Querido Apóstolo,
Que tal você mesmo começar a apresentar neste espaço o que você pensa das questões propostas por você mesmo?
A partir de você os inquietos - como você - discutiremos tais assuntos.
Melhoranças!!
Fui questionado sobre o Celibato de Padres, mesmo sem ser celibatário, transcrevo algo sobre o assunto.
A questão que você nos propõe é de extrema importância, isto porquê muitos são os que hoje questionam a necessidade e o valor do celibato sacerdotal. Com efeito, numa sociedade tão secularizada como a nossa, hedonista ao extremo, para a qual a sexualidade é tão-somente um conjunto de impulsos biológicos, sem mais, não é surpresa a incompreensão ao dom do celibato sacerdotal. Daí a pertinência de sua questão, que nos dá a possibilidade de defendermos este dom concedido à Igreja contra seus inimigos.
O que você diz a respeito do celibato sacerdotal, sobre ter sido inventado pela Igreja para que os padres não possuíssem herdeiros e acumulassem sempre mais riquezas, é uma “lenda” propagada em meios protestantes e modernistas.
Ora, se isto é verdade, então São Paulo deve ser acusado desta manobra maquiavélica, visto que ele mesmo recomendou: “A respeito das pessoas virgens [...] dou o meu conselho, como homem que recebeu da misericórdia do Senhor a graça de ser digno de confiança. Julgo, pois, em razão das dificuldades presentes, ser conveniente ao homem ficar assim como é. Estás casado? Não procures desligar-te. Não estás casado? Não procures mulher” (I Coríntios 7,25-27). O que dirão, diante desta recomendação de São Paulo ao celibato, aqueles que dizem que a Igreja inventou este dom para segurar seus bens materiais? Ao contrário, São Paulo explica que é melhor ao sacerdote permanecer sem mulher alguma (como ele mesmo fez), para que possa preocupar-se tão-somente com sua comunidade, e dedicar-se a ela com mais vigor. O sacerdote que fosse casado teria de se preocupar com sua família, além da comunidade que lhe foi confiada e da qual ele é pai (porque é isso que o padre é: pai daquelas almas que lhe foram confiadas por Deus). Isto exigiria esforço em demasia, e poderia danificar a atenção devida a uma e a outra. Por isso são Paulo recomenda o celibato ao ministro sagrado: “Quisera ver-vos livres de toda preocupação. O solteiro cuida das coisas que são do Senhor, e como agradar ao Senhor. O casado preocupa-se com as coisas do mundo, procurando agradar à sua esposa” (I Coríntios 7,32-33).
O celibato sacerdotal sempre existiu na Igreja, desde os primeiros séculos. São Paulo, por exemplo, era celibatário. Mais tarde, como muitos quisessem negar a eficácia do precioso dom do celibato sacerdotal (eram os chamados “nicolaítas”), a Igreja passou a exigir de todos os sacerdotes de Rito Latino o celibato sacerdotal. Isto foi no século XI, no Pontificado de São Gregório VII, um dos maiores e mais paradigmáticos Papas da História da Igreja, a quem muito devemos até hoje. Este grande Papa muito combateu aqueles nicolaítas que questionavam o celibato sacerdotal.
O celibato sacerdotal é, antes de mais nada, um dom. Um dom precioso, concedido por Deus a Sua Santa Igreja. Somente à luz do exemplo de Cristo é que se pode entender o celibato sacerdotal. Ora, Cristo é o Sumo Sacerdote (Hebreus 4,14) e exemplo máximo para todo ministro sagrado. E Ele, Cristo, optou por uma vida de celibatário; e não só optou, como recomendou-a aos seus: “Há eunucos que o são desde o ventre de suas mães, há eunucos tornados tais pelas mãos dos homens e há eunucos que a si mesmos se fizeram eunucos por amor do Reino dos céus. Quem puder compreender, compreenda” (João 19,12). O sacerdote se insere neste último grupo de eunucos: é por amor ao Reino dos Céus que ele opta pela renúncia ao exercício de sua sexualidade, para que assim possa estar mais livre e mais despreocupado, de tal maneira que mais eficazmente desempenhará sua função de ministro sagrado. E Nosso senhor Jesus Cristo sabia que muitos se oporiam a isto (como os protestantes e modernistas), tanto que antes mesmo dissera: “Nem todos são capazes de compreender o sentido destas palavras, mas somente aqueles a quem foi dado” (Mateus 19,11). Como não ver aí aqueles que se opõe ao celibato?
