Eclesiástico 15,16-21 / Salmo 118 / 1Coríntios 2,6-10 / Mateus 5,17-37
Caros irmãos e irmãs, diferentemente dos outros animais, que em suas vidas apenas seguem seus instintos, o ser humano precisa de leis para viver e, sobretudo, para conviver. As leis existem para organizar a vida e facilitar a resolução dos nossos problemas cotidianos. São elas que determinam e asseguram os direitos e deveres do ser humano e da comunidade humana.
As leis humanas são criadas a partir das experiências vividas por nós e das necessidades que se apresentam cada dia. São orientações que podem ser mudadas com o tempo, conforme novas necessidades. Nós aprendemos essas normas desde cedo, na educação caseira que recebemos de nossos pais. O Estado também nos ensina por meio da escola. Ao Estado e à Família se juntam muitos outros agentes (a mídia, os grupos sociais, os círculos de amizade) que criam e descartam tantas outras normas, influenciando na formação da nossa personalidade.
Um grande problema é que às vezes nós nos equivocamos e criamos leis que nos levam à grande decadência como o divórcio, o aborto, a pena de morte e a eutanásia. São Paulo hoje nos advertiu, na segunda leitura, que a sabedoria dos poderosos deste mundo só leva à destruição.
Irmãos e irmãs, além das leis que nós mesmos fazemos, existem as leis de Deus, o Criador e Dono da vida. Evidentemente que as suas leis são sempre perfeitas ao passo que as normas humanas são sempre duvidáveis. E a confusão, a mistura que muita gente faz entre as leis que vem de Deus e as leis que vem do homem provocam um verdadeiro desastre.
O Evangelho de hoje nos mostra Jesus esclarecendo as leis divinas, explicando seu sentido mais profundo, fazendo com que o cristianismo seja eticamente mais exigente que o judaísmo. Neste sentido, não basta não matar, é preciso buscar sempre a reconciliação e cessar até os “pequenos” insultos que muitas vezes levam a mortes. Também não é só o adultério e o divórcio que devem ser evitados, mas todo comportamento obsceno precisa ser rigorosamente cessado e toda pornografia deve ser cortada de tal forma que o ser humano aprenda a ser dono de sua mente e seu corpo. Por fim, Jesus afirma que não basta não jurar falso. Não se deve jurar de maneira alguma. Pra que jurar? Precisamos é reaprender a sermos homens e mulheres de palavra e de honra.
Querido povo de Deus, na escola de Jesus nós aprendemos a identificar o que é a vontade de Deus e o que são convenções e invenções nossas. Para isso, Deus nos dá SABEDORIA E LIBERDADE. E como é urgente aprendermos a ser sábios e livres.
Com a Sabedoria Deus nos concede a capacidade de identificarmos o Bem e o Mal no emaranhado de leis em que vivemos. Com a Liberdade Deus nos capacita para escolhermos o Bem, uma vez que escolher o Mal não é um ato de Sabedoria e não convém à Liberdade. O homem sábio e livre jamais escolhe o Mal, pois sabe que “tudo lhe é permitido, mas nem tudo lhe convém” (1Cor 6,12). Sabe que Deus “a ninguém deu licença para pecar” (Eclo 15,21). Portanto, ser sábio e livre é escolher sempre o Bem, é desobedecer às leis injustas dos homens e nunca desprezar a Lei de Deus.
Caros irmãos, a Sabedoria e a Liberdade, na verdade, têm um nome e um rosto: Jesus de Nazaré! Só com Ele nóspodemos atravessar com segurança e êxito o mar da vida. Por isso, deixemo-nos conduzir pelas orientações exigentes de Cristo. Confiemos ao dono da vida a direção da nossa vida. Na palma da mão do Senhor aprenderemos a viver a mais perfeita lei: o mandamento do amor. E, como dizia Santo Agostinho, “quem ama pode fazer o que quiser”, não pecará de modo algum!
Marcador: Tempo Comum A
Pe. Rodrigo Fernandes Trindade