Significado e Finalidade da Coleta para os Lugares Santos

Na Sexta-Feira santa, por determinação da Santa Sé, realiza-se em todas as igrejas católicas do mundo a coleta para os Lugares Santos. A coleta tem vários significados e finalidades. É um gesto de fé e de apreço pelos “lugares santos”, onde Jesus viveu, pregou o Evangelho, sofreu a paixão e morte, ressuscitou dos mortos e enviou os discípulos em missão para todo o mundo.
   
   Foi naqueles lugares que o “mistério da encarnação” aconteceu e o Filho de Deus entrou na história dos homens e de toda a criação. O rio Jordão, o lago de Genesaré, Belém, Nazaré, Jerusalém, cada lugar geográfico, cada colina, cada estrada, cada pedra, cada construção e, sobretudo, cada pessoa daqueles lugares, com sua cultura, sua religião, seu jeito, tudo é testemunha privilegiada do acontecimento misterioso e único da nossa redenção operada por Deus através de Jesus Cristo, Filho de Deus, filho de Maria de Nazaré, judeu de sangue, irmão de cada ser humano.
   
   A relação com a história, a geografia e a cultura é muito importante para a nossa fé, para que ela não acabe virando “doutrina abstrata” e mera afirmação intelectual. Nossa fé está ligada a fatos e realidades situadas no tempo e no espaço. Os cristãos e a Igreja da Terra Santa, com suas múltiplas expressões, organizações e iniciativas, são guardiões privilegiados da memória histórica, geográfica e cultural dos fatos que estão no início da fé da Igreja.
   Os cristãos da Terra Santa enfrentam atualmente sérias dificuldades políticas, sociais e religiosas para continuarem sua presença testemunhal nos Lugares Santos. Não apenas as comunidades religiosas, para continuarem seu trabalho de acolhida dos peregrinos e de zelo pelos Lugares Santos, mas também a Igreja local, para se manter viva e atuante. Mas é sobretudo, o povo cristão e católico daqueles lugares veneráveis que vive situações muito difíceis e desafios enormes, para continuar em sua terra; pressionados de todos os lados, os cristãos emigram e procuram a sobrevivência em outras partes do mundo, sobretudo os jovens. Por isso, os cristãos diminuíram muito de número nas últimas décadas.
   
   A coleta da Sexta-Feira santa é, portanto, um gesto de solidariedade para com a comunidade cristã da Terra Santa e, ao mesmo tempo, um gesto missionário, pois dá possibilidades para que a Igreja continue a testemunhar sua fé em Jesus Cristo lá, justamente, onde Jesus nasceu, viveu, entregou sua vida pela salvação da humanidade e fundou a Igreja.
   
   O fruto da coleta deve ser repassado integralmente às cúrias diocesanas e, daí, para seu destino. 
    
  

 

Este artigo foi escrito por Dom Odilo Pedro Scherer / Bispo Aux. de São Paulo - Secretário-Geral da CNBB