1.) RESSURREIÇÃO, UM AGIR EXCLUSIVO DE DEUS
A.) A CRUCIFICAÇÃO: O SINAL VISIVEL E APARENTE DE UM FRACASSO TOTAL DE JESUS (Cf.: Dt 21,23 ; Gl 3,13)
Por uma história de 2000 anos, nós nos acostumamos de ver na cruz o grande sinal venerável de nossa fé. Um sinal de honra e de respeito, diante do qual os cristãos se ajoelham para adorar. Esta é a realidade hoje. No entanto, não era assim na época de Jesus. No seu tempo, a cruz era um sinal vergonhoso e um pelourinho escandaloso. Quem nele morreu, era marcado diante de toda a sociedade como um fracassado, um rejeitado, um maldito até por Deus. Quem morreu na cruz ,perdeu toda a credibilidade, dele não mais se falava, ele era um fracassado, um proscrito, e além de tudo marcado em público pela maldição de Deus. "Maldito de Deus, quem pende na cruz", assim podemos ler em Dt 21,23.
E Jesus estava na cruz, - por conseguinte era maldito por Deus, e um maldito por Deus em caso nenhum podia ser o Messias. Realmente, o Templo sabia , porque insistiu na crucificação de Jesus. Um crucificado não pode ser o Messias, isso, na época de Jesus, era óbvio para todo mundo. E por causa disso, naquela sexta-feira, todos foram embora, como relatam os textos. Todos estavam convencidos de que teriam se enganado. Este crucificado não podia ser o messias. Ele era um usurpador, um mentiroso, rejeitado pelo próprio Deus. E junto com ele, era rejeitado também tudo aquilo que tinha dito e feito. "Maldito de Deus quem pende de uma cruz".
Com a morte na cruz tinha terminado todo prestígio de Jesus e, consequentemente, era eliminado da história também todo o projeto dele. Isto significava, também, que ficava provado diante de todos e para todos, que o Templo tinha razão e que este Jesus se tinha enganado. Ficava provado que Deus não era assim, como este Jesus tinha dito, mas assim, como o Templo falou. Um Deus da Lei, e não um Deus da misericórdia.
Tudo isso ficava provado de maneira pública naquele dia da cruz de Jesus. O projeto dele tinha acabado e todo mundo o sabia. O veredicto sobre o crucificado era o veredicto do próprio Deus, e ninguém, mas ninguém mesmo tinha naquela época a menor dúvida disso.
É essencial para nós, a conscientização sobre este fato. Com a sua morte na cruz o projeto de Jesus parecia fracassado, e se alguém ainda podia reverter este fracasso aparente, devia ser Deus. Só Deus era capaz de reverter o veredicto que ele mesmo tinha formulado e que toda a época tinha interiorizado. "Maldito por Deus quem pende na Cruz!". Só quando este fato histórico fica bem claro e consciente, podemos compreender o verdadeiro significado daquilo que chamamos a Ressurreição.
DEUS TINHA QUE AGIR, PORQUE ERA O UNICO QUE AINDA PODIA AGIR. Esta reflexão nos conduz direto a um segundo pressuposto para a compreensão do verdadeiro significado da ressurreiçäo:
B.) O NOVO TESTAMENTO NUNCA MENCIONA UMA AUTO-RESSURREIÇÃO DE JESUS.
Uma das formulas básicas de nossa fé é aquela que diz que "Jesus ressuscitou dos mortos". Há muitos que interpretam esta declaração de maneira errada, pensando que nela se falasse que Jesus, pelas suas próprias forças, teria ressuscitado da morte. - Ele, afinal, é Deus. Uma tal interpretação, no entanto, está em oposição a tudo aquilo que a exegese nos diz sobre o significado original da palavra "ressurreição". Ela está também em contradição total com toda a fé da Igreja primitiva.
C.) O CREDO DA IGREJA PRIMITIVA INSISTE QUE DEUS RESSUSCITOU JESUS
O Novo testamento nunca menciona uma auto-ressurreição de Jesus. .E o Credo da Igreja primitiva insiste que era Deus, quem ressuscitou Jesus. Mencionamos como exemplo o texto de At 3,15: Vós matastes o autor da vida, mas DEUS O RESSUSCITOU DOS MORTOS e disso nós somos testemunhas.
