Jesus, em Jesus e para Jesus. Todo nosso existir deve ser voltado para Jesus. É interessante, Padre Elias, que a maioria dos católicos, se você for pensar, vê Jesus apenas no plano histórico. Jesus é filho de Deus? As pessoas respondem que é. Mas Jesus é Deus? Aí as pessoas ficam em dúvida. Olhem pra cá, prestem atenção, a Trindade Santa, Pai, Filho e Espírito Santo, são pessoas da mesma natureza. O Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus, e os três juntos são Deus. Jesus é Deus, consubstancial ao Pai e ao Espírito Santo. Jesus é de mesma natureza de Deus-Pai e de Deus-Espírito Santo. Aí você diz assim, mas ele não é homem? Lá no alvorescer da era cristã ele não se fez homem? É exatamente esse o Mistério da Encarnação. Prestem atenção, Deus, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, na plenitude dos tempos, nascido do ventre virginal de Maria, se fez homem. Mas antes de Jesus ter se encarnado e ter sido feito homem, ela já existia enquanto Deus. Jesus enquanto Deus sempre existiu, mas na plenitude dos tempos, por amor a mim e por amor a você, ele se fez homem.  Na plenitude dos tempos ele assumiu a nossa natureza humana, na plenitude dos tempos ele assumiu a nossa carne humana, ele assumiu a nossa fragilidade humana. Logo, na plenitude dos tempos, Deus enviou seu filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para salvar o mundo. Deus-Filho se fez carne, se fez homem, para me salvar, para salvar você, para nos salvar. Enquanto humanidade, nós já estamos salvos. Enquanto gênero humano, pode bater no peito e dizer nós já estamos salvos. Agora, individualmente, eu preciso me abrir à graça da salvação que Jesus veio trazer. Jesus é Deus que se fez homem, é Deus que assumiu a natureza humana, ele é o Emanuel. Deus está conosco. Jesus é o Emanuel, o Deus que está conosco. É o Deus que chora comigo, o Deus que se lamenta comigo, o Deus que caminha comigo, o Deus que vive as tribulações comigo, que vence as perseguições comigo, é o Deus que diz assim “Eu estarei convosco todos os dias até o fim dos tempos”. Jesus é o Deus que se fez homem para nossa salvação. Por isso Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, totalmente Deus e totalmente homem, cem por cento Deus e cem por cento homem. Jesus é uma pessoa em duas naturezas, naturea humana e a natureza divina. É uma pessoa humana e divina, divina e humana. Nas palavras de João Paulo II, quem é Jesus? Jesus é o rosto divino do homem. Deus que assumiu o pecado do homem. Não que ele fosse pecado, porque a única coisa que ele não fez foi pecar, mas ele se fez pecado para nossa salvação. Por isso, prestemos bastante atenção agora, quem é Jesus? Paulo diz em Colossenses 2, versículo 3, Jesus é o tesouro de toda sabedoria e de toda ciência. No versículo 9, Paulo diz que Jesus é aquele em quem habita corporalmente a plenitude da divindade. Em Hebreus 1, versículo 3, Paulo diz o seguinte: Jesus é a irradiação da glória do Pai, é aquele que tem a mesma natureza de ser do Pai. Por isso, prestem atenção, se Deus se esvaziou e se fez homem, e esse é maior mistério da nossa fé, é porque ele é loucamente apaixonado por mim. Ele é tão loucamente apaixonado por nós, que ele se faz homem, ele assume a sua histórica, ele assume a sua dor, ele assume os teus sofrimentos, as tuas atribulações, as adversidades pelas quais você está passando, ele se fez História. Segundo a Carta de são Paulo aos Gálatas, ele se fez até maldição, ele se fez pecado pela tua salvação. Desculpe dizer, mas tem gente que ainda vai buscar salvação em horóscopo, em cartomante, em macumba, dizendo que existe olhado, dizendo que existe destino, dizendo que tem gente que lê mão. Pelo amor de Deus, você está ferindo toda a dinâmica da encarnação. Vocês está ferindo a maior prova de amor que Deus poderia lhe dar: enviar seu próprio filho para se fazer homem pela sua libertação integral, a libertação psíquica, a libertação emocional, a libertação cognitiva, a libertação humano-afetiva, a libertação corporal, a libertação das prisões sócio-políticas. Jesus é o libertador, verdadeiramente Deus e verdadeiro homem. Quem é Jesus? Se Jesus, tudo foi criado por ele, para ele e dele, eu posso dizer as palavras que o salmista disse no Salmo 61: quem é Jesus? Jesus é minha rocha, é minha salvação, é o meu cântico, é a minha força, é a minha música, é a razão do meu viver, é a alegria do meu existir. Quem é Jesus? Eu posso aplicar as palavras do Salmo 27: é a minha luz e minha salvação, de quem terei medo? Hei, você está com medo de quê? De quem eu terei medo? Deus se fez homem, Deus caminha comigo, de quem eu terei medo? Diga de quem? Frente a quem eu temerei? Jesus assumiu a sua humanidade e melhor do que isso, quando ele subiu, na ascensão de Jesus, ele elevou a nossa humanidade ao coração da Trindade. Isso é que é amor. Deixe eu dizer numa linguagem popular, isso é que é amor pra se lascar. Ele assumiu a nossa humanidade e elevou ao coração da Trindade. Então frente a quem eu temerei? Para o Salmo 90, o Senhor é a segurança, podem as flechas virem à minha direita, à minha esquerda, mas as flechas do inimigo jamais me atingirão, porque quando eu sou mais fraco, pela encarnação de Jesus, eu fico mais forte. O impossível para mim se tornou possível. Porque era impossível Deus se fazer pequenino e entrar na História, aquele que é totalmente intranscendência se tornar imanência, mas aconteceu. O impossível aconteceu. Para Deus nada é impossível. Por isso eu digo: com Jesus tudo posso naquele que me fortalece. Para aquele que crê, nada – podem de chamar de xiita, anacrônico, retrógrado, chamem do que quiser –, para quem crê, nada é impossível. Tudo posso em Jesus, por Jesus, com Jesus, com uma fé cristológica, não uma fé em besteira, atrás de superstições, pedra da sorte, amuleto da sorte, sal da sorte, essas besteiras, esses negócios de superstições bestinhas, com Jesus, ah!, tudo posso naquele que me fortalece. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo".