Caro Chiquinho de Adelaide, porque este birra com os inquietos, não seria melhor parar de se preocupar com a práxis deles, não espere que eles contratem orquestras e ao som de trombetas anunciem as suas obras, aliás, essa atitude não é uma atitude de cristão verdadeiro.
Corrigindo a matéria DIOCESE DE PATOS ABRE ANO JUBILAR, a caminhada encerrou em frente ao colègio Cristo Rei e não na Igreja Catedral, como está na matéria.
Bastante inteligente a forma como vocês lidam com os fatos cotidianos da vida, ora satirizando os políticos, como ocorreu com o “Manual” do Prometeu, que se utilizou dos diálogos dos próprios senadores para construir um texto irreverente, solto e descontraído, ora rememorando fatos familiares e dando-lhes dimensão lírica. Continuem assim. A versatilidade parece ser a marca desse grupo. Caso alguém reprove o estilo de vocês, não façam como Collor (“estas são palavras que não aceito sobre mim e minhas relações políticas. São palavras que eu quero que o senhor as engula e as digira como achar conveniente”). As críticas são sempre bem vindas quando visam aprimorar nossa maneira de ser. Felicitações a todo o grupo dos inquietos.
Caro Chiquinho, seja bem vindo. É muito tê-lo de volta. Que os “Chiquinhos” e “Chicões” da vida (algum parentesco entre vocês?) nos apontem o caminho certo a seguir.
Olá queridos amigos inquietos. Andei muito sumido por estas bandas... Não tanto quanto o Nicodemos que das duas, uma: partiu para os braços do Pai ou mudou de pseudônimo. Marco com toda a certeza a segunda opção. Mas, vamos à prática (ou práxis? Esse Sinézio me deixa meio tonto!): Tenho como sempre acompanhado as postagens aqui no nosso valioso mural. Passamos por uma leve turbulência, mas seguimos muito bem. Os inquietos continuam com o intelecto extremamente turbinado, mas a práxis... Não sei se anda tão bem. Chegamos ao ponto do nobre Prometeu Acorrentado afirmar que “tomar as dores do povo brasileiro” ao lançar o seu manual, seja uma atitude concreta. Será? Como Chicão filho de Zesão, tenho minhas dúvidas. De manuais e altíssimos intelectos, as nossas câmaras, prefeituras congresso, senado e demais setores burocráticos e corruptos estão infestados. Quero ver a prática (ou práxis)!
Querido Prometeu, não me leve a mal. Do fundo do meu coração te afirmo o quanto são importantes as tuas postagens e dos outros inquietos. Aprendemos muito com as mesmas e acho fundamental que continuem. Mas, que tal absorvermos a indignação do Chicão, recheada com a sábia humildade de Sofia – que se acredita Maria? Afinal de contas, que me recorde, os inquietos eram dois: Nicodemos e Sinézio, que finalizavam suas postagens com o chamado: Inquietos, uni-vos. Acredito que já passamos dos dois dígitos... O número de inquietos está crescendo! E nossas atitudes, também estão no mesmo caminho? Outro dia ouvi o Padre Francisco falar que para participarmos da Eucaristia, temos que incluir os ensinamentos de Jesus no nosso cotidiano. De nada adianta estarmos na Igreja no domingo, todo arrumadinho, sorridente e às vezes sonolento e, ao colocarmos os pés na calçada, mudarmos de atitude e não nos lembrar nem um pouco do banquete que tivemos. Pelo jeito, tudo lembra a práxis!
Mas, voltando ao manual que o Prometeu Acorrentado lançou, me lembrei da letra do samba “Comunidade Carente” de Zeca Pagodinho que diz o seguinte:
Eu moro numa comunidade carente
Lá ninguém liga prá gente
Nós vivemos muito mal
Mas esse ano nós estamos reunidos
Se algum candidato atrevido
For fazer promessas vai levar um pau.
Vai levar um pau prá deixar de caô
E ser mais solidário
Nós somos carentes, não somos otários
Prá ouvir blá, blá, blá em cada eleição.
Nós já preparamos vara de marmelo e arame farpado
cipó-camarão para dar no safado que for pedir voto na jurisdição
É que a galera já não tem mais saco prá aturar pilantra
Estamos com eles até a garganta
aguarde prá ver a nossa reação.
Retirando a parte que fala em “levar um pau”, acho que tem tudo a ver com a nossa realidade. E aí, vamos à práxis?
