A MISSÃO DA FAMÍLIA CRISTÃ Tico & Vera

A MISSÃO DA FAMÍLIA CRISTÃ
Tico & Vera


NOSSA SAUDAÇÃO – Slide 01

Saúdamos com afeto fraternal cada pessoa aqui presente, Bispos, Sacerdotes, Diáconos, Religiosos e Religiosas, e em particular os leigos e as famílias que assumem e vivenciam, conscientemente as ações de testemunho cristão de suas vidas e que se alicerçam no sacramento do batismo e, para aqueles que são casados, no sacramento do matrimónio. Nosso agradecimento e nossa gratidão ao Casal Henique e Márcia de quem recebemos o honroso convite para aqui estarmos. Estamos em João Pessoa, Capital da Paraíba.
Estamos felizes!

CONSIDERAÇÕES INICIAIS – Slide 02

A temática que nos é oferecida para essa reflexão matinal, neste sábado, dia de festa, pois dia de encontro de fraternidade de todo o Regional Nordeste 2, que congrega os Estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Alagoas, leva-nos a uma apreciação natural do Matrimônio e consequentemente da Família como o exercício de uma função que extrapola a individualidade e a existência da unidade dos esposos nos encaminha à construção de uma sociedade, onde as dimensões básicas requeridas pelo Senhor para o exercício da bipolaridade (homem/mulher), dimensões unitiva e procriativa, são colocadas à disposição do amor e da transmissão da vida, fazendo com que a Família, sendo fonte de vida e construtora da sociedade, seja também uma escola de humanismo e de fidelidade ao amor de Deus, para a vivência dos seus deveres conforme nos alerta a exortação apostólica “Familiaris Consortio” – A Missão da Família Cristã no Mundo de Hoje – a missão de ser formadora de uma comunidade de pessoas; estar a serviço da vida; estar à serviço da sociedade humana e de participar na vida e na missão da igreja.

FORMAR COMUNIDADE DE PESSOAS – Slide 03

Para a formação de uma comunidade de pessoas, devemos em primeiro lugar lembrar e colocar em prática a excelência do amor, como princípio e força de comunhão, principalmente entre os esposos, pois “o casal é o fundamento sólido da família.É importante, pois, assegurar em primeiro lugar a solidez do casal e perseguir até o fim a consolidação do amor conjugal”,  nesse sentido a “família, fundada e vivificada pelo amor, é uma comunidade de pessoas: de esposos, homem e mulher, dos pais dos filhos e dos parentes. A sua primeira tarefa é a de viver fielmente a realidade de comunhão num constante empenho por fazer crescer uma autêntica comunidade de pessoas”,  sem esquecer jamais que “o princípio interior, a força permanente e a meta última de tal dever é o amor, assim, sem o amor a família não pode viver, crescer e aperfeiçoar-se como comunidade de pessoas”.

Assim sendo, ainda para a efetivação desse primeiro dever, estejamos atentos para a vivência da unidade indivisível da comunhão conjugal: Somos um! “já não somos dois e sim uma só carne” e chamados a viver então a fidelidade de nossas vidas como um “dom do Espírito, que é um mandamento de vida para os esposos cristãos e, ao mesmo tempo, impulso estimulante para que progridam continuamente numa união cada vez mais rica em todos os níveis – dos corpos, dos caracteres, dos corações, das inteligências e das vontades das almas -, revelando deste modo à igreja e ao mundo a nova comunhão de amor doada pela graça de Cristo”.  Nessa certeza viveremos também uma comunhão indissolúvel da relação matrimonial e familiar, “radicada na doação pessoal e total dos cônjuges e exigida pelo bem dos filhos. A indissolubilidade do matrimônio encontra a sua verdade última no desígnio que Deus manifestou na Revelação. Ele quer e concede a indissolubilidade matrimonial como fruto, sinal e exigência do amor absolutamente fiel que Deus Pai manifesta pelo homem e que Cristo vive pela igreja”.

