Ex-bispo católico é eleito presidente do Paraguai

Fernando Lugo foi oficialmente declarado vencedor das eleições paraguaias deste domingo, com 40,8% dos votos, contra 30,8% da candidata do governo, Blanca Ovelar, e 22% do general reformado Lino Oviedo. Milhares de pessoas foram às ruas da capital Assunção para comemorar a vitória do ex-bispo católico. A vitória de Lugo representa a queda do Partido Colorado após seis décadas no poder.

Lugo nasceu em 30 de maio de 1951, em San Solano, a 400 quilômetros ao sul de Assunção. Ordenou-se sacerdote em 15 de agosto de 1977 e em 1994 foi ordenado bispo de San Pedro, passando a emérito no final do mesmo ano. Renunciou ao ministério episcopal e aceitou candidatar-se frente ao apelo público subscrito por mais de 100 mil eleitores. Lugo despontou no cenário político paraguaio em razão de suas críticas ao governo do presidente Nicanor Duarte. Identificado com a Teologia da Libertação, faz questão de frisar que a sua "opção preferencial pelos pobres" não é política, mas pastoral. A corrupção, a pobreza e a ignorância estão entre as principais preocupações do novo presidente. "A maneira mais rápida de fazer fortuna no Paraguai é fazer política", assinala.

Fernando Lugo viveu na pele a trágica história recente de seu país. Seu pai esteve preso mais de 20 vezes. Três de seus irmãos foram torturados e expulsos do Paraguai. Em 1983, também o expulsaram, devido a sermões considerados subversivos.

Antes mesmo do resultado final ser anunciado, Blanca Ovelar, candidata presidencial do Partido Colorado do Paraguai, no poder há 61 anos, reconheceu sua derrota para Lugo. O general Lino Oviedo também reconheceu publicamente o triunfo de Lugo e assegurou que o apoiará "se responder aos interesses do povo". Oviedo, ex-dirigente do Partido Colorado, é acusado de participar do assassinato, em 1999, do ex-vice presidente Luis María Argaña (o que o obrigou a exilar-se quatro anos no Brasil). Coisas da política...