Olhe este texto do Evangelho e o texto de São Paulo sobre o celibato dos sacerdotes e se pergunte se também o Santo Apóstolo e até mesmo Nosso Senhor tinham intenções maquiavélicas de proteção de bens materiais ao recomendarem o celibato aos ministros sagrados. Porque toda a base da doutrina da Igreja sobre o celibato sacerdotal está em São Paulo e em Nosso Senhor Jesus Cristo; e se ela (como muitos outros) diz que a Igreja tinha tão-somente uma intenção materialista (e mesmo maquiavélica) ao instituir o celibato sacerdotal, então devem acusar a Cristo e ao Apóstolo por isso, pois eles foram os primeiros a recomendá-lo!
Muitos poderiam objetar que o celibato sacerdotal não foi exigido por Cristo obrigatoriamente a seus Apóstolos; logo, não seria legítimo a Igreja o exigir. A isto responde o Prof. Paolo Scarafoni, na Teleconferência organizada pela Congregação para o Clero, a 28 de abril de 2006, sob o título O celibato e a paternidade do sacerdote:
“Têm-se formulado algumas objeções a respeito da conveniência da virgindade consagrada para os sacerdotes. A primeira é de que no Novo Testamento ela não aparece como indispensável para ser-se sacerdote. E, efetivamente, pode-se constatar nos escritos dos Apóstolos que no início não se exigia a virgindade para ascender ao sacerdócio. A esta objeção se responde que o modelo deixado por Cristo, sumo sacerdote, é de virgindade, e que o chamado à imitação do estado de vida do Senhor, pelos ministros sagrados, é bem claro no Evangelho e nos escritos dos Apóstolos. Quando Cristo fala da alta vocação ao matrimônio e propõe um elevado ideal de fidelidade e indissolubilidade, apresenta também o chamado ainda mais sublime à virgindade para alguns homens (Mateus 19,1-12). Sendo Ele mesmo o modelo de tal condição e Aquele que pode conceder a graça de compreender a eleição divina para semelhante modo de vida, fica implícita a indicação e o convite àqueles que escolheu para O acompanharem e compartilharem sua missão, isto é, aos Apóstolos e sacerdotes. A Igreja sempre interpretou desta forma as palavras de Cristo. [...] A virgindade consagrada pelo Reino dos Céus é um forte apelo ao mundo hedonista e secularizado para crer em Deus e na vida eterna” (Apud Revista Arautos do Evangelho, nº 56, Agosto de 2006, pp. 33-34).
Há também os que, contra o celibato clerical, objetam que a Igreja Católica de Rito Oriental (não se confunda com a Igreja Ortodoxa Grega ou outras Igrejas do Oriente que não estão em comunhão com a Sé de Pedro; falamos aqui da Igreja Católica mesmo, mas a de Rito Oriental, e não o Rito Latino) não exige obrigatoriamente de seus sacerdotes o celibato clerical, como o faz a Igreja de Rito Latino. Ora, a posição da Igreja de Rito Oriental a respeito não está em contradição com a posição da Igreja de Rito Latino, conforme indicou o Cardeal Darío Castrillón Hoyos na mesma supracitada Conferência:
“Nas conferências pôde-se também responder ao quesito: ‘Mas a disciplina das Igrejas Orientais não contradiz a posição da Igreja Latina sobre o celibato sacerdotal?’ Repetiu-se que não existe nenhuma contradição, como explica o Diretório para o Ministério e a Vida dos Presbíteros, de 31 de janeiro de 1994: ‘A disciplina das Igrejas Orientais que admitem o sacerdócio para os casados, não se contrapõe à da Igreja Latina. Com efeito, as próprias Igrejas Orientais exigem o celibato aos Bispos. Além disso, não autorizam o casamento de sacerdotes e não permitem novas núpcias aos que ficam viúvos’ (n.60). No Oriente, como no Ocidente, nunca se permitiu a um sacerdote contrair matrimônio, e só os sacerdotes celibatários podem ascender ao Episcopado. E isso é sempre uma opção de liberdade e de aceitação jubilosa de uma vocação específica de amor a Deus e ao próximo, e não fruto de um espiritualismo desumano ou de um desprezo da sexualidade e do matrimônio, de parte dos candidatos ao sacerdócio” (Apud idem, p.35).