A comunhão conjugal constitui a base para a formação da pessoa, entretanto, outros aspectos devemos considerar para a formação de uma comunidade de pessoas, tais como, a comunhão mais ampla da família que se estende e se espalha entre os pais, os filhos, os irmãos e os parentes. Também nesse sentido essa comunhão contempla a necessidade da observância aos direitos fundamentais da mulher enquanto esposa, do homem enquanto pai, dos filhos enquanto dons primaveris e presentes de Deus e dos anciãos, fonte de vida e de sabedoria.

“Os mestres da psicologia afirmam que a família é formadora de pessoas desde que ela seja ninho e paradigma de valores, onde surge, privilegiadamente, o amor. A nossa família, a minha, a sua é assim? Para ser construtora ou reorganizadora de uma sociedade de bases sólidas, a família precisa criar, em si e para si, mecanismos de defesa contra os golpes do consumismo, do egoísmo, do individualismo e do hedonismo que, diariamente, sopram contra ela”.

“A família como construtora de pessoas não é, tão somente aquela que alimenta, veste e abriga as pessoas. É preciso formar indivíduos aptos à vida, à sociedade, ao amor e à cidadania. Os filhos jamais saberão desenvolver hábitos marcantes se não os observar essa prática nos pais. Só se aprende a amar amando e sendo amado. Este é o top da família cristã: ensinar a amar e desenvolver esse sentimento entre seus membros em quaisquer circunstâncias”.

“Junto com a formação das pessoas, a família educa na fé, prepara para a cidadania, inculca valores morais e testemunha sua prática, e, sobretudo, funciona como uma atuante escola do mais rico humanismo. Assim, além de ser construtora de pessoas, a família, pela vivência dos valores característicos de seu múnus, torna-se promotora do mais significativo e abrangente desenvolvimento”.

ESTAR A SERVIÇO DA VIDA – Slide 04

Para estar a serviço da vida não podemos esquecer-nos de uma grande verdade: somos filhos de Deus amados e queridos com um amor de pai, infinito, misericordioso e incondicional. Amados porque chamados à vida e queridos, pois, chamados a sermos co-operadores da própria criação. Nós, meus irmãos, geramos vida! E exatamente por esta verdade é que devemos dar o nosso contributo de pessoas formadas na graça de Deus para que afastemos de nós essa cultura de morte que se instalou no coração dos homens. Devemos lembrar sempre que “com a criação do homem e da mulher à sua imagem e semelhança, Deus coroa e leva à perfeição a obra de suas mãos. Ele nos chama a uma participação especial do seu amor e do seu poder de Criador e de Pai, mediante uma cooperação livre e responsável na transmissão do dom da vida humana: “Deus abençoou-os e disse-lhes: crescei e multiplicai-vos, enchei e dominai a terra””.  Temos a tarefa, então, de realizar através da história, “a benção originária do Criador, transmitindo a imagem divina pela geração do homem a homem”.

Não podemos esquecer que a igreja está do nosso lado; não podemos esquecer que a Igreja está do lado da vida; não podemos esquecer que a dignidade da pessoa humana é o cerne de toda a doutrina social da Igreja. Estar ao lado da vida é mais que necessário para que o plano de Deus (o plano divino de Deus) se realize sempre e mais plenamente. Não podemos esquecer a visão integral do homem e a visão integral da sua formação, como nos fala João Paulo II na “Familiaris Consortio”, ela nos explica que “visão integral do homem e da sua vocação, que não só natural e terrena, mas é também sobrenatural e eterna”, porisso, a “conexão inseparável, que Deus quis e que o homem não pode quebrar por sua iniciativa, entre os dois significados do ato conjugal: o significado unitivo e procriativo”.  Desta maneira entendemos como desonesta e pecaminosa, contrária à fidelidade e aos desígnios de Deus, toda e qualquer ação ou desenvolvimento que vise contribuir para tornar a vida, impossível. A vida é dom de Deus e deve ser protegida desde a sua concepção até a falência natural da pessoa humana. Não podemos e nem devemos nos calar diante da cultura de morte instalada no seio das famílias e da sociedade. Essa é sem sombra de dúvidas uma responsabilidade do casal e da família cristã, e como agentes de pastoral familiar, esse é um contributo fiel a Deus. Restabelecer o itinerário moral do amor à vida e defendê-la sempre, na certeza de que ela é um dom supremo.