Esta declaração é exemplar para a fé da Igreja primitiva. Ela se repete em muitos outros textos no NT como, por exemplo, Atos 2,24; 2,32: 3,15; 4,10; 5,30; 10,40; 13,30; 13,34; 13,37; 17,31; 26,8; Rm 4,24; 4,25; 6,4; 6,9; 7,4; 8,11; 8,34; 10,9; 1Cor 6,14; 15,15; 2Cor 1,9; 4,14; Gal 1,1; Ef 1,20; 2,6; Col 2,12; 1Tess 1,10; 2 Tim 2,8; 1Pdr 1,21
Para a Igreja primitiva era absolutamente claro que a Ressurreição era um agir de Deus em Jesus morto. Sendo este Jesus verdadeiro Deus, mas também verdadeiro homem, ele, como qualquer verdadeiro homem, era verdadeiramente morto depois da crucificação. Era a convicção da Igreja primitiva, que este Deus Jesus assumiu, como o diz Paulo, a condição humana até a última conseqüência (cf. Fl 2,6-8, Hb 2,17).A última conseqüência de ser homem, porém significa morrer e não ressuscitar pelas suas próprias forças. A Igreja primitiva era bem consciente disso, e é esta a razão, pela qual, no seu credo mantinha viva a fé de que a ressurreição de Jesus era uma ato de Deus no Jesus morto. Deus agiu, ressuscitando o Jesus morto. E só por causa deste agir específico de Deus, era possível recuperar a fé no crucificado. Ressuscitando Jesus,o própria Deus reverteu o veredicto contra o "aquele que pende na cruz". Ressuscitando Jesus, o próprio Deus, contra toda intenção do Templo, comprovou pelo seu agir,que este Jesus de fato era o Messias. Ressuscitando Jesus,Deus confirmou diante de todos, que Jesus tinha tido razäo e o Templo se tinha enganado.
É só quando recuperamos assim o verdadeiro significado da ressuscitãço de Jesus por parte de Deus,que nos compreendemos também em toda a sua radicalidade as consequências de um tal agir de Deus. Consequências,aliás, nas quais se baseia toda a nossa fé.
- Só DEUS é capaz de reverter o "fracasso" da Cruz! ELE O FAZ, RESSUSCITANDO JESUS !
A RESSUSCITAÇÃO= UM AGIR DE DEUS NO HOMEM MORTO
2.) A RESSUSCITAÇÃO DE JESUS SE TORNA A PROVA DA DIVINDADE DE DEUS. (Só um Deus verdadeiro pode ressuscitar mortos.) (AS DIVINDADES FALSAS - OS ÍDOLOS, SÓ PROVOCAM A MORTE,NÃO A VIDA.)
Um dos fundamentos da fé de Israel,era a convicção de que,Deus era um Deus da vida.Isto significa que ele era capaz de transformar situações de morte em nova situação de vida.Os deuses falsos,os ídolos, não tinham este poder.O agir deles só provocava morte,enquanto o verdadeiro Deus,quando ele agiu,sempre produziu vida. Esta convicção se tinha fixada através de muitas crises a partir do século 3 a.C. em Israel.Era uma convicção de fé. Ela culminava na afirmação que o Deus Javé é um Deus capaz de ressuscitar mortos. Na ressuscitação de Jesus,Deus confirma esta fé.Ele comprova diante de todos que ele, de fato, é capaz de ressuscitar mortos,e que por conseguinte, ele é o Deus verdadeiro e näo um ídolo. É n e s t e Deus verdadeiro, no qual Jesus tinha baseada a sua confiança durante toda a sua vida.Si é ele,que ressuscita Jesus, nós temos nisso uma prova indireta, que Jesus tinha baseada a sua confiança no Deus verdadeiro. O Deus de Jesus é o Deus verdadeiro, - e consequentemente é falsa a imagem de Deus, defendida pelo Templo. O Deus do Templo é um ídolo que gera morte.O Deus de Jesus é o Deus verdadeiro, porque o seu agir é capaz de gerar nova vida.
A confirmação deste fato diante de todos e para todos,é a primeira consequência fundamental do fato,de Deus ter ressuscitado Jesus. DEUS = UM DEUS DA VIDA,
Na ressuscitação de Jesus, DEUS COMPROVA QUE ELE É CAPAZ DE AGIR DE MANEIRA TOTALMENTE NOVA, GERANDO NOVA VIDA.
3.) RESSUSCITANDO JESUS,O PROPRIO DEUS CONFIRMA QUE A SUA FIDELIDADE VAI ALEM DA MORTE.
