“A família é o centro dos problemas e das soluções da sociedade”, diz dom Orlando Brandes


Coletiva de Imprensa

O presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e arcebispo de Londrina (PR), dom Orlando Brandes afirmou, na penúltima coletiva de imprensa da 47ª Assembleia Geral dos Bispos, que a família é uma prioridade da Igreja Católica no Brasil. Ele apresentou aos jornalistas o “Manifesto em Favor da Família”, aprovado ontem, 29, pela Assembleia.

“O Manifesto é um grito, de fato, em favor da família brasileira. Nosso objetivo como Igreja é centralizar os direitos da família, que é tão mal assistida e agredida em nosso país. Só no Congresso Nacional há 40 projetos em tramitação que vão contra aos valores familiares”, disse.

Dom Orlando lembrou ainda que a família deve ser respeitada porque, segundo ele, trata-se da instituição mais antiga da história da humanidade. “A família é um eixo de pastoral e da ação evangelizadora. Isso significa que, se queremos vocações, a família responde; se precisamos de segurança pública, a família precisa ser agregada; na escola, a família deve colaborar; na catequese, a família é sempre a primeira catequista”.

Dom Orlando Brandes

O arcebispo defende a prioridade e centralidade da família por se tratar de um eixo por onde passam todos os problemas e soluções da sociedade. “Com esse manifesto, queremos defender positivamente e animar a família porque, numa pesquisa séria, feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), constatou-se, dois anos atrás, que a família é a instituição mais valorizada pelo brasileiro”, acrescentou.

A imprensa questionou dom Orlando sobre a posição da Igreja que impede os casais de segunda união de receberem a comunhão. Para o arcebispo essa visão de que a Igreja exclui casais de segunda união está ultrapassada. “A Igreja já não diz mais que os casais de segunda união estão em ‘estado de pecado’, mas em ‘união irregular’. O fato de elas pertencerem a uma segunda união criou na Igreja um lugar particular. Elas não participam da comunhão porque estão irregulares, mas nossas pastorais, grupos e movimentos estão abertos para a vivência cristã dessas pessoas e elas podem fazer a comunhão espiritual. Elas não estão condenadas e não se trata de discriminação, mas de distinção”.

Nulidade matrimonial


O bispo emérito de Blumenau (SC), dom Angélico Sândalo Bernardino, também respondeu dizendo que as primeiras uniões podem ser consideradas nulas pelos tribunais eclesiásticos, o que pode levar as pessoas a terem as segundas núpcias, ato considerado legal pela Igreja. “Quem está nas segundas núpcias tem as bênçãos de Deus, portanto, é preciso entender essas mudanças radicais que estão acontecendo na Igreja”, frisou.

O arcebispo de Londrina completou explicando as motivações que levam a Igreja a dizer o que é uma família. “A família é a união entre um homem e uma mulher, por meio do matrimônio, que tem o objetivo de gerar filhos para transmitir a vida, conhecimentos, educação. Quando a sociedade não segue esses preceitos, os casais se separam por pequenos motivos. A família é essa proteção que muitas uniões não conseguem dar. É preciso lembrar isso à sociedade porque hoje vemos acontecerem uniões entre pessoas do mesmo sexo, e a Igreja não aceita isso. O nosso papel é fazer as distinções e não discriminar”, acentuou.

Peregrinação da Família


O presidente da Comissão para a Vida e a Família também convidou para a Peregrinação Nacional da Família, que acontece no dia 24 de maio, em Aparecida (SP). “Os valores e desvalores são transmitidos pela mídia. A importância da família pouco aparece, é por isso que vamos fazer um evento do porte como essa Peregrinação”, disse.

Dom Orlando ainda destacou que foram os parlamentares, em Brasília, os primeiros a fazer a proposta de um evento da família. “Uma das motivações que levaram os parlamentares a propor um evento como essa Peregrinação é criar mecanismos e argumentos para aprovar projetos que favoreçam as causas familiares e nós estamos abertos a isso”.
Segundo o presidente, o ato será um despertar para importância da família. “Queremos despertar o brasileiro para o valor  e a centralidade da família diante de tantas crises por que passamos na atualidade”.

Fonte: CNBB