Que eu seja severo comigo mesmo Mt. 23, 23-26

Postado por: Padre Bantu Mendonça K. Sayla
August 26th, 2008

Parece estranho alguém levantar-se e se pôr em briga contra si mesmo. Mas foi, é e será sempre a exigência de Jesus. É preciso fazer querra contra nós mesmos afim de destruir em nós o causador da nossa morte.

No Ai de vós, temos a continuidade da contundente denúncia de Jesus quanto à incoerência e hipocrisia dos escribas e fariseus, que integravam a cúpula religiosa de Israel.

Se quiseres avançar correctamente, com discrição e dando frutos no caminho da verdadeira religião, deves ser austero e rígido contigo mesmo, mas parecer sempre alegre e aberto para com os outros, esforçando-te no teu coração por caminhar nos cumes da rectidão, sabendo inclinar-te com bondade para com os mais fracos. Numa palavra, perante o juízo da tua consciência, deves moderar os rigores da justiça, de tal forma que não sejas duro para com os pecadores, mas acessível ao perdão e indulgente.

Considera o teu pecado como perigoso e mortal; o dos outros, considera-o como fragilidade da condição humana. A falta que, em ti, consideras digna de severa correcção, pensa que, nos outros, não merece mais do que uma pequena admoestação? Não sejas mais justo do que o justo : receia cometer o pecado, mas não hesites em perdoar ao pecador. A verdadeira justiça não é a que precipita as almas dos irmãos no laço do desespero. É preciso que saibamos que, se a nossa vida não nos parece tão brilhante, a dos outros não nos dever parecer toda feia. E, como seria bom se, fôssemos para nós mesmos juizes severos? Aposto-te que as faltas dos outros não encontrariam em nós censores tão rigorosos.

Partamos para a guerra, como Josué; tomemos de assalto a cidade mais forte deste mundo, o meu e o teu coração de onde está toda a malícia.  Destruamos as suas muralhas orgulhosas. Só então encontraremos à nossa volta o caminho que é preciso tomar, o campo de batalha e o inimigo a derrubar. Quem é? Já sabes! É o pecado. O que falta é descobrir onde está e quais são as suas artimanhas.

Portanto, embora te pareçam estranhas as minhas palavras, elas são verdadeiras: limita a tua procura a ti mesmo. Está em ti o combate que vais travar, no interior de ti, o edifício de malícia que tens de minar; o teu inimigo sai do fundo do teu coração. Não sou eu quem o diz, mas Cristo; É do coração que vêm os maus pensamentos, os assassínios, os adultérios, as impurezas, os roubos, os falsos testemunhos, as palavras injuriosas (Mt 15,19). Percebes qual é o poder deste exército inimigo que avança contra ti a partir do fundo do teu coração? Ei-los, os inimigos que temos de massacrar no primeiro combate, que temos de eliminar na primeira linha da batalha. Se formos capazes de derrubar as suas muralhas e de os exterminar até que não reste nenhum para ir contar, nenhum para recobrar o ânimo (Jos 11,14), se não ficar um único para retomar vida e ressurgir nos nossos pensamentos, então Jesus dar-nos-á o grande repouso.

Jesus, não querendo ser alvo de sençura como os farizeus no Evangelho de hoje, que se preocupavam com as coisas externas deixando o essencial para o segundo plano, vos peço: dá-me forças para ser guerreiro de mim mesmo, para transformar o meu coração. Dá-me um coração puro para que do meu interior brotem a honestidade, a verdade, a justiça, a misericórdia e a fidelidade, e assim, eu possa ser o caminho para os perdidos, a luz para os que estão nas trevas, a voz para os mudos nas coisas de Deus, a vez para os excluidos da convivência humana, a alegria para os tristes, o pão para os famitos, a paz para os que estão em guerra, amor para os que semeiam ódio e vingança, levando todos os homens para Ti que sós o Caminho, a Verdade e a Vida do homem!

Fonte: Litugia Diária - Canção Nova