Santo Antonio é, sem dúvida, uma das figuras de maior expressão do catolicismo em todos os tempos. Em Portugal, sua terra natal, a devoção ao santo franciscano encontra-se de tal maneira presente na vida dos fiéis que o Papa Pio XI, em 1934, resolveu proclama-lo ‘segundo padroeiro’ do país, ao lado de Nossa Senhora da Conceição. “Depois do Pobrezinho de Assis é o santo que mais serviu de inspiração, da segunda metade do século XIII até nossos dias”, afirma Frei Giovanni M. Colasanti, autor de “Antonio de Pádua, um santo também para você” (tradução de Silva Debetto C. Reis, Paulinas, 2003).
A popularidade de Santo Antonio deve-se a vários motivos: a inteligência fora do comum, o dom da pregação, a coragem missionária, os milagres realizados em vida, o amor profundo pelos pobres. Sobre este último ponto, Frei Clarêncio Neotti, ofm, autor do livro “Santo Antônio simpatia de Deus e do Povo”, publicado pela Editora Marques Saraiva, faz a seguinte observação: “Os contemporâneos de Santo Antônio são unânimes em afirmar que ele amava a todos e não discriminava ninguém. Mas sempre lembrava aos ricos a obrigação de repartir suas posses com os pobres. É uma questão de justiça - ensinava ele - mas é também uma questão de amor fraterno. Aos apegados às riquezas dizia que "só lhes pertencia o que pudessem levar consigo na hora da morte (Sermão para o XI Domingo depois de Pentecostes)”.
De acordo com a Legenda Benignitas [1], escrita por Frei João Peckham, arcebispo franciscano de Canterbury, por volta do ano 1276, o santo de Pádua “jamais se deixava aliciar por influências de poderosos ou subornar por lisonjas interesseiras nem tampouco sensibilizar por aplausos do público. Pelo contrário, quer se dirigisse a auditórios distintos ou vulgares, invariavelmente expunha a doutrina com a mesma isenção, atingindo a todos com os dardos da verdade. ... O servo do Senhor, com a chama da palavra fascinante, ardente, incandescente, aquecia e queimava os corações dos ouvintes, estivessem eles apenas mornos e entorpecidos, ou já enregelados e tenebrosos" (II, p. 20).
Santo Antonio, mediador dos pequenos e fiel propagador da fé, rogai por nós!
* Equipe PASCOM.
Nota:
[1] Legenda é o relato da vida dos santos, lida durante os dias de sua festa. Segundo Rafael Brondani dos Santos, a leganda “visava instruir os pregadores na composição dos sermões e unificar uma versão do testemunho de fé legado pelos primeiros santos do catolicismo” Cf. SANTOS, Rafael Brondani dos. Martelo dos Hereges: Militarização e Politização de Santo Antônio no Brasil Colonial. Dissertação (Mestrado em História). Universidade Federal Fluminense. SANTOS, Georgina Silva dos. Ofício e Sangue: a Irmandade de São Jorge e a Inquisição na Lisboa Moderna. Lisboa: Ed. Colibri, p. 33.