respeito quem não gosta mas continuo impressionado com os texto de Wandecy Medeiros, veja o que ele publicou hoje no patosonline
Que saudades de mim
No começo dos anos 90 fundei um grupo de teatro e o batizei de “Grupo Teatral Brigando e Pedindo Paz” – um nome que na época eu achava que era mais surreal do que as pinturas de Salvador Dalí.
Chamei três rapazes e nove moças para fazerem parte do grupo. É sempre bom o número de mulheres exceder o número de homens por razões meramente técnicas.
Fundamos nosso grupinho com base nos princípios da revolução francesa: Liberté, Egalité, Fraternité – prefiro dizer em francês porque quem não me conhece vai pensar que sou um cara culto. Quem me conhece já sabe que é só pernosticismo mesmo.
O nosso grupo de teatro era composto por humanos e bichos. Eu me incluía na categoria dos bichos.
De tão magro que era eu não podia ser incluído como membro da raça humana, mas sim, como membro da classe dos gafanhotos.
Naquela época eu ganharia facilmente o Oscar de melhor ator se, numa adaptação do livro “A Metamorfose”, de Frank Kafka, interpretasse o “inseto” em que o personagem Gregor se transformou.
Naqueles “tempos magros” eu poderia me esconder perfeitamente atrás de um bambu que ninguém me notaria.
Do pescoço para baixo tudo em mim era canela.
Mesmo assim eu era, na opinião imparcial da minha mãe, um rapaz muito bonito.
Naqueles “tempos magros” eu fazia planos de mudar o mundo começando pelo bairro do Jatobá, precisamente pela Rua Justiniano Guedes.
Hoje eu percebo que não mudei nem o Jatobá nem o mundo e nem mesmo a Rua Justiniano Guedes eu mudei, mas mesmo assim ainda hoje sou um cara que vive no limite.
Vivo no limite do cartão de crédito, no limite do meu cheque especial, e organizar minhas finanças se constitui hoje na minha maior revolução.
Naqueles “tempos magros” onde quer que eu fosse levava um violão verde nas costas.
Meu violão verde ficou tão famoso que alguns gaiatos diziam que se aquele violão verde fosse candidato a vereador, seria o mais votado no bairro.
Um violão vereador seria, aí sim, uma coisa bem mais surreal do que uma pintura de Salvador Dalí. E acredito que um violão seria mais eficiente na Câmara do que alguns dos nossos vereadores,
Tentei aprender a tocar violão, mas não consegui porque as cordas atrapalhavam.
Não aprendi a tocar bem um violão porque escolhi a cor errada: um violão verde é muito complicado de tocar. Se fosse de outra cor eu teria aprendido.
Sei fazer três acordes em um violão (seja verde ou não) e quando eu aprender a fazer o quarto acorde aí serei um virtuose musical, pois com apenas três acordes dá para se compor rock, forró, funk, lambada, merengue, bolero, etc.
Com três acordes só não dá para se compor jazz e bossa-nova, mas jazz e bossa-nova são músicas em extinção. A humanidade, da mesma forma que extingue o mico-leão-dourado, também extingue expressões artísticas.
Um dia a ficha me caiu. Com lágrimas nos olhos dei um abraço apertado no meu violão verde e pedi perdão por tê-lo maltratado durante tanto tempo. Eu interpretei o silêncio dele como um sinal de aprovação: ele me perdoou.
Eu vendi o meu violão verde por um valor simbólico, algo em torno de cinco reais, mas nunca o perdi de vista.
Meu ex-violão verde ainda é vivo e reside na cidade de Sapé, pertence a um sobrinho, um garoto que mostra vocação para a música e deve manter a tradição musical da minha família. Na minha família quase todo mundo toca algum instrumento.
Em se tratando de música apenas eu sou motivo de vergonha na família. Tenho dificuldade até de tocar um berimbau.
Depois do violão, comprei uma gaita de boca. Durante uns três anos aquela gaita de boca me acompanhou, seja por mar seja por terra.
Até hoje toco três músicas numa gaita e engano todo mundo, pois depois de tocar essas três músicas meu repertório acaba.