A partir do momento,onde Jesus estava morto,acabou a sua possibilidade de agir.Com um Jesus morto,nem Deus pode mais fazer algo.Muito menos os apóstolos,que em todo caso ficavam marcados pelo abalo de todas as suas expectatívas. Com a morte de Jesus, parecia que o próprio Deus teria abandonado ele. É de fato assim que os seus contemporâneos compreenderam a sua morte. O choque deste fato tranparece até no grito horrível, que os sinóticos colocam na boca do Jesus na Cruz: "Meu Deus,meu Deus,porque me abandonaste"!. Este grito escandoloso põe em cheque a fidelidade do próprio Deus. Será que Deus de verdade é um Deus fiel ? O será que a sua fidelidade termina na morte ? Será que ele deixa cair aquele, que sempre nele confiou ? No momento da morte de Jesus, parece que devemos responder a todas estas indagações com "sim". Ressuscitando Jesus, porém, o próprio Deus supera a negatividade deste "sim". Ele se revela como sendo um Deus fiel. E ele comprova diante de todos, que não abandona aquele que nele confia.Ele comprova diante de todos que a sua fidelidade não termina com a morte, mas vai além. Deus é um Deus que mantém a sua fidelidade ao homem até além da morte.Um segundo significado da ressuscitação de Jesus por parte de Deus.
RESSUSCITANDO JESUS, DEUS SE REVELA COMO SENDO UM DEUS FIEL AO HOMEM.
4.) RESSUSCITANDO JESUS, DEUS COMPROVA QUE SE SOLIDARIZA COM JESUS E COM TUDO AQUILO QUE ELE TINHA DITO E FEITO. Com a morte de Jesus tinha acabado nos olhos de seus contemporâneos não só a sua pessoa, mas também a sua obra. Tudo aquilo, pelo qual este Jesus tinha vivido, era comprometido. Eram comprometidos sobretudo as 4 grandes opções dele, com as quais, tinha desafiado o Templo e o seu sistema. As 4 grandes opções que tinham feito de sua mensagem uma "Boa Nova para os póbres" ( cf. Lc 4,18-19).:
- A Opção pelos pobres - A Opção pela misericordia e contra o legalismo - A Opção pelo serviço e contra o poder - A Opção pela vida Era por causa destas opções que Jesus se tinha posto em oposição a todo o sistema vigente da instituição religioso-social. Elas tinham sido as grandes alternativas de Deus, reveladas pelo seu próprio filho. Se Deus quis manté-las, depois da morte de Jesus na Cruz, ele mesmo tinha que agir ,porque o seu filho morto não o podia mais. E Deus agiu mesmo ! Ele ressuscitou aquele, que o sistema religioso-social tinha matado. Ele o ressuscitou, e com esta ressuscitação, o próprio Deus confirmou contra o sistema, que ele se solidarizou com tudo aquilo que este Jesus tinha dito e feito. O próprio Deus confirmou que as 4 grandes opções de Jesus eram também as opções dele. Não podia ser diferente, porque Jesus, afinal, era Deus. As opções dele são as opções de Deus. Mas a Cruz tinha posta em dúvida exatamente este fato. O Templo e todos os seus seguidores em todas as épocas podiam, com consciência tranqüila, voltar aos seus sacrifícios e seus cultos de adoração. A vida deste Jesus não era mais um desafio, porque a sua morte na Cruz o desacreditou. Mas agora, Deus agiu, ressuscitando Jesus. E a partir deste fato, não é mais possível ignorar o exemplo de vida deste Jesus. Não é mais possível, ignorar as suas opções, e sobretudo, não é mais possível negar que a verdadeira tarefa do cristão é esta: Seguir as mesmas opções às quais Jesus seguia ! Fazer o mesmo que ele fez ! - Porque só assim se realiza aquilo que era o grande chamado deste Ressuscitado e confirmado por Deus: "Vem e segue me !", isto quer dizer: Faça o mesmo que eu fiz ! O próprio Deus confirmou que as opções de Jesus são as opções dele. Consequentemente, devem ser também as opções daqueles que se chamam os seguidores de seu filho, isto quer dizer, dos Cristãos.
5.) O AGIR SOLIDÁRIO DE DEUS SE TORNA PROVA E BASE PARA A NOSSA FÉ:
a.) UM DEUS CAPAZ DE RESSUSCITAR JESUS, É TAMBÉM CAPAZ DE RESSUSCITAR A TODOS NÓS !