Nestes nossos tempos, onde não são raros as objeções e ataques ao celibato sacerdotal, os Pontífices dignaram-se sempre a combater tais objeções e a defender o vigor e a eficácia do celibato. Fizeram-no, por exemplo, os Servos de Deus Pio XII, Paulo VI e João Paulo II, em três documentos, especialmente: a Encíclica Sacra Virginitas, a Encíclica Sacerdotalis Caelibatus, e a Exortação Apostólica Pastoris Dabo Vobis, respectivamente.
Citaremos a seguir alguns trechos importantes e belos destes documentos, pois não há melhor forma de aprender algo do que escutar a voz do próprio Deus na terra, falando por meio de seus representante, o Vigário de Cristo e Sucessor de Pedro, o Papa.
Pois bem, na Encíclica Sacra Virginitas, Pio XII ensina:
“A sagrada virgindade e a perfeita castidade consagrada ao serviço de Deus contam-se sem dúvida entre os mais preciosos tesouros deixados como herança à Igreja pelo seu Fundador. Por isso, os santos padres observam que a virgindade perpétua é um bem excelso nascido da religião cristã. [...] De fato, desde os tempos apostólicos viceja e floresce esta virtude no jardim da Igreja” (nn.1-3).
“Mas há ainda outra razão para abraçarem o estado de virgindade todos os que se querem dedicar completamente a Deus e à salvação do próximo. Os santos padres enumeram todas as vantagens, para o progresso na vida espiritual, de uma completa renúncia aos prazeres da carne. Sem dúvida - como eles claramente fizeram notar - tal prazer, legítimo no casamento, não é repreensível em si mesmo; pelo contrário, o uso casto do casamento está nobilitado e santificado por um sacramento. Todavia, tem de se reconhecer igualmente que as faculdades inferiores da natureza humana, em conseqüência da queda do nosso primeiro pai, resistem à reta razão e algumas vezes até levam o homem a cometer atos desonestos. Como escreve o Doutor Angélico, o uso do matrimônio ‘impede a alma de se entregar completamente ao divino serviço’. Para os ministros sagrados conseguirem essa liberdade espiritual de corpo e alma, e para não se embaraçarem com negócios terrenos, a Igreja latina exige-lhes que se obriguem voluntariamente à castidade perfeita” (nn. 20-21)
O Servo de Deus Paulo VI, na sua Encíclica Sacerdotalis Caelibatus, ensinou:
“É, portanto, o mistério da novidade de Cristo, de tudo o que Ele é e significa, é a soma dos mais altos ideais do evangelho e do reino, é uma manifestação particular da graça, que brota do mistério pascal do Redentor, e torna desejável e digna a escolha da virgindade por parte dos que foram chamados pelo Senhor Jesus, não só a participarem do seu ministério sacerdotal, mas a compartilharem com Ele o seu mesmo estado de vida” (n.23).
“‘Conquistado por Cristo Jesus’ (Filipenses 3,12) até ao abandono total de si mesmo a Ele, o sacerdote configura-se mais perfeitamente a Cristo, também no amor com que o eterno Sacerdote amou a Igreja seu Corpo, oferecendo-se inteiramente por ela, para a tornar Esposa sua, gloriosa, santa e imaculada (cf. Efésios 5,25-27). A virgindade consagrada dos sacerdotes manifesta, de fato, o amor virginal de Cristo para com a Igreja e a fecundidade virginal e sobrenatural desta união em que os filhos de Deus não são gerados pela carne e pelo sangue (João 1,13)” (n.26).
