Santo Antônio "Arca do Testemunho"

De: Vicente Ferreira de Amorim Filho.

Em mil, cento e noventa e cinco
na cidade portuguesa
conhecida por Lisboa
nasce o santo da pobreza
Fernando Bulhões era filho
de Martinho e Maria Tereza.

Nasceu na data da festa
da Assunção de Maria
sendo membro da nobreza
o seu pai já pretendia
vê-lo um cavaleiro armado
lutando com valentia.

Era comum na sua época
os pais terem esse ideal
transformar em cavaleiro
o jovem medieval
só que Deus deu a Fernando
um destino excepcional.

No seminário da Ordem
dos Cônegos Regulares
de Santo Agostinho, o jovem
ingressou sob os olhares
dos seus pais que conheciam
suas virtudes sem pares.

Sobre as Sagradas Escrituras
fez estudos dedicados
concluídos os estudos
Fernando foi ordenado
continuou estudando
tornando-se especializado.

Em Coimbra, no Mosteiro
pediram-lhe uma acolhida
cinco frades que fizeram
de seus estilos de vida
um exemplo de pobreza
esmolavam uma comida.

Eles eram de uma Ordem
que fora antes fundada
por Francisco de Assis
e não tinham quase nada
sua espiritualidade
à pobreza devotada.

A missão daqueles frades
o deixou emocionado
eram Otto, Adiuto, Acúrsio,
também, Pedro e Bernardo
ele os viu ir ao Marrocos
pela missão fascinados.

Com pouco tempo depois
Coimbra foi sacudida
com a notícia dos tais frades
que tinham perdido a vida
por pregar o amor de Cristo
o rei ali os liquida.

Fernando quis assumir
aquela bela missão
procura o superior
e abre o seu coração
foi pra Ordem Franciscana
cheio de disposição.

No frei Antônio de Lisboa
Fernando se transformou
e partiu para o Marrocos
200 km andou
ali, com ardor missionário
o evangelho anunciou.

Em pouco tempo se viu
num leito adoentado
acometeu-lhe a malária
deixando-o incapacitado
e decidiu retornar
triste e decepcionado.

Mas na viagem de volta
ao chegar no Gibraltar
uma grande tempestade
ameaçava afundar
aquela embarcação
e tiveram que aportar.

Ficaram ali na Itália
em Messina, na Sicília
lá os frades o acolheram
como a alguém da família
característica da Ordem
o amor e a partilha.

No ano de mil, duzentos
e vinte e um, caminharam
foram todos a Assis
e ali se encontraram
milhares de frades da Ordem
na planície se espalharam.

Ali, nosso frei Antônio
sentiu uma grande emoção
ao poder apreciar
aquela bela visão
as palavras de Francisco
enchiam seu coração.

O Capítulo Geral da Ordem
quando ao seu final chegou
cada frei que ali estava
seu projeto apresentou
para sair pelo mundo
como Cristo assim mandou.

Antônio, sem ser notado
não apresentou nenhum plano
pra sua vida futura
mas quando o frei Graciano
descobriu que ele era padre
livrou-lhe do desengano.

Enviou-lhe a Forlí
que o convento era carente
de alguém que celebrasse
a missa diariamente
ficou ali um ano e meio
cumprindo a missão, contente.

Mostrava sempre humildade
ajudava na cozinha
doava pães aos pobres
todo pobre a ele vinha
pois sabia que ali
pelo menos o pão tinha.

Hoje o pão de São Antônio
o mundo inteiro conhece
se tiver sobrando em casa
você ao pobre o oferece
quem imita esse gesto
as graças de Deus merece.

Na cidade de Forli
iria acontecer
a ordenação de diáconos
mas foi de surpreender
que o pregador convidado
não pode comparecer.

Foi quando frei Graciano
o frei Antônio, convidou
e este, por obidiência
essa missão aceitou
e as palavras do frei
a todos emocionou.