Um forte abraço a todos.
Ei-la, finalmente, por suas próprias palavras.
Maria por Maria. Ou Sofia?
Que importa o nome. Importa amá-la.
Caros irmãos inquietos, desisti de procurar explicção para tanta sabedoria exposta nos textos escritos por vocês, é um privilégios de poucos, não estou entre estes poucos, lamento! Mas andei pensando estes dias, talvez não seja a única que tenha esta angustiante lamentação. Sendo assim, não irei mais me privar de expressar meus pensamentos, por não ter profundo conhecimento e sábias palavras, quantas vezes precisei de ajuda para entender os textos, estes acompanhados por palavras extravagantes. Tanta sabedoria, é pena que nem todos conseguem decifrar. Mas atrevo-me a falar um pouco de mim que apesar de ter sido batizada com o nome de Sofia, não possuo tal sabedoria e estou mais para Maria. Não a menina breijeira de lábios voluptuosos como descreveu o meu amigo \"Flertando com Sofia\", me reconheço mais na Maria sertaneja, criada por pais analfabetos, que pouco privilégios tiveram e poderam dar para os filhos. Sou a mais velha de doze irmãos e única mulher, isso explica por que sou tão prendada. Por ser a mais velha, sempre tive muitas obrigações, casa, irmãos para cuidar, do último, na verdade fui sempre mais mãe. Nunca cuidei do roçado, mas caros irmãos tenho mãos e pés calejados da vida sofrida que tive. Se tive tempo para o amor? claro que sim, amei todos os que passaram na minha vida e ainda tenho força para amar os que virão. Cuidei sempre de todos e pouco de mim, se me arrependo? confesso amigos, nem um pouco, pois o bem que faço aos outros, faz um bem danado a mim.
Admiro a sabedoria de vocês e irei acompanhar os seus textos, e sempre que tiver algo a dizer vou escrever também, mas amigos inquietos, não esperem muito de mim pois, mesmo tendo o nome de Sofia, na verdade meus amigos, pareço mais com MARIA.
Amigo Prometeu Acorrentado, conheço de perto suas indagações, pois na qualidade de Teólogo, tenho os mesmos questionamentos e depois de muita reflexão, compartilho contigo algumas descobertas que hoje conduzem minha caminhada neste sertão seco e cheio de carência de Deus e seus designios.
1. A teologia autêntica é aquela feita no meio do povo, com o povo e para o povo. Nunca aquela criada nos birôs, por pensadores distantes da realidade.
2. Os primeiros cristãos, seguidores da religião do Caminho estavam enraizados nas comunidades de base, partilhando sua fé e compartilhando o seu viver (sofrimento, esperança, dores, vitórias).
3. O teológo não escreve teologia, ele faz teologia no meio dos irmãos e irmãs.
4. Esta experiencia as comunidades eclesias de base vivenciaram nas ultimas três décadas, porém, o catolicismo tradicional \"tentou\" engolir as nossas CEBs.
5.Comunicar Deus com um exemplo, com seu testemunho e com seu modus vivendi é a melhor maneira de religar laços rompidos com Deus e com os irmãos.
6. Toda Teologia deve ser verdadeira, autêntica e capaz de exprimir o que Deus quer dos seus filhos.
Reflita. Até a próxima.
Por uma teologia semiárida
Meus irmãos, fico imaginando se nós, leigos, somos de fato capazes de fazer teologia autêntica, teologia com jeito matuto, nascida nas terras baixas da depressão sertaneja, ao pé da Serra do Teixeira, uma teologia capaz de levar confiança para o povo das espinharas; que, mesmo salobra feito água de pote, seja capaz de matar a sede de Deus de muita gente; que anime a comunidade para celebrar com ânimo e despojamento os mistérios divinos; que valorize os elementos corriqueiros da vida; uma teologia corajosa e ao mesmo tempo suave feito o orvalho trazido pelo vento frio que desce do Teixeira todas as noites; uma teologia capaz de comunicar Deus ao mundo e de re-ligar os laços afetivos perdidos, de refazer a integralidade do homem partido; uma teologia revelada aos nossos ouvidos “ao som do chocalho e do cantar da passarada”.
Não sei se isso é possível realizar a curto prazo.
Mas fica lançada a proposta. Quem se arrisca?