E o Santo Padre João Paulo II, na sua magistral Exortação Apostólica Pastoris Dabo Vobis, ensina:
“Na virgindade e no celibato, a castidade mantém o seu significado originário, o de uma sexualidade humana vivida como autêntica manifestação e precioso serviço ao amor de comunhão e de entrega interpessoal. Este mesmo significado subsiste plenamente na virgindade, que realiza, mesmo na renúncia ao matrimônio, o ‘significado nupcial’ do corpo mediante uma comunhão e uma entrega pessoal a Jesus Cristo e à Igreja, que prefiguram e antecipam a comunhão e entrega perfeita e definitiva do além [...]. A esta luz se podem compreender facilmente e apreciar melhor os motivos da opção multissecular que a Igreja do Ocidente tomou e manteve, não obstante todas as dificuldades e objeções surgidas ao longo dos séculos, de conferir a Ordem presbiteral apenas a homens que dêem provas de serem chamados por Deus ao dom da castidade no celibato absoluto e perpétuo. [...] É particularmente importante que o sacerdote compreenda a motivação teológica da lei eclesiástica do celibato. Enquanto lei, exprime a vontade da Igreja, antes mesmo que seja expressa a vontade do sujeito através da sua disponibilidade. Mas a vontade da Igreja encontra a sua motivação última na conexão que o celibato tem com a Ordenação sagrada, a qual configura o sacerdote a Cristo Jesus, Cabeça e Esposo da Igreja. Esta como Esposa de Cristo quer ser amada pelo sacerdote do modo total e exclusivo com que Jesus Cristo Cabeça e Esposo a amou. O celibato sacerdotal é, então, o dom de si em e com Cristo à sua Igreja e exprime o serviço do presbítero à Igreja no e com o Senhor. Para uma adequada vida espiritual do sacerdote, é preciso que o celibato seja considerado e vivido não como um elemento isolado ou puramente negativo, mas como um aspecto de orientação positiva, específica e característica do sacerdote: este, deixando pai e mãe, segue Jesus Bom Pastor, numa comunhão apostólica ao serviço do Povo de Deus. O celibato é, portanto, para ser acolhido por uma livre e amorosa decisão a renovar continuamente, como dom inestimável de Deus, como ‘estímulo da caridade pastoral’, como singular participação na paternidade de Deus e na fecundidade da Igreja, e como testemunho do Reino escatológico perante o mundo” (n.29).
Por fim, também o último Concílio Ecumênico, o II do Vaticano, asseverou a respeito:
“A santidade da Igreja é também especialmente favorecida pelos múltiplos conselhos que o Senhor propõe no Evangelho aos Seus discípulos. Entre eles sobressai o de, com o coração mais facilmente indiviso (cfr. 1 Coríntios 7, 32-34), se consagrarem só a Deus, na virgindade ou no celibato, dom da graça divina que o Pai concede a alguns (cfr. Mateus 19,11; 1 Coríntios 7,7). Esta continência perfeita, abraçada pelo reino dos céus, foi sempre tida em grande estima pela Igreja, como sinal e incentivo do amor e ainda como fonte privilegiada de fecundidade espiritual no mundo” (Const. Dogm. Lumen Gentium, n.42).
Creio já ter me estendido demais, caríssimo. Mas o fiz em virtude da importância desta temática, que hoje sofre tantos ataques e incompreensões.
Espero lhe ter ajudado a sanar suas dúvidas e fornecido munição suficiente para que também você defenda este grande dom concedido por Cristo à Sua Igreja, o celibato sacerdotal, daqueles que lhe são inimigos.
A você Amiga Fiel que me questionou, espero que a resposta esteja à altura do seu querstionamento, e, obrigado por nossa amizade e apreço!
Apóstolo Tomé, reflita um pouco sobre seu comentário inadequado!
