O que nos faz cristãos é seguir a Jesus. Nada mais. Este seguir a Jesus não é algo teórico ou abstrato. Significa seguir os seus passos, comprometer-nos como Ele a «humanizar a vida», e viver assim contribuindo a que, pouco a pouco, se vá fazendo realidade o Seu projeto de um mundo donde reine Deus e a Sua justiça.
Isto quer dizer que os seguidores de Jesus estamos chamados a colocar a verdade onde há mentira, a introduzir justiça onde há abusos e crueldade com os mais débeis, a reclamar compaixão onde há indiferença e passividade ante os que sofrem. O que exige construir comunidades onde se viva com o projeto de Jesus, com o Seu espírito e as suas atitudes.
Seguir assim a Jesus trás consigo, mais tarde ou mais cedo, conflitos, problemas e sofrimento. Tem de se estar disposto a carregar com as reações e resistências de quem, por uma razão ou outra, não procura um mundo mais humano, tal como o querem esse Deus revelado em Jesus. Querem outra coisa.
Os evangelhos conservaram uma chamada realista de Jesus aos seus seguidores. O escandaloso da imagem só pode provir Dele: «Se alguém quer vir detrás de mim… carregue sobre as suas costas a sua cruz e siga-Me». Jesus não nos engana. Se o seguem de verdade, terão de partilhar o Seu destino. Acabarão como Ele. Essa será a melhor prova de que o seu empenhamento é fiel.
Seguir a Jesus é uma tarefa apaixonante: é difícil imaginar uma vida mais digna e nobre. Mas tem um preço. Para seguir a Jesus, é importante «fazer»: fazer um mundo mais justo e mais humano; fazer uma Igreja mais fiel a Jesus e mais coerente com o evangelho. No entanto, é tão importante ou mais «padecer»: padecer por um mundo mais digno; padecer por una Igreja mais evangélica.
No fim da sua vida, o teólogo K. Rahner escreveu assim: «Creio que ser cristão é a tarefa mais simples e, ao mesmo tempo, aquela pesada «carga ligeira» de que fala o evangelho. Quando alguém a carrega, a carga carrega com a pessoa, e quanto mais tempo se viva, tanto mais pesada e mais ligeira chegará a ser. No final só fica o mistério. Mas é o mistério de Jesus»
* Artigo escrito José Antonio Pagola e traduzido por Antonio Manuel Álvarez Pérez. José Antonio Pagola é teólogo e escritor, reside em San Sebastián, capital da província basca de Guipúzcoa, Espanha. É autor de diversos livros, dentre os quais "O que o Espírito diz à Igreja" e "É Bom ter fé - Uma Teologia da Esperanca", publicados no Brasil pela Loyola.
Fonte: Adital, agência de notícias da América Latina e Caribe, com sede em Fortaleza/CE (http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cod=32093).