Tenho uma ligeira impressão de que vocÊs encontraram uma criativa maneira de construir uma dialética reflexiva ao modo dos primeiros filósofos. Nomes fictícios sempre foi um artifício utilizado pelos que desejavam transformar certas estruturas e realidades em contextos delicados. Não sei se essa é a pretenção de vocês, mas se for, e tomara que seja, quero desde já dizer da minha admiração e entusiasmo. Mesmo de longe, sempre que possível, pretendo colaborar com essa excelente iniciativa.
Parabéns!
Quanta aproximação da realidade de hoje nos textos do velho Nicodemos. Não é por acaso que Sinézio o chama de grande teólogo.
Daí porque Nicodemos não pode morrer. Quem irá escrever textos tão bem elaborados?
Sou sua fã Nicidemos.
Maria Marta Pé no Chão.
Volta em grande estilo o nosso teólogo Nicodemos. Açoitado pela insônia com a qual por anos fui casado. Maldita e indesejada esposa que impõe-nos um adultério involuntário e indesejado.
Aquietai-vos Nicó. Dias virão em que as vossas angústias serão o combustível que precisais para manter acesa a chama dos vossos sonhos. Não os vossos apocalípticos sonhos, mas sonhos de esperança e entusiasmo.
Melhoranças!
Ah, amiga insônia, quando, afinal, deixarás que eu descanse?
Tenho varado as noites qual um sonâmbulo em busca de paz. Já busquei ajuda médica, mas sem sucesso. Na última conversa que mantive com o Mestre, há pouco mais de uma semana, falei-lhe desse problema. Conversamos até tarde, sob a luz fraca da lua. Segundo ele, não há nada de errado com a minha saúde. Pedro e André não concordam. Afirmam que o ar irrespirável do Sinédrio, a difícil convivência com Anás e Caifás, a pressão política exercida por Roma sobre os chefes dos sacerdotes, tudo isso tem contribuído para o agravamento do meu estado clínico. É curioso perceber como o Mestre se diverte ouvindo os discípulos divagarem a respeito dos problemas políticos da Judéia. Pedro é, sem dúvida, o mais atabalhoado deles todos. O Mestre ri da falta de visão dos seus amigos. “Já te disse antes, amigo Nicodemos, e volto a repetir. Toma sobre ti o meu jugo, e aprende de mim, porque sou manso e humilde de coração, e acharás descanso para a tua alma, porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve\".
Surpreende o modo como o Mestre fala essas coisas – algo entre o cuidado fraterno e a admoestação severa. Depois sorri simplesmente e inicia outro assunto, sem mais cerimônias.
Bom, mas não é a respeito dos encontros prazerosos com o Mestre de Nazaré que pretendo discorrer agora, e sim sobre um sonho que tive na noite de ontem.
Era madrugada. Vencido pelo cansaço provocado pela anipnia, procurei recosto em um canto escuro da sala. Lembrei de um antigo conselho dos meus mestres rabínicos, sobre cantarolar salmos. Deu certo. Decorridos alguns minutos, fechei os olhos e adormeci.
Tive então uma espécie de visão extática: estava em um barco, no Yam Kinneret (Mar da Galiléia). De repente, quatro ventos reviraram o mar imenso. Quatro enormes feras surgiram do meio do mar, cada uma diferente da outra. A primeira parecia um leão com asas de águia. Eu estava olhando, quando lhe arrancaram as asas e as patas foram se erguendo do chão: ela ficou de pé como um homem, e deram-lhe um coração de gente. Depois apareceu uma segunda fera, que parecia um urso. Estava de pé de um lado só e tinha na boca três costelas entre os dentes. Disseram-lhe: «Vamos! Coma bastante carne». Depois vi uma outra fera parecida com leopardo. Tinha no lombo quatro asas de ave e quatro cabeças. E lhe deram o poder.
Em seguida, v uma quarta fera, que era medonha, terrível e muito forte. Tinha enormes dentes de ferro, com os quais comia e esmagava tudo, e macetava com os pés o que sobrava. Era diferente das outras feras, porque tinha dez chifres. Eu observava esses chifres, quando no meio deles apontou um outro chifre pequeno. Os três chifres que estavam mais perto deste foram arrancados para lhe ceder o lugar. Nesse chifre havia olhos humanos e uma boca que falava com arrogância. E da boca da fera jorravam milhares de cheques que se transformaram em gafanhotos, de cujas asas saia um barulho estranho, tipo \"fac-fac-fac-fac\".