Se os meus exigentes leitores insistem em dizer que sou um escritor medíocre, como músico eu posso garantir que sou mais medíocre ainda.
E pasmem vocês: como desenhista eu consigo ser mais medíocre ainda do que como músico.
Eu posava de desenhista no passado só para impressionar as garotas, mas fui desmascarado assim que surgiu um desenhista de verdade no bairro.
Quanto ao meu grupo de teatro eu tive muitas dores de cabeça com ele, mas valeu o esforço porque ele me deixou muito rico e famoso.
Coloquei meu pé na calçada da fama do Centro Social Urbano do bairro do Jatobá.
Escrevi algumas peças de teatro, verdadeiras obras-primas ainda a serem descobertas pelos críticos.
E além de escrever as peças eu era também um extraordinário ator, um competente produtor e um genial diretor, dentre outras funções que eu a mim mesmo me outorgava capaz.
Eu dizia a mim mesmo que eu era ator e o meu lado ingênuo acabava acreditando no meu lado matreiro.
Meu grupo se apresentava em palcos improvisados pelas “metrópoles” do sertão.
A gente se apresentava em clubes, escolas, praças, e tudo acontecia com muito improviso e boas doses de sofrimento e cachaça.
Tomar cachaça é ótimo porque o cara pode fazer uma tremenda besteira e colocar a culpa na bebida.
Eu fazia amigos, namorava minhas milhares de fãs, mas vivia totalmente liso. Eu não tinha dinheiro nem para comer um pastel depois do “show”.
Nas cidades pequenas todo mundo nos oferecia estadia. A gente almoçava na casa de seu José e jantava na casa de seu Antônio. Tinha umas moças boazudas no nosso grupo e todos nos convidavam para almoçar ou jantar pensando em se dar bem com elas. Elas davam cartaz, mas ficava só nisso mesmo: outra coisa elas não davam.
Lembram quando eu disse que ter mais mulheres do que homens no grupo era melhor por razões meramente técnicas? Viu que eu tinha razão?
Como todo mundo nos oferecia estadia e alimentação eu concluí que de fome o meu grupo não iria morrer.
E ninguém de fato morreu de fome: todos estão vivos até hoje.
Todos deram pra vida, nos tornamos um monte de quengas: um é seresteiro, outro é vocalista de banda, outra é dançarina, e eu sou o culpado de tê-los colocados no mau caminho.
O dinheiro que a gente ganhava nas apresentações só dava para pagar o frete do veículo: um carro tão antigo que foi lançado quando o homem de Neandertal estava começando a dominar o fogo.
O que sobrava de dinheiro, quando sobrava, a gente destinava para a compra de tecidos para confeccionar as roupas dos atores. Eu até quis aprender a costurar para evitar ter de pagar às costureiras.
Não aprendi a costurar porque eu nunca consegui aprender nada na vida mesmo, mas um dos membros do grupo aprendeu.
Todo o patrimônio do Grupo Teatral Brigando e Pedindo Paz se resumia a uma caixa de som, alguns microfones e uma montanha de panos, tecidos que depois tiveram muito mais serventia como pano de chão.
Naquele tempo quando eu entrava numa loja de tecidos era uma farra danada. Se eu tivesse vocação comercial teria, com o fim do grupo, aberto uma loja de tecidos.
Em todo lugar que a gente se apresentava era casa cheia. Por isso a gente se auto-enganava de que era possível viver de teatro.
O motivo de ser sempre casa cheia era o valor irrisório do ingresso. Era tão barato que tenho vergonha de dizer o valor para vocês.
E não insistam, que eu não vou dizer mesmo.
Fizemos apresentações em palcos improvisados e uma delas, no Centro Social Urbano, contou com um público pagante de quase 300 pessoas. Como tem gente besta nesse mundo.
Só de olhar aquela pequena multidão a gente ficava nervoso e tomava um “esquenta-tripa” para criar coragem. Se o grupo tivesse demorado mais tempo estaria hoje todo mundo nos Alcoólicos Anônimos.