ESTAR A SERVIÇO DA SOCIEDADE – Slide 05

“Pois que o Criador de todas as coisas constituiu o matrimônio princípio e fundamento da sociedade humana”. A família tornou-se a “célula primeira e vital da sociedade”.

A família possui vínculos vitais e orgânicos com a sociedade porque constitui o seu fundamento e alimento contínuo mediante o dever de serviço à vida: saem, de fato da família os cidadãos e na família encontram a primeira escola daquelas virtudes humanas, cristãs e sociais, que são a alma da vida e do desenvolvimento da mesma sociedade.

Assim, por força da sua natureza e vocação, longe de fechar-se em si mesma, a família abre-se às outras famílias e à sociedade, assumindo a sua tarefa social!

Na família, então, fazemos a nossa grande experiência de comunhão e de participação, descobrindo entre os seus membros e na convivência com eles a nossa função social e política. Por tudo isso é que podemos afirmar que a família forma a sociedade e que a sociedade deve estar à serviço da família.

Em nossa família devemos construir a responsabilidade da família cristã, pois fundada sobre o sacramento do matrimônio. O sacramento habilita e empenha os cônjuges e os pais cristãos a viver a sua vocação de leigos e, portanto, “procurar o Reino de Deus tratando das realidades temporais e ordenando-as segundo Deus”. Desta maneira, estaremos contribuindo para uma nova ordem social, para uma sociedade mais justa, mais fraterna, mais fiel à caridade humana.

E nesse caso, como missão social cabe à família mostrar como ser conjunto bem formado de pessoas, com um sistema hierárquico bem ordenado e sempre pela autoridade dos pais, dos mais antigos, fazendo acontecer uma pirâmide que deverá ser formada por estes e pelos mais jovens em sua base. Na sociedade, igualmente, essa pirâmide é vivida na visão econômica, com os ricos no topo, a classe média, como diz o nome, no meio, e os pobres formando a base.

PARTICIPAR NA VIDA/MISSÃO DA IGREJA – Slide 06

“Entre os deveres fundamentais da família cristã estabelece-se o dever eclesial: colocar-se ao serviço da edificação do reino de Deus na história, mediante a participação na vida e na missão da igreja”.  É preciso, pois, adotar em nosso credo o “agir como igreja”, descartando de nós todas as possibilidades que nos afaste da certeza de que a “igreja é antes de tudo Mãe que gera, educa, edifica a família cristã, operando em seu favor a missão da salvação que recebeu do Senhor. Com o anúncio da Palavra de Deus, a igreja revela à família cristã a sua verdadeira identidade, o que ela é e deve ser segundo os desígnios do Senhor; com a celebração dos sacramentos, a igreja enriquece e corrobora a família cristã com a Graça de Cristo em ordem à sua santificação para a glória do Pai; com a renovada proclamação do mandamento novo da caridade, a igreja guia a família cristã ao serviço do amor, a fim de que imite e reviva o mesmo amor de doação e sacrifício, que o senhor Jesus nutre pela humanidade inteira”.  Desta forma a família cristã participa a seu modo da missão de salvação, vivendo a sua fé alicerçada na esperança, sendo que o momento especial e fundamental para a proclamação da nossa fé dá-se pela celebração do nosso matrimônio que vai exigir de nós, esposos, o prolongamento no decurso de toda a nossa vida. Deus nos chamou ao matrimônio e após ele, Deus nos chama “no” matrimônio, “dentro e através dos fatos, dos problemas, das dificuldades, dos acontecimentos da existência de todos os dias. Deus vai nos revelando e propondo “exigências” concretas da nossa participação no amor de Cristo pela Igreja em relação com a situação particular – familiar, social, eclesial – na qual nos encontramos. Por isso como a grande igreja, assim também a pequena igreja doméstica tem necessidade de ser contínua e intensamente evangelizadora”.  Daqui o seu dever de educar na fé. Lembremos então Aparecida quando nos diz que a Família é um dos “Eixos Transversais” de toda a ação evangelizadora da Igreja e que a Pastoral Familiar, como resposta a todos os desafios que a família enfrenta, deve ser “intensa e vigorosa”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS – Slide 07