Como a igreja precisava
converter os pecadores
os que buscavam as seitas
numa época de horrores
era preciso enviar
ao mundo, bons pregadores.

Frei Antônio então saiu
pelo mundo a anunciar
o evangelho na Romanha
depois na França a andar
chegou até a Rímini
e na praça foi pregar.

Mas tinha tão pouca gente
que Antônio combinou
o reencontro no outro dia
e a noite toda orou
mas no dia seguinte
quase ninguém o escutou.

Na foz do rio Marecchia
frei Antônio levantou
as mãos olhando pras águas
e dessa forma ordenou
aos peixes que lhe ouvissem
e a todos espantou.

Grande multidão de peixes
de toda espécie surgiam
quanto mais o frei falava
mais e mais eles ouviam
as pessoas que chegavam
logo aos pés do frei caíam.

Outra vez o frei Antônio
falava da Eucaristia
mas Bonvillo, um herege
chegou com sua heresia
para falar mal da hóstia
Bonvillo farra fazia.

Num momento ele gritou
que não poderia crer
em Jesus na Eucaristia
por isso ia fazer
com sua mula experiência
de três dias sem comer.

E depois desses três dias
Antônio colocaria
diante dela a hóstia
Bonvillo também traria
cheiroso feno do campo
pra ver se a mula comia.

Três dias depois daquilo
a praça estava tomada
pelo povo que queria
ver a hóstia consagrada
quando ali chegou Bonville
com a mula esfomeada.

Chegou no meio do povo
aos berros e blasfemando
chegou perto do altar
e foi o feno espalhando
quando a mula viu a hóstia
ficou como que adorando.

Dobrou respeitosamente
as duas patas da frente
Bonvillo ao ver aquilo
num instante ficou crente
que Cristo na eucaristia
é certo, se faz presente.

Francisco o nomeou
professor de Teologia
era o primeiro da Ordem
que tal função exercia
frades e pessoas cultas
toda Ordem o ouvia.

Francisco em mil, duzentos
e vinte e cinco o enviou
para o sul da França, e o frei
com os irmãos caminhou
chegando em Montpellier
frei Antônio ali pregou.

Foram muitos os milagres
que operou na região
mas como ele bem sabia
não bastava a pregação
passava horas na igreja
em profunda meditação.

Em três de outubro do ano
mil, duzentos e vinte e seis
morre Francisco de Assis
a notícia, correr se fez
um ano depois Frei Antônio
deixa a França de uma vez.

Chegando em Assis notou
que ali faltava alegria
a falta do pai comum
todo mundo ali sentia
foi ao túmulo de Francisco
onde orava e lhe pedia...

...Pedia o amor de Francisco
pelos pobres com veemência
pedia força e coragem
no combate à violência
para combater também
a injustiça e a prepotência.

Mas, para sua surpresa
recebe nova missão
Ministro Provincial
de uma grande região
foi pro norte da Itália
Bolonha, Pádua e Milão.

No inverno de mil, duzentos
e vinte e sete, chegou
em Pádua, onde depois
de alguns dias piorou
seu estado de saúde
e ele ali repousou.

No ano de mil, duzentos
e vinte e oito, em fevereiro
vai a Roma , onde o chamam
pra servir de conselheiro
e o papa Gregório IX
quis ver o tal milagreiro.

Depois de ouvi-lo pregar
o papa, em encantamento
concedeu-lhe logo o título
de “Arca do Testamento”
por ele ter das escrituras
um grande conhecimento.

Certa vez, numa viagem
Antônio da França vinha
na companhia de um frade
e da fome de quem caminha
foram pedir uma esmola
na casa de uma velhinha.

Esta era muito pobre
e ofereceu o que tinha
desceu à adega e trouxe
o vinho numa jarrinha
mas, como só tinha um cálice
pediu outro na vizinha.

O companheiro de Antônio
desconcertado ficou
quando derrubou o cálice
e este logo quebrou
viram que a dona da casa
sua aflição disfarçou.