Afora os casos comprovadamente biológicos e até hereditários, nem todos os deprimidos o são por esses motivos. A depressão seria, para muitas pessoas saudáveis, um problema filosófico, ético e estético, um cansaço de ser si mesmo, um cansaço de estar vivo. Não é uma hipótese de todo absurda que o fenômeno depressivo deva-se muitas vezes a frustrações existenciais mal assimiladas, como a de não conseguir comprar um carro, ter sido reprovado num exame, perder o emprego, perder os pais, perder a capacidade de fazer amigos, carregar culpas anos a fio etc.
A solidão, o desamor, a ignorância, a desconfiança, o medo, o ressentimento são poderosos causadores de depressão, \"doença\", nestes casos, que nenhum antidepressivo pode curar. Numa sociedade regida pelo individualismo de massa, em que todos se sentem coletivamente sozinhos, amontoados nos prédios, elevadores, ônibus, ruas e shoppings, nada mais lógico do que cair na depressão, deixar de ver a beleza da vida, cansar-se de si mesmo, da humanidade, de tudo.
Sem subestimar as razões estritamente físico-químicas que atuam sobre nossos corpos e almas, muitas das nossas patologias psíquicas nascem da pura insuficiência de humanidade. Do puro desinteresse por valores humanizadores. O remédio, aqui, não é químico, é metafísico. E literário.
A anedonia existencial, essa indiferença perante tudo, é um dos sintomas típicos da depressão. Nada desperta o prazer de viver para quem viver é um desprazer, nem mesmo os mais requintados convites do hedonismo consumista que orienta hoje a mentalidade ocidental. A propósito, o hedonista é um sério candidato à anedonia, uma vez que a busca obcecada, ávida e insaciável de prazeres acaba por insensibilizá-lo para os pequenos e saudáveis prazeres do dia-a-dia. O hedonista quer conquistar o mare magnum, em que, afinal, morre afogado. A expressão \"morrer de rir\" revela aqui o seu lado trágico.
A insônia e a hipersônia são outros dois sintomas do mesmo problema depressivo, e muitas vezes mal interpretados como simples ansiedade ou mera preguiça. Não conseguir dormir ou dormir demais denunciam uma só realidade. O sono, momento em que \"morremos\" parcialmente para \"ressuscitar\" no dia seguinte, torna-se problemático. Ou não aceitamos \"morrer\" ou, por outro lado, não queremos \"ressuscitar\". Uma e outra atitude se encontram na incapacidade de acolher o ritmo da vida. A noite perde seu caráter de repouso: não dormimos. O dia perde seu caráter de luta: ficamos dormindo.
A irritabilidade é outro desses sintomas depressivos que os médicos por vezes interpretam mal, atribuindo-lhe causas de ordem puramente orgânica. Aborrecimentos sistemáticos, mau humor crônico, reações de raiva desproporcionais, enfim, trata-se de um quadro de enfezamento que, estando certa a etimologia, remete a um acúmulo interno de matéria podre, de \"fezes espirituais\" que não foram naturalmente expelidas e provocam um estado de ânimo e, a longo prazo, de desânimo, sobretudo para a própria pessoa que não sabe eliminar de sua vida o que deve ser eliminado. Falta-lhe aquele discernimento para assimilar as proteínas e expulsar as toxinas, assimilar a sabedoria, os valores, os símbolos, e expulsar os desgostos, as decepções e os equívocos.
Estar deprimido é estar comprimido por uma visão desumana de si mesmo e dos outros. Faltam-nos reservas de liberdade e de criatividade para não apenas suportar a vida, mas recriá-la; não apenas suportar-nos a nós mesmos, mas superar-nos. Neste sentido, o grande Prozac da vida (mesmo que precisemos tomá-lo, sob receita médica) é o abrir-se para a vida mesma, no que ela tem de mais estimulante. O ser humano é, na sua constituição íntima, um excêntrico, um ser que se realiza quando foge do seu centro, na sua obsessão por ser si mesmo, e se projeta amorosa e inteligentemente para o mundo. O narcisismo poderia ajudar a entender alguns diagnósticos de supostas depressões.