Na ressuscitação de Jesus, Deus se revelou como um Deus capaz de ressuscitar mortos. Ele também mostrou que de fato faz aquilo, do qual é capaz. Deus ressuscitou mesmo um morto. É com base neste fato histórico e inegável que se torna possível a formulação daquilo que é uma das bases fundamentais de nossa fé. Se Deus ressuscitou e s t e morto, então, ele vai ressuscitar outros também. Aqueles outros, somos nós. Toda a nossa esperança na ressurreição tem o seu fundamento no fato, de Deus ter ressuscitado Jesus. Paulo não cansa de repetir esta verdade: " Deus, que ressuscitou Jesus, vai ressuscitar também a nós"! ( 1 Cor 6,14) A ressuscitação de Jesus se torna assim a confirmação de toda a nossa expectativa escatológica individual. Toda ela ficaria ilusão e engano, se não teria acontecido esta ressuscitação. Não é por acaso que Paulo insiste em proclamar que "se Cristo não ressuscitou é vã a nossa pregação e vã a nossa fé"! (1 Cor 15,14) Mas, Cristo ressuscitou ! Deus o tirou da morte, e esta ressuscitação era "as primícias " de um agir de Deus que se repetirá em cada um de nós (cf. 1 Cor 15,20). "DEUS, QUE RESSUSCITOU O SENHOR, RESSUSCITARÁ TAMBÉM A NÓS PELO SEU PODER" (1 Cor 6,14) (também: 2 Cor 4,14; Rom 8,11) A resuscitação de Jesus se revela assim como sendo não só a base, mas até a condição indispensável de toda a nossa esperança escatológica individual.
DEUS, QUE RESSUSCITOU O SENHOR, RESSUSCITARÁ TAMBÉM A NÓS PELO SEU PODER" (1 Cor 6,14) (também: 2 Cor 4,14; Rom 8,11)
b.) COMPROVANDO TUDO AQUILO QUE JESUS TINHA DITO E FEITO, DEUS COMPROVA TAMBÉM A PALAVRA DE JESUS, DE QUE ELE NOS RESSUSCITARÁ
"Esta é a vontade do meu pai: Quem vê o filho e nele crê, tem a vida eterna e EU O RESSUSCITAREI NO ÚLTIMO DIA". ( Jo 5,21; 6,39; 6,40 )
A ressuscitação de Jesus não é só de maneira genérica a comprovação das opções de Jesus, mas, palavra por palavra, a ratificação por parte de Deus de tudo aquilo que este Jesus jamais tinha dito e feito na sua vida. Uma das grandes promessas dele, no entanto, era a garantia de que será ele mesmo que nos ressuscitará. Ressuscitando Jesus, o próprio Deus dá a esta promessa o seu peso de veracidade absoluta. Fica provado e confirmado que, da mesma maneira como Deus ressuscita Jesus, nós também seremos ressuscitados pelo ressuscitado, por aquele ressuscitado que foi confirmado pelo pai como sendo o filho amado, aquele, ao qual "foi dado todo o poder no céu e na terra"(Mt 28,18), aquele que foi "constituído Filho de Deus em todo o seu poder ... pela sua ressurreição dentre os mortos" ( Rom 1,4). c.) JESUS, COMPROVADO PELA RESSUSCITAÇÃO COMO SENDO O "CRISTO", O FILHO DE DEUS, É CAPAZ TAMBÉM DE JUSTIFICAR OS PECADORES.
Nas palavras de Paulo, a Ressuscitação, além de todos os outros significados já mencionados, se torna também a prova de que Deus de fato exaltou Jesus "e lhe deu um nome que está acima de todo o nome" ( Fil 2,9). Jesus, que já antes de sua ressurreição já era Filho de Deus (cf. 1 Cor 8,6; Fil 2,6 ), está sendo comprovado e autenticado nesta sua glória. Ele realmente é Deus e Filho de Deus. E sendo assim, a ressuscitação se torna a confirmação de mais uma das grandes esperanças de nossa fé: Da esperança de que os nossos pecados sejam perdoados: Só Deus pode perdoar pecados. Na sua dignidade de Filho de Deus, Jesus tinha agido assim, escandalizando todos aqueles que não acreditaram nele. Sendo Jesus "constituído Filho de Deus ... pela ressurreição" (Rom 1,4), todos aqueles que duvidaram nele, estão sendo desmentidos. Jesus é o Filho de Deus, o Cristo, e como tal, ele tem o poder de superar pelo seu poder também aquelas situações que constituem a verdadeira morte do ser humano: Os pecados. O Deus que ressuscitou o seu filho da morte, confirma isto pelo seu agir.