Desceu de novo à adega
para ir buscar mais vinho
quando percebeu que o chão
estava bem molhadinho
não fechara a torneira
e o vinho, perdeu todinho.

Retornou triste pra mesa
e a eles revelou
o que tinha acontecido
Antônio se inclinou
sobre a mesa em silêncio
por uns minutos orou.

A mulher viu que o cálice
se recompôs totalmente
e Antônio disser pra ela
vá buscar vinho pra gente
ela foi verificar
e ficou toda contente.

A pipa estava cheia
e o vinho a fervilhar
como se fosse novinho
voltou feliz pra contar
a novidade aos frades
mas eles não estavam lá.

E, certa vez em Ferrara
um homem cheio de ira
duvidava da esposa
dizendo que ela o traíra
não era o pai de seu filho
isso era grande mentira.

Antônio se aproxima
e toma o bebê nos braços
pede-lhe em nome de Deus
que em seu pai dê um abraço
o bebê abraça o homem
e se desfaz o embaraço.

Por causa desse episódio
hoje, pelo mundo inteiro
Santo Antônio tem a fama
de “Santo Casamenteiro”
não por arranjar marido
mas, por ser bom conselheiro.

Com frei Lucas volta a Pádua
e em Florença uma surpresa
viram o cortejo fúnebre
de um homem cheio de riqueza
um pobre de caridade
mas rico de avareza.

Quando os parentes do morto
vêem Antônio na igreja
pedem que faça um sermão
umas palavras, que seja
ele resolve falar
mas só fala o que deseja.

Falou da fumaça escura
que cega o avarento
o que acumula tesouros
e pro céu não está atento
é um infeliz, miserável
homem digno de lamento.

A viagem prosseguiu
e os dois frades enfrentando
as estradas poeirentas
eles foram caminhando
as pernas de frei Antônio
foram se debilitando.

Vez por outra um camponês
fazia uma boa ação
levava em carro de bois
provava ser bom cristão
quando chegaram em Pádua
era grande a exaustão.

Procura recuperar-se
no convento de Arcella
mesmo assim, não descansando
concluiu uma obra bela
a redação dos seus Sermões
fez-se ali na sua cela.

Do seu cargo de ministro
pediu para afastar-se
pois queria ter mais tempo
para aos pobres dedicar-se
pra confessar os pecados
e à pregação entregar-se.

Foi no ano mil, duzentos
e trinta e um, que sentiu
as suas forças cederem
recolher-se decidiu
e uma cela com tábuas
ele próprio construiu.

Foi ali que o Conde Tiso
um vizinho, presenciou
numa noite quando Antônio
com os braços pra frente orou
nessa noite em seus braços
o Menino Jesus pegou.

Por amar tanto a Jesus
Antônio teve a alegria
de ter em seus próprios braços
o Filho da Virgem Maria
Jesus nos braços de Antônio
era a cena que o Conde via.

No dia 13 de junho
de trinta e um, faleceu
sem ninguém saber, em Pádua
um milagre aconteceu
as crianças pelas ruas
gritavam: “Antônio morreu”.

E, com menos de um ano
foi ele canonizado
e hoje, no mundo inteiro
o Santo é aclamado
pelos pobres sofredores
Santo Antônio é invocado.

Vinte e dois anos depois
o povo presenciou
a língua de Santo Antônio
que o Evangelho pregou
aquela língua tão pura
foi Deus quem a conservou.

Lá na cidade de Pádua
em honra do missionário
construíram sua basílica
um belíssimo sacrário
lá se encontra a sua língua
num precioso relicário.

Já no século XX, o Papa
Pio XII o intitulou
como “Doutor Evangélico”
pois os sermões que deixou
mostram o intelectual
que a santidade buscou.

Imitando Santo Antônio
seja sempre um bom cristão
busque estudar a bíblia
entregar-se a doação
você vai ver que o Evangelho
é luz pro seu coração.