Homilia 3º Domingo da Quaresma

Homilia 3º Domingo da Quaresma

Êxodo 17,3-7 / Salmo 94(95) / Romanos 5,1-2.5-8 / João 4,5-42

Caros irmãos e irmãs, as leituras da Bíblia que acabamos de ouvir nos proporcionam uma reflexão muito bela e profunda sobre o encontro de Deus com seu povo. Trata-se de um encontro que se repete sempre, seja na Missa, na oração pessoal, na meditação da Escritura, quando praticamos a caridade e, sobretudo, nos nossos momentos de angústia, dor e carência. Quando nos aproximamos de Deus (dEle que sempre está tão perto) podemos vivenciar uma experiência consoladora e revigorante em nossa peregrinação nesta vida.

Na liturgia de hoje, vimos um povo com sede na primeira leitura e uma mulher também com sede no Santo Evangelho. É sede de água, de sobrevivência, de esperança, de socorro, de refrigério no calor causticante. Do outro lado vemos Deus, Nosso Senhor Jesus Cristo, também com sede de água, cansado de uma longa caminhada, exausto no “pingo do meio dia”. No entanto, a sede de Jesus é mais profunda, não será fácil saciá-la. Mesmo depois de toda sua vida pública, depois de todo o seu ministério, no final de sua vida terrestre, Jesus ainda vai repetir: “TENHO SEDE!”

Amado povo de Deus, neste nosso mundo tão arrogante e autossuficiente, Jesus se mostra necessitado, precisando de ajuda. Mesmo sendo Deus, Ele não tem vergonha de mendigar uma colaboração humana. Mas como Ele é a fonte da vida, sua sede, na verdade, é pretexto, é oportunidade para saciar a nossa sede. Aliás, a verdadeira sede de Cristo é da nossa conversão, sua fome é de fazer a vontade do Pai. Nosso Senhor mendiga a fé daquela samaritana, bem como a nossa fé hoje, porque deseja aumentar a nossa fé.

A água viva é o Amor de Deus, o Espírito Santo que Ele deseja derramar abundantemente, generosamente em nossos corações. Nem a situação matrimonial confusa daquela samaritana a impediu de beber do Cristo, bem como a nossa vida tão cheia de confusões e erros não deveria nos afastar do Cristo que se faz nossa comida e bebida, uma vez que seu Corpo e seu Sangue, como nos disse o Santo Papa Francisco, “não são um prêmio para os perfeitos, mas um alimento generoso e remédio para os pecadores”.

Querida assembleia, reunida em torno deste altar da misericórdia, quando Deus e o Homem se encontram verdadeiramente ambos ficam imensamente saciados. Por esta razão eu vos suplico: não se cansem de apresentar a Deus suas carências, suas necessidades todas. E, ao mesmo tempo, não tapem os ouvidos aos apelos de Deus. Sejam sensíveis às suas carências. Ele continua a nos pedir: “Dai-me de beber! Dai-me tua fé, teu coração. Tenho sede de ti, de tua companhia, de tua generosidade”. Deus, que de nada necessita, quis necessitar de nós, quis necessitar de ti, de tua amizade, de tua colaboração. Pense com carinho: no que podes ajudar a Deus? Como podes contribuir para que este mundo se torne um pouco mais semelhante ao projeto dEle. Ele jamais dispensará a tua ajuda!

Caros irmãos e irmãs, sejamos parceiros do Senhor, recebendo dele infinitas graças e concedendo-lhe generosos auxílios, sobretudo levando aos nossos irmãos, como fez aquela samaritana, um pouco desta água viva, tão “preciosa, humilde e casta”, como dizia São Francisco, que jorra para nós do lado aberto de Cristo e é capaz de saciar todas as nossas sedes.

Pe. Rodrigo Trindade - Diocese de Patos