O Sacramento da Debandada

Grupos de Jovens precisam estar inseridos na catequese e na comunidade-Igreja.
Categoria: Catequese

O sacramento da debandada

Na última terça-feira, no mesmo horário em que eu tinha os meus encontros de crisma, três dos meus crismandos estavam on line através do MSN. Eram duas horas da tarde. Aos poucos eles foram pedindo, em tom de brincadeira, se não haveria crisma naquele dia “Que pena que não temos encontro, pois eu queria continuar” disse-me uma menina. Estavam ociosos e não sabiam o que fazer no horário que, normalmente, freqüentavam a catequese de crisma. 
Fiquei pensando: e a continuidade da crisma,  poderia ser de que forma? Será que devo reunir a turma novamente, fazer uma janta, uma festa, uma palestra, um retiro, um encontro? Como posso fazer? De que maneira?
Fiquei com o pensamento nisso. Este tem sido um grande desafio para os catequistas: o que fazer com os crismandos depois que a crisma acaba?
Na minha paróquia ainda temos uma alternativa que é o Grupo de Jovens, voltado para adolescentes recém saídos da crisma. Mas a maioria das paróquias não possui esta possibilidade e nem todos os jovens optam por frequentar estes grupos. Em algumas comunidade, inclusive, o Grupo de Jovens não caminha de forma conjunta com a catequese, o que convenhamos, é um absurdo.
Grupos de Jovens precisam estar inseridos na catequese e na comunidade-Igreja.
Graças a Deus o Grupo da minha Paróquia está completamente inserido na catequese e muitos de seus componentes são catequistas, ou de crisma ou de pré-crisma.
Minha turma neste ano foi ótima, meus crismandos foram maravilhosos, a celebração do dia da crisma foi linda e o ano catequético foi extremamente positivo. Ouvi isso de outros catequistas também.
Tá mas e daí, o que acontece com estes jovens que saíram da catequese? O que podemos oferecer a eles? Que alternativas são dadas para que continuem na Igreja de alguma forma? E nós catequistas, o que estamos fazendo para que isso aconteça?
Um dos grandes desafios da catequese é enfrentar o "sacramento da debandada". E não é só a debandada dos jovens, muitos dos quais permaneceram na catequese, quatro, cinco, seis anos ou mais. Alguns catequistas também somem, desaparecem, “evaporam” de qualquer atividade de Igreja depois que a catequese acaba. Isso é péssimo.
Talvez não tenham a devida noção e preparo para entender que a catequese não acaba nunca. O que termina é apenas uma etapa, mas o trabalho catequético deve permanecer ativo, vivo, presente. E o catequista é uma peça fundamental neste tabuleiro.
Neste momento em que muitas comunidades já encerraram a catequese 2006, é a hora de avaliar a caminhada, planejar o futuro, pensar novas alternativas, corrigir erros, manter acertos, encontrar alternativas para manter contato com os crismandos mesmo que os encontros tenham encerrado. Não podemos sumir da comunidade e  deixar este processo de lado.
Precisamos pensar em novos catequistas, organizar encontros de formação,  discutir novos métodos, aperfeiçoar conteúdos, aparar arestas, divergir, convergir, resolver situações mal resolvidas. Este é o momento. A catequese não acabou.
Trabalho nenhum pode existir sem planejamento e planejamento nenhum pode existir sem monitoramento. Precisamos, constantemente, monitorar ações. Não é  porque o trabalho de catequista é voluntário que precisa ser feito de qualquer forma.
Precisamos enfrentar com coragem o "sacramento da debandada" que, infelizmente, não atinge somente jovens e pais, mas também muitos catequistas.
A catequese  2007 está apenas começando.

 



Fonte: Alberto Meneguzzi - Jornalista e Catequista