“A gente morre é para provar que viveu. As pessoas não morrem; ficam encantadas.” (Graciliano Ramos)
Ontem, dia 2 de agosto, fez 20 anos da “triste partida” de Luiz Gonzaga Nascimento, o Gonzagão. Em todo o país, nomes consagrados da cultura nacional homenagearam o velho Lula, com shows, exposição, mostra de vídeos e até missa sertaneja. Em Patos, artistas locais, como Aércio Flávio e Zé Nilton do Acordeom, realizaram um show em tributo ao Rei do Baião. Um grupo de meninos tocando flautas doces, sob a regência de Joaquim do Clarinete, encantaram os presentes com músicas do homenageado. O evento aconteceu em frente à Igreja de Nossa Senhora de Fátima, no bairro Belo Horizonte.
Ò que saudade de Lula!
Gonzagão nasceu no dia 13 de dezembro de 1912, na fazenda Caiçara, em Exu, cidade situada na microrregião de Araripina, Pernambuco. Foi o segundo de nove filhos do casal Januário José dos Santos (o velho Januário tocador de oito baixos) e Ana Batista de Jesus (Santana). Gravou seu primeiro disco em 1945. Ao longo da carreira, recebeu dois discos de ouro e um de platina, além de prêmios importantes, como o Shell de Música, em 1984, e o Nipper de Ouro, em 1985, pelo conjunto de sua obra. Em 1980, cantou para o Papa João Paulo II, em Fortaleza, quando da primeira visita do pontífice ao Brasil. Gravou sucessos em parceria com grandes nomes da música nacional, como Maria Betania, Gal Costa, Fagner e outros. Morreu em 1989, no Recife, aos 76 anos.
Minhas primeiras lembranças como “ouvinte” de Luiz Gonzaga remontam à década de 70, finalzinho já. Meu pai tinha um vitrola portátil Philips amarela, onde minha mãe tocava os antigos sucessos em vinil do cantor. Uma música, em particular, marcou a vida dos dois. Pense n\'eu. Lembram dessa? Algo assim: “Pense n\'eu quando em vez coração. Pense n\'eu vez em quando. Onde estou, como estarei. Se sorrindo ou se chorando. Se sorrindo ou se chorando. Pense n\'eu... vez em quando” Meados dos anos 80, 1984, por aí. A composição é de Gonzaguinha. Lembro muito bem do álbum: capa azul, com a foto de Gonzagão no centro, riso aberto, vestindo gibão e chapéu de couro estilizado. No canto superior esquerdo, o nome Luiz Gonzaga em letras coloridas e o título do álbum “Danado de bom”. Acho que ainda hoje eles guardam esse disco.
Também recordo de cenas do cotidiano dos meus avós maternos, na rua Professor José Araújo. O antigo pé de mata-fome (acácia) em frente de casa, sob o qual meu avô costumava sentar, à tardinha, para ouvir cantorias e canções sertanejas. Entre elas, “Ave Maria sertaneja”, composição de Julio Ricardo e O. de Oliveira, magistralmente interpretada por Gonzagão. Ainda moleque, lembro que eu sentava aos pés de Seu Vicente, meu avó, para ouvi-lo “rezar” essa canção. Vento frio da tarde, poeira nos olhos, noite surgindo.
Mas apesar de todas essas lembranças familiares, a admiração pelo artista Luiz Gonzaga surgiu muito mais tarde, aos 17 ou 18 anos, quando as letras e melodias nordestinas do mestre foram tomando feições verdadeiramente artísticas em minha mente. Hoje, guardo em casa dezenas de CDs com músicas dele, organizados cuidadosamente na estante, entre livros e porta-retratos.
No dia da “triste partida” do meu avô, em 1985, lembro que sentei no velho banco de madeira debaixo do pé de acácia, olhos fixos no chão, tentando reacender as imagens do velho Vicente, sentado naquele lugar, assoviando canções nordestinas ou reboando “aboios” de vaqueiro para deleite dos poucos moradores da vizinhança. Lembro que tentei forçar o choro durante o velório. Nada. Meu avô morreu aos 72 anos, na madruga de uma sexta-feira fria de fevereiro. Choveu a cântaros na noite anterior. Pela manhã, o sol saiu acanhado para banhar mais uma vez o velho pé de mata-fome. Como disse, não chorei nesse dia. Fiquei sentado em silêncio, no assento de madeira, lembrando da velha oração mariana do sertanejo...