A escritora Lígia Fagundes Teles disse certa vez, numa de suas entrevistas, que se no Brasil houvesse mais livrarias haveria menos farmácias. Esta hipérbole tem algo, ou muito, de verdade. No Brasil e no mundo, se incentivássemos mais a reflexão ética, a sensibilidade poética, a compreensão filosófica, talvez precisássemos menos de remédios. Talvez usufruíssemos de uma excelente saúde, digamos, anímica.
A leitura lenta (mas não sonolenta) dos melhores autores, dos verdadeiros líderes da humanidade (poetas e filósofos sobretudo), pode atuar como terapia existencial. Atua, sim, como poderoso antídoto para uma vida envenenada pelo tédio que, em tempos de crise econômica, se acentua, já que o dinheiro, queiramos ou não, adia o momento do encontro entre o comprador de bugigangas e a vida tal como ela é.
Sócrates, por exemplo, sempre foi um grande \"médico\" existencial, cujas palavras e atitudes, mesmo que \"fantasiadas\", ou, se preferirmos, \"teatralizadas\" por seu genial discípulo, Platão, curaram muitas mentes. A leitura de seus diálogos provoca lucidez, caminho de uma clarificação dos problemas decorrentes de estar vivo, e clarificação — o que é decisivo — das soluções criativas que estes problemas demandam. A morte — problema-raiz de todas as nossas angústias — recebe de Sócrates um tratamento inteligente, surpreendente, que, para muitos pós-cristãos já destituídos da esperança pós-túmulo, fascina, aproximando-os de uma compreensão realista e mística do destino humano. É mais do que comovedor, é terapêutico ouvir Sócrates dialogando com os que o condenam. Pois se os juízes arrogantes lhe dizem: \"Sócrates, você foi condenado à morte\", o réu, sereno, responde: \"Vocês também!\"
A ironia socrática não tinha por base o ódio ou o despeito. Nascia de uma visão realista do mundo. O bom-humor autêntico é a capacidade de transcender o lado angustiante dos problemas e ter uma ampla visão do jogo. Esta ironia não-amarga, não-agressiva, liberta. Liberta-nos da ânsia de vencer, da vontade sem freios de ter, do desejo absurdo de dominar. A única maneira de não perder a sanidade mental quando perdemos o controle das coisas, é sorrir, característica de quem pratica o fair-play existencial.
Mas para sorrir, superando o desespero, é preciso ser criativo.
O pensador espanhol Alfonso López Quintás tem escrito diversos livros e artigos sobre a crise cultural e espiritual do homem contemporâneo, e como é preciso ser criativo para superar essa crise. A solidão e o gregarismo, a rotina profissional esgotante e a sensação de inutilidade, a nostalgia de um passado \"melhor\" e o sonho de um futuro irrealizável, o descontrole emotivo e a apatia, a evasão pelas drogas ou pelo entretenimento vulgar são alguns dos elementos que, aos poucos, configuram um quadro de agitação inútil e fadiga insuportável. Somente uma vida criativa pode curar-nos (sem aspas!). Se falta a uma pessoa esse impulso criador, ela \"se entrega a cada una de las acciones que vienen exigidas por diversos momentos de la vida sin cuidarse de sobrevolarlas a fin de conferirles un sentido profundo\".[1]
Sobrevoar a si mesmo, poder ver-se do alto. O realismo não é a constatação crua e pessimista das coisas mas uma compreensão altaneira (jamais altiva) de quem somos e do que nos cerca.
Ler e entender uma obra literária, um grande ensaio filosófico, as páginas de um diário escritas com sangue, enfim, entrar em contato com a linguagem humana em sua clave mais lúcida eleva o nosso olhar. E é com essa visão distanciada que se enxergam os contornos, os limites, a profundidade e a espessura das coisas.