Diante dessas considerações, concluímos dizendo aos senhores que a família, assim como nos ensina a Igreja, tem a identidade de ser uma íntima comunhão de vida e de amor e que a sua missão explicitamente cristã, para a sua formação e o seu protagonismo no coração do mundo, é guardar, revelar e comunicar o amor, amor que só poderá existir se estivermos plugados a Cristo Jesus, verdadeira videira, caminho, verdade, vida, justiça e misericórdia.

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Há algum tempo corre nos anais da internet uma frase que desconhecemos o seu autor que diz: “Estamos preocupados com o mundo que deixaremos para os nossos filhos, porém, perguntamos: que tipo de filhos deixaremos para o mundo?”. Disso concluímos que é necessário que os membros que compõem a família estabeleçam as regras básicas, claras e precisa para a educação e a formação dos nossos filhos. Vamos, pois, educar a nossa posteridade para o amor, pois só ele constrói

“Reconhecido o momento crítico em que vive, a missão moral da família é testemunhar que os valores cristãos são efetivamente a chave de uma vida feliz, harmoniosa e salutar.  Esse tipo de vida propicia às pessoas um estilo de vida normal, producente e honrado.  Cabe à família, como vanguarda de um novo tempo, ser guardiã moral dos valores eternos, contidos na Palavra de Deus. Cabe a ela preservar o núcleo da revelação, onde o amor, o respeito e a unidade testemunham que essa vivência é capaz de orientar e indicar o real sentido da vida. É preciso testemunhar aos vacilantes que através dessa forma simples de viver, encontra-se mais facilmente a felicidade”.

Que possamos, com a graça de Deus, conseguir descartar a cultura do individualismo, contrária à cultura coletiva; descartar a cultura do egoísmo, contrária à cultura da solidariedade; descartar a cultura do consumismo, contrária à cultura do necessário; descartar a cultura da mentira, contrária à cultura da verdade, além de outras que no momento não cabe mais citar e que bem conhecemos. Finalmente que possamos nos aproximar de Deus, destruindo a cultura do secularismo, contrária à cultura de necessidade de Deus.

Precisamos acreditar que estamos trilhando o caminho da santificação. Precisamos acreditar que o senhor Jesus responde a todas as nossas indagações e dúvidas. Precisamos acreditar que Ele repousa no barco da Família e se a tempestade é avassaladora, a sua graça é benfazeja e reconfortante. Deus está conosco a quem temeremos?

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Meus irmãos, temos trabalhado ao longo desses anos com frases verdadeiras que expressam a magnitude da família, porém, uma frase nos marca de forma precisa e absoluta a nossa vida e as nossas ações, por acreditarmos que a nossa fé se alimenta da nossa esperança e: “A Família é a Esperança de Deus!” Que ela possa cumprir fielmente a sua missão cristã para que possamos ver o amanhecer de um novo dia, radiante de paz, de amor, de fidelidade e de alegria!

Amados Congressistas fiquem com DEUS!  -  Slide 10

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Tico & Vera são agentes de Pastoral Familiar, pais de 4 filhos, estão casados há 35 anos e se conhecem há 45 anos. Atualmente exercem a “missão” de Casal Coordenador da Comissão nacional da Pastoral Familiar.

Fonte; Pastoral Familiar CNBB