Padre Elias Ramalho
A Igreja Católica é a favor das pesquisas com as células-tronco, sim!
A nossa Igreja defende ferrenhamente a vida, desde a concepção até o seu declínio natural. Por isto ele é a favor das pesquisas científicas que buscam com muito afinco encontrar respostas favoráveis para a cura, sobretudo, das chamadas doenças degenerativas. A ciência é um dom de Deus. O ser humano, o cientista não inventa nada ele apenas descobre os segredos da maravilhosa obra de Deus, a criação.
A questão fundamental que se coloca para a ciência é a mesma que se coloca para todo e qualquer agir humano, a questão ética. Então, as pesquisas científicas devem obedecer a alguma exigência ética? A ciência pode usar quaisquer meios para alcançar um objetivo, mesmo que seja muito nobre como a cura das doenças degenerativas? A ciência tem limites ou é uma deusa que até os valores éticos e morais devem ser minimizados ou mesmo deixados de lado no seu permanente e inquietante desafio de dar respostas às dramáticas realidades do sofrimento humano? Querer curar uma vida humana adulta, enferma, manipulando uma vida humana nascente é justo, é ético? Quando começa mesmo a vida humana? Estas perguntas precisam ser respondidas antes de nós nos posicionarmos sobre a polêmica questão do “uso de embriões humanos” na pesquisa com células-tronco.
Ética é o sistema de valores que nos orienta para uma ação boa como meio e como fim. Fazer o bem e evitar o mal é a síntese do agir ético e moralmente correto.
O princípio ético que orienta a pesquisa científica é este: a ciência não pode substituir a ordem natural da vida, mas ajudar o fenômeno vida acontecer em toda sua exuberância. Este é o papel e o limite ético da ciência. Pois, manipular a ordem natural da vida é uma desordem de conseqüências incalculáveis para o bem estar de todos os viventes.
Todo agir humano, para ser verdadeiramente ético, precisa ser bom como meio e como fim. Nunca um objetivo bom, alcançado por meios ruins, pode ser considerado ético ou moral. O mundo vive uma grande crise ética exatamente por que muitos, sobretudo os que têm mais poder e responsabilidade, não acolheram em suas condutas e procedimentos esta verdade edificadora da dignidade humana.
Querer curar uma vida humana adulta, enferma, manipulando uma vida humana nascente não é justo, não é ético. Veja bem, encontrar a cura para as enfermidades é, fundamentalmente, o objetivo da ciência médica, e ela deve envidar todos os esforços possíveis para alcançar tal objetivo. Mas, por exemplo, querer atingir a meta (a cura) usando métodos ilícitos ou imorais (o uso de embriões humanos) ninguém de bom senso pode aceitar, penso eu. Mas por que mesmo? Respondo: por que o embrião é um indivíduo humano e, como tal, ele é sujeito de direito. Todo mundo sabe que a partir da fecundação já temos uma vida em desenvolvimento, os 46 cromossomos formam a célula da vida que, no seu desenvolvimento natural, muda de forma e não de essência. A essência de uma pessoa adulta é a mesma de um indivíduo em faz embrionária. Portanto, destruir uma vida nascente para cuidar de uma vida nascida é no mínimo criminoso.
Alguém tenta argumentar a aceitação do uso de embriões humanos nas pesquisas com células-tronco dizendo que a vida só começaria a partir do 14ª dia de gestação, pois, só a partir daí se pode verificar o desenvolvimento do sistema nervoso central. Este argumento não se sustenta por quem conhece bem os avanços das ciências biológicas, por que o material genético que vai desenvolver o sistema nervoso já está presente na célula da vida desde o momento da fecundação, basta esperar um pouquinho e será verificável.
Esta é a Palavra de Deus a nós anunciada: “Escolhe, pois, a vida!”
Este arquivo escrito pelo Pe. Elias Ramalho, pároco da Paróquia de Santo Antônio, já foi publicado neste site em 06.04.2008. Porém, como um internauta perguntou por ele no mural, estamos publicando novamente.