Eu continuava olhando, quando uns tronos foram instalados e sete anciãos se assentaram, vestidos de veste branca como a neve, cabelos claros como a lã. Os seus tronos eram como labaredas de fogo, com rodas de fogo em brasa. Um rio de fogo brotava da frente deles. Milhares e milhares os serviam e milhões estavam às suas ordens. Começou a sessão e os livros foram abertos. Eu continuava olhando, atraído pelos insultos que aquele chifre gritava; vi que tencionavam matar a fera por conta dos cheques, cortá-la em pedaços para depois jogá-la no fogo. O julgamento encaminhava-se para o seu fim quando um dos anciãos se levantou e pediu vista dos livros sagrados contendo as acusações contra a besta. Depois disso, ouvi um forte bramido. Era o som da fera horripilante, com seu chifre medonho, aliviada, pois havia escapado da sentença de morte. Aturdido com tão feroz visão, soltei um grito esganiçado. As ondas começaram a chacoalhar o barco. Senti a embarcação afundar. Nesse instante, uma mão forte segurou-me pelo braço...
Bom, era meu estimado criado, que a custo tentava trazer-me de volta do sono.
Triste noite. Tenciono conversar com o Mestre sobre essa visão. Mas isso é mote para outro comentário.
Ôpa! Bem vindo Pé dentro, Pé fora. Espero que em relação ao nosso mural você fique com o pé dentro. Não se preocupe com o querosene; todos nós bebemos um pouco sempre.
Melhoranças para o amigo Nicodemos!
Caríssimo Prometeu Acorrentados,
aí está a resposta para quem veio a salvação;
Jesus e os ricos
O episódio do homem rico é símbolo característico daquele grupo social minoritário
que traz consigo uma mentalidade marcada pelo egoísmo e o apego às riquezas, ao lucro
concentrado e ao acúmulo dos bens. Há quem tenha observado que este “fulano” nem
sequer ganhou um nome no evangelho, pelo fato de estar em total desarmonia com a
proposta de Jesus dirigida a todos, sem privilegiados – “Vim para que todos tenham vida”
(Jo 10,10). Na verdade, o homem rico queria e desejava a vida, só que apenas para si. Não
era capaz de defender e partilhar da vida dos pobres. Quanto a Zaqueu, ao contrário,
conhecido publicamente como ladrão, tem sua identidade preservada porque testemunha
basicamente duas realidades interativas: por um lado, a mudança de mentalidade e
conseqüente conversão (metanoia) para o projeto e o caminho apontado por Jesus e, por
outro, a resposta que oferece a uma pergunta existencial que era dos discípulos e discípulas
de outrora e, hoje, de muitos de nós: “Então, quem pode ser salvo?” (Lc 18,26), ou: Jesus
teria vindo somente para os pobres? Ou ainda: Só os pobres se salvam? A reação de Zaqueu
ao acolhimento e misericórdia de Jesus é a demonstração clara e objetiva de que também os
ricos podem salvar-se, desde que disponibilizem seus bens em função da partilha e se
convertam para os ideais do reino de Deus.
Gostaria muito de continuar partilhando com vocês também as minhas idéias. Mas tenho medo de \"beber queroseno\"
Força e Coragem para todos.
Pé Dentro, Pé Fora.
Caro Prometeu Acorrentado,
Fiquei preocupada com o velho Nicodemos, será que ele vai morrer?
Que tal fazermos uma corrente de oração? Nicó é muito importante para todos nós.
Um abraço fraterno
Maria Marta Pé no Chão.
Acabo de receber uma ligação do velho Nicodemos. Queria parabenizar-me pelo texto postado na última sexta-feira (06/02). Agradeço, caro Nicó, a gentileza. Na verdade, espero que você escreva algo sobre o assunto, expondo seu ponto de vista a respeito da Dominus Iesus, ou sobre outros temas, conforme for do seu gosto. Infelizmente, pelo que pude perceber, problemas de saúde têm mantido o nosso querido amigo longe do mural. Está em Recife, sendo acompanhado por médicos. Espero que se recupere logo.
CAro Jamarataia Pontual, Estou feliz com o surgimento de um novo amigo neste espaço para dividir conosco idéias e sonhos a respeito de uma nova sociedade. Seja bem vindo. Espero vê-lo em breve, ainda que seja em Brasília, na Câmara Federal. Quanto a Chiquinho de Adelaide, por onde anda esse novo querido irmão? Espero que em breve volte a escrever para este espaço.
Jamarataia Pontual
Amigos e amigos do site,
Acidentalmente descobri o site de vocês e fiquei feliz com o nível de discussão que encontrei neste mural. Que bom que existem cristãos, mesmo espalhados e talvez desarticulados, que estão dispostos a construir um diálogo sobre as suas próprias inquietações. Não sou um cristão praticante, até já fui, a vida em uma grande cidade não nos permite, infelizmente, certas experiênias fundamentais para a vida. Eu sou paraibano, da cidade de Sousa, mas vivo hoje em Brasília.
Espero em breve fazer parte desse excelente debate de vocês.
Um abraço a todos!