Homilia de um Jovem Padre - Quinto Domingo do Tempo Cumum

Homilia de um Jovem Padre - Quinto Domingo do Tempo Cumum

Isaías 58,7-10 / Salmo 111(112) / 1Coríntios 2,1-5 / Mateus 5,13-16 

 

Irmãs e irmãos, vivendo em tempos de tanta violência, num mundo onde tantas pessoas se encontram tristes, angustiadas e abandonadas; convivendo com tantas pessoas sozinhas, apesar das inúmeras novidades no campo da comunicação, apesar de essas mesmas pessoas terem tantos amigos no facebook; mesmo em tempos onde a aquisição de casas e móveis são facilitadas pelo governo; apesar de tantas facilidades e meios diversos para o entretenimento, constatamos que estamos mergulhados numa multidão de vidas sem sabor, sem sentido, sem horizontes. Nunca se precisou tanto das habilidades psicológicas, psiquiátricas e psicanalistas. Nunca se vendeu tanto Clonazepam para equilibrar as ansiedades e medos. Neste início do Século XXI nos deparamos com pessoas cheias de possibilidades e, ao mesmo tempo, cheias de tantas e desagradáveis fragilidades.

 

Hoje Nosso Senhor nos convidou a sermos o sal da terra, isto é, a darmos sabor à vida insossa de tantos irmãos nossos. O cristão deve temperar o mundo com a alegria que recebe todos os dias de sua amizade com Jesus. O CRISTÃO GOSTA DE VIVER E DAR GOSTO AO VIVER. Um leigo, um padre, um coordenador de pastoral, um consagrado, um casal do ECC, um bispo, um catequista, um jovem do EJC, uma comadre do Apostolado, um homem do Terço, qualquer um desses, se não traz estampado em seu rosto a delícia e o encanto de ser discípulo de Jesus, se vivem insossos e trazem um azedume no seu falar e agir, estão profundamente equivocados na sua atividade pastoral e deveriam ser desautorizados a trabalhar como Igreja e ser encaminhados urgentemente a uma terapia do Evangelho e do autêntico Amor de Cristo. Se o sal perde o sabor, pergunta Jesus, com que salgaremos?

 

O Senhor também nos chama a ser a luz do mundo, a iluminar. E as leituras bíblicas de hoje são generosíssimas ao nos demonstrar como devemos promover esta iluminação. O nosso brilho não vem de joias ou roupas, mas das nossas ações, das nossas obras de caridade às quais o Papa Francisco não se cansa de sugerir e de dar o exemplo. A luz brilhará em nós se repartirmos nossos bens, se acolhermos os pobres, se abandonarmos hábitos autoritários (sobretudo quem exerce qualquer tipo de liderança), se deixarmos de lado a linguagem e a imagem maldosa e obscena que tanto repetimos nas falsas músicas e em trágicos programas de TV que, vergonhosamente, até os cristãos estão assistindo.

 

Caro povo santo de Deus, em se tratando de luz, uma outra coisa deve ficar bem clara: na verdade, a Luz do mundo (e da Igreja, da pastoral, da família, da comunidade) é Jesus Cristo! Não somos nós. Nós somos apenas o candeeiro, a lamparina, a luminária, o lampião. Carregamos a luz, não somos a luz. Como disse São Paulo na segunda leitura, “não julguemos saber alguma coisa a não ser Jesus Cristo”. Devemos ser como a lua: desprovida de luz própria, ela reflete a luz do sol. Nós somos a lua, Cristo é o Sol. Por isso é que Jesus afirma no Evangelho que, diante do brilho de nossas boas obras, ao Pai do Céu é que deve ser dada a glória e não a nós. Bendita e louvada seja a Luz, não a lamparina!!!

 

Meus irmãos, Jesus nos fala ainda que o candeeiro deve brilhar para os que estão na casa, na família, na sociedade, não no santuário! Há quem dispute lugar com a lâmpada do sacrário na sala do Santíssimo e pense que ter fé seja residir na Igreja. Ora, Jesus brilha por si mesmo no sacrário e está ali como fonte, nós precisamos é levar o seu brilho às escuridões tão profundas deste mundo!

 

Por fim, amados irmãos, gostaria de encerrar esta reflexão com uma frase de São João que bem poderia resumir a liturgia de hoje: “Quem afirma que está na luz, mas odeia o seu irmão, ainda está nas trevas. Quem ama o seu irmão permanece na luz. Ao contrário, quem odeia o seu irmão está nas trevas: caminha nas trevas e não sabe aonde vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos” (1Jo 2,9-11).

Pe. Rodrigo Fernandes Trindade

Vigário da Paroquial da Paróquia de Santo Antonio