Ler um livro é uma metáfora para a leitura da vida. Quando Guimarães Rosa se referia aos \"analfabetos para as entrelinhas\" referia-se, sem dúvida, àqueles leitores cegos para o sentido profundo do texto, embora cientes do significado das palavras. Significado é aquilo que as palavras (e os fatos) representam dentro das convenções humanas. Sentido é aquela verdade que emerge e requer uma abertura intelectual inusitada, entusiasmante.
A poeta norte-americana Emily Dickinson no seu poema I`m Nobody! expressa de um modo ímpar a liberdade de ser:
Eu não sou Ninguém! E tu, quem és?
Tu és Ninguém Também?
Então formamos um par? Mas... cuidado!
Não fales, porque se souberem... Que estrago!
Como é chato ser Alguém!
Ser tão famoso como um Sapo
Que passa o mês de junho todo a coaxar seu próprio nome
Diante de um embasbacado Charco![2]
A compreensão realista de nada valeria se não fosse a linguagem certeira, irônica, humilde, simples e profunda. O significado das palavras \"ninguém\", \"alguém\", \"sapo\", \"charco\" são apenas um primeiro degrau que, para os que realmente sabem ler, leva a novos sentidos. Ser Alguém, aqui, é não ser ninguém. Ser Ninguém é ter consciência da real situação do ser humano neste Charco onde o Sapo \"canta\" seu nome com uma cega exaltação de si mesmo. A rima Frog-Bog é o momento maior do poema, relacionando som (desagradável) e sentido (inusitado). A reprodução sonora do coaxar do personagem tão importante, tão inchado, denuncia, com um sorriso compassivo, livre das depressões, a inglória soberba humana.
Estou escrevendo para parabenizar atitude da Igreja Católica em relação ao abaixo-assinado que está circulando nas paróquias pedindo as autoridades para intervirem no processo de tratamento do Jovem Leonardo.
Conheço toda a família do jovem e sei das dificuldades que eles estão enfrentando por não terem mais como manter um tratamento que realmente cure o rapaz.
A cidade de Patos tem várias pessoas com esse tipo de porblema, mas até agora nada das autoridades tomarem medidas para terem locais de recuperação aqui em nossa cidade.
Tenho visto vários jovens com problemas de dependencias de drogas das mais diversas e vejo muito pouco das autoridades diante disso.
A Tempo: Alexandre José, sua análise de conjuntura para as próximas eleições merece ser discutida, e aprofundada. Parabéns!
Onde estão os inquietos: Sinézio Melhorança, Nicodemos, Ben Sirac, Flertando com Sofia, Helena de Menelau, Renata e tandos outros?
Estão sem sugestão de debates?
Ou o cansaço vos dominou?
Cadê um tal de Argemiro, apresentado como teólogo? Por que não continuas escrevendo como fazer teologia no sertão nordestino (Patos)?
Apresento alguns temas para discussão:
1. Pode uma Igreja ser ministerial com Roma tão sereva como está?
2. Por que não temos em Patos (Diocese) uma escola teológica à altura dos inquietos?
3. Como ser cristão num mundo hedonista e desumano?
4. A estrutura católica é realmente advinda das origens ou sofreu influencia da história?
5. Levantem um debate sobre Análise de Conjuntura, postura pastoral de uns poucos padres e deem mais espaço aos leigos.
Até breve.
adorei esse site
gostaria de saber o site de nossa senhora da guia
eu gosto muito do evangelho explicado por padre Elias e padre Jerônimo eles saber passar para os fiéis...
Júnior, todos nós estaremos em MALTA do dia do SHOW DE ANJOS DE RESGATE.
Parabéns aos idealizadores do site, está muito melhor.
Convidados a todos para o SHOW DE ANJOS DE RESGATE dia 30 DE OUTUBRO EM MALTA/PB na CASA DE SHOWS KAKTOS, participação do MINISTÉRIO DE MÚSICA SACRÁRIO VIVO DE PATOS/PB.
Um show emocionante e inesquecível com uma das melhores bandas católicas do Brasil.
Grande Abraço!
Deus Abençõe!
Obrigado Jozivan, o que nos motiva a fazer o portal de nossa paróquia cada vez melhor é o carinho e atenção de vocês.