6.) Ressuscitando Jesus,o próprio Deus comprova que chegou O FIM DO MUNDO ANTIGO E O COMEÇO DO NOVO MUNDO,CHAMADO REINO DE DEUS
Com a ressuscitação de Jesus, o mundo antigo da morte chegou ao seu fim. A ressurreição "não é só um caso exemplar da ressurreição de todos, mas objetivamente o início da transfiguração do mundo". Nela se realiza no fundo a expectativa apocalíptica na sua forma mais completa. O pensamento apocalíptico sempre compreendia o começo do Novo mundo esperado em termos de uma intervenção exclusiva de Deus. E uma tal intervenção exclusiva de Deus se realizou de verdade, porque só Deus podia ressuscitar um morto. Só ele era capaz de agir depois da catástrofe da Cruz; catástrofe, que em termos reais significava o Fim de um Mundo. Um Fim que não irrompe como cataclismo exterior, mas como início de um processo, dentro do qual, o mundo antigo do pecado e do Anti-Reino chega ao seu fim. Não é por acaso que os sinóticos deixaram acontecer no momento da morte de Jesus, todos os sinais apocalípticos do Fim do mundo, começando com trevas e terremotos, e terminando com a revelação de Deus aos olhos de todos, simbolicamente exprimido pelo véu do Templo que se rasgou. A Cruz realmente significa de maneira irrevogável a superação do pecado e o começo do fim do mundo antigo; do mundo da morte e do pecado. Mas, da mesma maneira como a cruz, em termos escatológicos, marca o grande juízo sobre o mundo ( cf. Jo 12,31; também Jo 3,19), a ressuscitação, por sua vez, marca o início do mundo novo da vida; o início daquele mundo de Deus, que a literatura apocalíptica esperava faz séculos. Agora aconteceu, e o próprio Deus confirmou o seu início com um agir exemplar.
A PARTIR DA RESSUSCITAÇÃO DE JESUS, O NOVO MUNDO DA VIDA JÁ COMEÇOU ! Este começo do NOVO MUNDO, é obra exclusiva de Deus, assim como o pensamento apocalíptico sempre falou.
Este Novo Mundo é o mundo de Deus, e por causa disso o mundo da vida. Ele começou por um agir soberana e poderoso de Deus, e o sinal deste agir é a superação da morte no seu próprio filho. No novo mundo de Deus, para a morte não tem lugar. E com a morte, estão sendo superadas todas as forças e todas as estruturas que geram a morte. Ressuscitando Jesus, Deus comprova este fato diante de todos, porque agora, ele mesmo vive como Deus no mundo. O Jesus ressuscitado é Deus, e como Deus, a partir daquele momento, ele fica presente no mundo de uma maneira bem especial. Um Deus da vida que se manifesta, um Deus conosco. Um Deus no mundo. Onde, porém , Deus está neste mundo, onde ele reina, ali é Reino de Deus. A ressuscitação de Jesus se apresenta assim como o grande sinal escatológico, a partir do qual está sendo confirmado também a nossa esperança para o mundo. Com a ressuscitação de Jesus, o começo do Reino de Deus foi comprovado e confirmado de maneira visível e histórico. O Reino da vida é mais forte do que o reino da morte. Este Reino da vida já começou; e como tudo aquilo que é vida, ele não irrompeu num súbito ato explosivo, mas cresce a partir de seu começo, como processo irresistível e vital. A ressuscitação de Jesus é a comprovação de que o Reino da vida, que é o Reino de Deus, agora, se desenvolve como processo invencível e dinámico, até chegar à sua plenitude no momento da Parusia. Assim se confirma na Páscoa não só a nossa esperança individual, mas também a grande esperança escatológica para o mundo: O FIM ÚLTIMO DESTE MUNDO NÃO É O REINO DA MORTE E DO PECADO, MAS O REINO DE DEUS.
Confirmado pela ressuscitação de Jesus por parte de Deus, o novo mundo dele se desenvolve como processo dinámico, até chegar à sua plenitude na PARUSIA.
* Artigo escrito por Renold J. Blank, autor de "Escatologia do Mundo", vols. I e II, e "Qume, afinal, é Deus?"