No Clube de Donatinho fizemos uma adaptação tão eficiente que o clube mais se parecia um teatro de verdade. E foi o nosso momento mais glorioso. Sentimos-nos os maiorais e pensavá-mos que na porta havia um repórter da Folha de São Paulo esperando a gente sair.
Nessa noite foi tudo documentado em vídeo, mil fotos, e conseguimos um bom público pagante, com pessoas vindas de toda a cidade, tivemos alguns patrocinadores, e parecia que o grupo poderia sair do amadorismo total para um amadorismo mais convincente.
Improvisamos camarins, melhoramos o sistema de luz, colocamos cortinas cortando os espaços, proporcionando corredores de entrada e saída, e o grupo se entusiasmou tanto com o nosso progresso que já fazíamos planos de nos apresentarmos no Teatro Municipal de São Paulo.
No fim da apresentação não conseguimos segurar as lágrimas, embora o nome da peça fosse “Eu duvido você não sorrir”.
Aos poucos a cortina foi baixando, fomos percebendo a realidade. E a realidade era feia.
Nossos pais exigiam que a gente se ocupasse em algo lucrativo. Diziam que até lavador de carro ganhava mais dinheiro do que a gente.
E era verdade.
E daqui a pouco estava todo mundo desestimulado.
Aos poucos as forças brutas foram minando a nossa frágil estrutura.
E o resultado disso tudo é que o fígado de alguns derrotou o coração de nós todos.
Wandecy Medeiros - wandecymedeiros@gmail.com
AGENDA DOS PADRES PARA HOJE,28/02/11
Pe.Alixandre:6h,missa no CCR, 7h às 12h, aula no CCR; 17h,missa em Sto Antonio; 19h, espiritualidade comunitária em São Fracisco.
Pe.Elas: 8h às 12h, atende na; 16h às 18h, atende em São Francisco; 19h, reunião de liturgia em Sto Antonio.
eu agente da pastoral do menor da pároquia de santo antonio estou muito preocupada com os projetos da pastoral do menor,a cada ano fica mais difíl, pela falta de parcerias,são poucas empresas que ajuda e muitas crianças assistidas, eo mais humilhante é que para se realizar a festa dos anos 60 vamos a procura de patrocinios e muitos deles diz o não com muita raiva e outros aceita e não paga. agora a nossa preocupação é maior já iniciou-se o ano letivo e a prefeitura ainda não renovou os contratos dos educadores. fico indgnada com tudo isso.
gostaria de saber quando vai começar as matriculas dos projetos sociais da pastoral do menor?
Agenda dos padres para hoje, 25/02/11:
Pe.ELIAS e Pe. ALIXANDRE - 9h às 12h, reunião do clero, no Centro de Treinamento da diocese.
Pe.ALIXANDRE - 16h às 18h, atende na comunidade de NSª Aparecida; 19h, participa da 1ª trimestral diocesna.
Pe.ELIAS - 19h, preside reunião do conselho missionário e pastoral da paróquia.
Aconteceu hoje(24-02-11)pela manhã,na
comunidade Nossa Senhora das Neves uma palestera sobre DENGUE.Nesta comunidade aconteceram vários casos de dengue daí a preocupação de intencificar as orientações e os cuidados com a doença.Pedimos a todos os moradores que cuidem de suas casas para não surgir novos casos de dengue.
Pe. atende em Sto das 8h às 18h
Agenda dos padres para hoje, 24/02/2011:
Pe. ELIAS - 9h à 12h, atende na Câmara Ecleiastica; 16h às 21h, atende no Bivar Olinto
Pe. ALIXANDRE - 8h às 8h, atende em Sto Antonio
Que Pr.arretado,está longe de ser um
conservador,parabéns Pr.Ricardo Gondim,há se outros adotasem essa teoria,como seria bom para todos as religiões!
A comunidade Nossa Senhora das Neves se alegra com a presença das Irmãs Josefinas nesta comunidade.Com alegria
iremos comemorar junto com as irmãs um
ano da chegada das mesmas nesta comunidade.Dia 22 de fevereiro as 19hs
sera realizada a missa em ação de graças,na residencia das mesmas.Contamos desde já com sua presença.